Vários buracos da Capital acordaram com placas de protestos contra os buracos nas ruas de Campo Grande
Campo Grande, a capital de Mato Grosso do Sul, tem enfrentado há anos um problema crônico que parece longe de uma solução definitiva: o excesso de buracos nas ruas e avenidas. Sob a gestão de Adriane Lopes, o cenário não apenas persiste, mas parece ter se agravado, transformando o trânsito em uma aventura arriscada para motoristas, ciclistas e pedestres. Os buracos, que vão de pequenas fissuras a verdadeiras crateras, são mais do que um incômodo estético; eles representam um risco à segurança, causam prejuízos materiais e expõem uma falha estrutural na administração pública municipal. É impossível ignorar que a deterioração das vias reflete uma combinação de falta de planejamento, manutenção precária e respostas paliativas que não enfrentam a raiz do problema.
A chamada Operação Tapa-Buraco, amplamente divulgada como a solução para o caos viário, é um exemplo clássico de medida reativa que, na prática, pouco resolve. A iniciativa, que mobiliza equipes para cobrir buracos com massa asfáltica, deveria ser um paliativo emergencial enquanto soluções mais duradouras, como o recapeamento, fossem planejadas. No entanto, o que se vê é uma operação que, além de insuficiente, foi paralisada em momentos críticos. A suspensão dos trabalhos, seja por questões financeiras, logísticas ou climáticas, como chuvas intensas, apenas aprofundou o problema. Ruas como Afonso Pena, Mato Grosso e Gury Marques, que concentram grande fluxo de veículos, continuam marcadas por remendos malfeitos ou buracos que reaparecem semanas após o “conserto”. Essa interrupção da operação não é apenas uma falha operacional; é um símbolo de uma gestão que parece incapaz de priorizar a infraestrutura básica da cidade.
A paralisação da Operação Tapa-Buraco expõe uma verdade incômoda: o modelo adotado é insustentável. Tapar buracos sem investir na renovação do asfalto antigo, que em muitas vias já ultrapassou sua vida útil, é como enxugar gelo. As chuvas, que são frequentes em Campo Grande, agravam a situação, mas culpar exclusivamente o clima é uma desculpa conveniente que ignora décadas de negligência. Urbanistas apontam que a falta de um plano estratégico de manutenção preventiva, aliado a contratos questionáveis com empresas terceirizadas, resulta em serviços de baixa qualidade. Enquanto isso, os cidadãos arcam com os custos: pneus furados, suspensões danificadas e, em casos mais graves, acidentes causados por desvio de buracos.
O impacto vai além do individual. Nas periferias, como bairros Coophavila e Jardim Noroeste, a “buraqueira” reforça a sensação de abandono político. Enquanto vias centrais recebem atenção esporádica, regiões mais afastadas sofrem com a ausência de reparos, dificultando o acesso ao trabalho, à escola e a serviços essenciais. Essa desigualdade no trato da infraestrutura urbana escancara uma lógica de prioridades que privilegia a visibilidade em detrimento da equidade.
O que diz a gestão
Recentemente, a prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sisep), anunciou a retomada da Operação Tapa-Buraco com uma meta ambiciosa de reparar até 2 mil buracos por dia. A gestão reconhece que as chuvas intensas de 2025 contribuíram para o agravamento do problema, mas afirma estar comprometida em recuperar as vias, priorizando áreas de maior tráfego e risco.
Segundo a administração, equipes estão mobilizadas nas sete regiões da cidade, e a população pode colaborar denunciando pontos críticos pelo canal 156 ou pelo aplicativo Fala Campo Grande. Contudo, a falta de um cronograma claro para soluções de longo prazo, como o recapeamento em larga escala, e a ausência de transparência sobre os recursos destinados à infraestrutura deixam dúvidas sobre a eficácia dessas promessas.
A gestão Adriane Lopes precisa ir além de operações emergenciais e enfrentar o desafio com planejamento, investimento e fiscalização rigorosa. Os buracos nas ruas não são apenas falhas no asfalto; são rachaduras na confiança da população em uma administração que parece tropeçar nas próprias promessas.