A chegada da Arauco com US$ 4,6 bilhões marca o início de uma nova era econômica para Inocência
A inauguração da pedra fundamental da nova fábrica de celulose da Arauco em Inocência, Mato Grosso do Sul, realizada em 9 de abril de 2025, marca o início de um empreendimento que promete transformar a realidade financeira da região. Com um investimento de US$ 4,6 bilhões (aproximadamente R$ 25 bilhões), o Projeto Sucuriú não apenas posiciona a cidade como um polo industrial de relevância global, mas também injeta um impulso econômico significativo em uma localidade de apenas 8,4 mil habitantes, segundo o último dado do IBGE. Esse impacto financeiro se desdobra em diversas frentes, desde a geração de empregos até o fortalecimento da infraestrutura e da economia local.
Durante a fase de construção, a Arauco prevê a criação de até 14 mil empregos no pico das obras, um número que supera em mais de 150% a população atual de Inocência. Esse aumento populacional temporário deve aquecer setores como construção civil, comércio e serviços, elevando a demanda por moradia, alimentação e bens de consumo. Economistas apontam que esse fluxo de trabalhadores pode gerar uma receita adicional imediata para pequenos negócios locais, como restaurantes, mercados e prestadores de serviços, além de pressionar o mercado imobiliário, com possíveis aumentos no valor de aluguéis e terrenos. Após a conclusão, prevista para 2027, a fábrica deve manter cerca de 6 mil empregos permanentes, entre diretos e indiretos, garantindo uma renda estável que circulará na economia regional por décadas.
O impacto financeiro também se estende à arrecadação tributária. Com uma capacidade de produção de 3,5 milhões de toneladas de celulose por ano, a maior do mundo em uma única planta, a Arauco deve ampliar significativamente a base de arrecadação de impostos como o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) em Mato Grosso do Sul. Estima-se que a renúncia fiscal inicial, comum em incentivos para atração de grandes investimentos, será rapidamente compensada pelo volume de exportações e pela movimentação econômica gerada. Além disso, a geração de 400 megawatts de energia renovável, com 200 MW destinados ao mercado nacional, adiciona uma receita extra ao estado, equivalentemente suficiente para abastecer uma cidade de mais de 800 mil habitantes.
Para Inocência, o desafio será gerenciar esse crescimento vertiginoso sem comprometer sua infraestrutura. O governo estadual, em parceria com a Arauco, já planeja investimentos em acessos rodoviários, como a MS-377, e em projetos de habitação e serviços públicos para evitar gargalos, como os observados em Ribas do Rio Pardo após a chegada da Suzano. Se bem administrado, o impacto financeiro da fábrica pode transformar Inocência de uma pequena cidade rural em um exemplo de desenvolvimento sustentável, consolidando o “Vale da Celulose” como um motor econômico para Mato Grosso do Sul e o Brasil.