A discussão para a construção do Hospital Municipal de Campo Grande está sendo “realizada entre quatro paredes” pela prefeita Adriane Lopes (PP) e o projeto deveria ser revisto porque não despertou o interesse das empresas. A opinião é do vereador André Luís Soares Fonseca, o Professor André Luís (PRD), autor da ação popular para suspender a licitação, que deve ser vencida por uma empresa ré por desvios milionários na saúde e no SAMU.
Conforme a ata do pregão realizado na última sexta-feira (27), apenas duas empresas participaram da licitação. A construtora F C Brito Neres Engenharia e Serviços foi eliminada, apesar de ter apresentado a menor proposta, um desconto irrisório de R$ 5 mil.
A única habilitada foi a Health Brasil Inteligência em Saúde, que não propôs desconto de nenhum centavo e ficou com o contrato de R$ 1,2 bilhão ao propor cobrar aluguel mensal de R$ 5,142 milhões. A empresa é ré pelo desvio de R$ 2,028 milhões no SAMU de Campo Grande e de R$ 46 milhões na saúde estadual.
Ela ainda foi denunciada com base na Lei Anticorrupção por ter pagado propina para ficar outro contrato de R$ 36,9 milhões com a Secretaria Estadual de Saúde em 2022. A denúncia foi protocolada no dia 21 deste mês por três promotores do Patrimônio Público – Adriano Lobo Viana de Resende, Fábio Godfinger e Humberto Lapa Ferri.
O Professor André Luís, que não disputa a reeleição, a prefeita deveria ter sensibilidade para perceber que o modelo proposto, Built Suit (locação sob demanda), não atraiu interessados e fracassou. O parlamentar sugeriu que Adriane cancele o certame.
“A construção do hospital municipal não deveria ser programa de governo, principalmente de um governo que está acabando, faltam apenas três meses”, lamentou André Luís. Ele disse que a Capital tem déficit de mil leitos hospitalares. O projeto de Adriane, de 250 leitos, não vai atender a demanda nem acabar com a superlotação frequente dos corredores da Santa Casa, do Hospital Universitário e do Hospital Regional de Mato Grosso do Sul.
“A forma de discussão é inadequada, sendo feita entre quatro paredes”, criticou o vereador. Desde o início, a prefeita vem anunciando a construção do hospital, mas fez mistério sobre o local, os investimentos e sobre os interessados.
Oficialmente, a prefeita nem a secretária municipal de Saúde, Rosana Leite, divulgaram que apenas uma empresa, ainda ré por corrupção, acabou habilitada para construir o hospital e ganhar o contrato de R$ 1,2 bilhão por 20 anos.
Adriane vai repetindo a sina de Nelsinho Trad, de deixar a Capital com contratos bilionários e problemáticos, como do transporte coletivo (Consórcio Guaicurus), concessão do lixo (Solurb) e parquímetro (Flex Park).
O pedido para suspender a licitação tramita desde julho na 1ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos, comandada pelo juiz Ariovaldo Nantes Corrêa.