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Allyson Leguizamon

PT deve romper com Riedel e quer Fabio Trad como candidato ao Governo

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Diferente de seus irmãos, o ex-Deputado Federal Fabio Trad, sempre se posicionou contrário ao bolsonarismo.
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Na contra mão da direita do Estado que se mantém na linha auxiliar do ninho tucano, o Partido dos Trabalhadores deve organizar uma oposição contra o atual Governador depois de Julho

A possível filiação do ex-deputado federal Fábio Trad ao Partido dos Trabalhadores (PT) tem gerado especulações no cenário político de Mato Grosso do Sul, especialmente com vistas às eleições estaduais de 2026. Trad, que construiu sua trajetória política inicialmente no MDB e depois no PSD, é visto como uma figura de peso no estado, com experiência como advogado, professor universitário e três mandatos como deputado federal entre 2011 e 2023. Sua simpatia por pautas progressistas e um posicionamento mais alinhado à esquerda, conforme já declarado em entrevistas, podem facilitar essa transição para o PT, um partido que busca fortalecer sua presença em Mato Grosso do Sul após anos de influência limitada na política local.

Caso se confirme, a ida de Fábio Trad para o PT o colocaria como um provável adversário do atual governador Eduardo Riedel (PSDB) na disputa pelo governo estadual em 2026. Riedel, que venceu as eleições de 2022 com uma ampla coligação e apoio da máquina estadual, já sinaliza intenção de buscar a reeleição, embora sua permanência no PSDB seja incerta, dado o interesse de outros partidos, como o PSD de Gilberto Kassab e até o PL de Jair Bolsonaro, em sua filiação. Um embate entre Trad e Riedel seria emblemático: de um lado, Riedel representaria a continuidade de uma gestão alinhada ao agronegócio e a uma coalizão de centro-direita; de outro, Trad poderia encarnar uma alternativa progressista, respaldada pelo PT e possivelmente pelo governo federal de Luiz Inácio Lula da Silva, caso Lula esteja em seu segundo mandato até lá.

Embora não haja confirmação oficial até o momento, sua participação na equipe de transição de Lula em 2022 e sua postura crítica ao bolsonarismo durante a campanha presidencial indicam que ele já possui pontes sólidas com o atual governo. Isso também seria uma jogada do PT para atrair lideranças de centro com apelo local, ampliando sua base em um estado historicamente dominado por forças conservadoras.

O cenário, no entanto, ainda é incerto. Trad já afirmou que está avaliando se retorna à vida política ou se mantém focado em sua carreira como advogado, o que deixa margem para dúvidas sobre sua decisão final. Se Trad de fato ingressar no PT e encarar Riedel em 2026, a eleição no Mato Grosso do Sul promete ser uma disputa acirrada, refletindo tanto as dinâmicas locais quanto as tensões da política nacional.

O advogado e ex-Deputado federal vem sendo cotado para ser o candidato do PT contra Riedel.

Caso Trad

O irmão de Fábio Trad, o ex-prefeito de Campo Grande e atual vereador Marcos Trad (PDT) foi recentemente inocentado das denúncias de assédio sexual que pesavam contra ele, um desfecho que encerra um capítulo polêmico de sua trajetória política. As acusações surgiram em 2020, durante seu mandato como prefeito, quando uma ex-servidora da prefeitura o denunciou por supostos atos de assédio. O caso ganhou ampla repercussão na mídia e foi levado ao Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MP-MS), que, após investigação, arquivou as denúncias por falta de provas consistentes que sustentassem as alegações. A decisão foi recebida por Trad como uma vitória pessoal e política, com o vereador afirmando que sempre confiou na Justiça para esclarecer os fatos e que as acusações teriam sido motivadas por interesses políticos adversários.

As investigações, no entanto, levantaram especulações sobre possíveis conexões com o PSDB, partido liderado no estado por figuras como o ex-governador Reinaldo Azambuja e o atual governador Eduardo Riedel. Durante o período em que as denúncias contra Marcos Trad vieram à tona, Campo Grande e o Mato Grosso do Sul viviam um momento de intensa disputa política, com o PSDB consolidando sua hegemonia no estado. Trad, então prefeito pelo PSD, era uma liderança de peso em oposição ao grupo tucano, especialmente em um contexto em que Reinaldo Azambuja governava o estado (2015-2022) e buscava fortalecer sua influência na capital. A proximidade temporal entre as denúncias e os embates políticos levou alguns analistas e apoiadores de Trad a sugerirem que o caso poderia ter sido instrumentalizado para desgastá-lo, embora não haja evidências concretas que comprovem tal interferência do PSDB nas investigações.

Na época das denuncias os irmãos Trad sofreram duras críticas e viraram alvos de ataque. Para analistas essas denúncias custaram a eleição de Marcos e prejudicou a de Fabio Trad.

O MP-MS, responsável pelo arquivamento, conduziu o processo sem apontar qualquer envolvimento direto de Azambuja ou Riedel, que à época ainda era uma figura ascendente no governo estadual, assumindo o cargo de governador em 2023. As investigações se limitaram ao âmbito das acusações de assédio, sem que fossem encontrados indícios de uma articulação política mais ampla. Ainda assim, o episódio alimentou narrativas de bastidores sobre uma suposta tentativa de enfraquecer Trad em um momento em que ele representava uma alternativa ao domínio tucano no estado. Após deixar a prefeitura em 2020, Trad se elegeu vereador em 2024, mantendo-se como uma voz ativa na política local, agora respaldado pela decisão judicial que o isentou das acusações.

O PSDB de Azambuja e Riedel, por sua vez, segue como a principal força política em Mato Grosso do Sul, com Riedel governando o estado e o partido controlando a maioria das prefeituras. A relação entre Trad e os tucanos permanece marcada por rivalidades históricas, mas a inocência no caso de assédio reforça a posição do vereador para futuros embates políticos, como uma possível candidatura em 2026. Sem elementos que liguem diretamente o PSDB às denúncias, o caso parece se resolver como um capítulo isolado, embora continue a ecoar nas discussões sobre os jogos de poder no estado.