As visitas dos três às cidades de Campo Grande e Dourados são esperadas para a segunda quinzena de setembro
A campanha eleitoral nas duas principais cidades de Mato Grosso do Sul, Campo Grande e Dourados, deverá ser movimentada na segunda quinzena de setembro, com as prováveis visitas do ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL), da primeira-dama do Brasil, Rosângela Lula da Silva (PT), a Janja, e do presidente nacional do PP, senador Ciro Nogueira (Piauí).
Foi apurado que os três políticos devem vir ao Estado para pedir votos para seus respectivos candidatos a prefeito de Campo Grande – deputado federal Beto Pereira (PSDB), deputada federal Camila Jara (PT) e a prefeita Adriane Lopes (PP) – e de Dourados – ex-deputado estadual Marçal Filho (PSDB) e o prefeito Alan Guedes (PP).
Os dias das ilustres visitas ainda não foram definidos, mas já estariam certas as presenças deles na segunda quinzena de setembro, ou seja, na reta final da campanha eleitoral do primeiro turno, no caso de Campo Grande, e do turno único, no caso de Dourados.
No caso de Bolsonaro, o deputado federal Eduardo Nantes Bolsonaro (PL-RJ), o 03, por ser o terceiro filho do ex-presidente, poderá vir acompanhando o pai. A vinda deles descumpriria a segunda promessa feita à senadora Tereza Cristina (PP), de que, apesar de apoiar as candidaturas dos dois tucanos, não subiriam nos palanques de ambos.
A primeira promessa quebrada com a parlamentar foi o compromisso firmado com Bolsonaro de fazer uma aliança do PP com o PL em Campo Grande e Dourados, onde os progressistas têm como candidatos à reeleição os prefeitos Adriane Lopes e Alan Guedes.
Entretanto, o ex-presidente não cumpriu com o combinado e fechou uma coligação com o PSDB, do ex-governador Reinaldo Azambuja e do governador Eduardo Riedel, provocando o descontentamento de Tereza Cristina, que, por sua vez, chegou a se encontrar novamente com Bolsonaro e pediu a ele para não subir nos palanques dos tucanos nas duas maiores cidades do Estado.
Na época, a senadora chegou a revelar que teria dito ao ex-presidente que, se ele gostava tanto dela como afirmava publicamente, não viria a Campo Grande e a Dourados até o fim das eleições municipais, porém, pelo jeito, Bolsonaro vai “trair” novamente sua ex-ministra de Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
As vindas de Bolsonaro e do filho 03 a Campo Grande e a Dourados seriam uma estratégia do PSDB para “convencer” os bolsonaristas das duas cidades que não estão pretendendo votar em Beto Pereira e Marçal Filho por serem candidatos tucanos, partido considerado “de esquerda” pelos militantes da direita.
A cúpula do PSDB acredita que, com a presença, principalmente, do ex-presidente, pode convencer os bolsonaristas descontentes a mudar de ideia e votar nos candidatos tucanos, ajudando Beto Pereira a chegar no segundo turno em Campo Grande e Marçal Filho a ser eleito em Dourados, onde já lidera as pesquisas de intenções de votos divulgadas oficialmente.
Segundo fontes ouvidas pelo Correio do Estado, o PSDB projeta que a capacidade de mobilização de Bolsonaro na reta final da campanha eleitoral – no caso de Campo Grande, no fim do primeiro turno – poderá ser o combustível necessário para levar Beto, com folga, para o segundo turno. No caso de Marçal, poderá consolidar a vitória em Dourados.
JANJA
Já no caso de Janja, sua vinda a Mato Grosso do Sul será apenas a Campo Grande, uma estratégia da executiva nacional do PT para alavancar a campanha de Camila Jara.
“Nós vamos realizar um grande ato político com toda a militância petista, aqui, em Campo Grande, para recepcionar a nossa primeira-dama Janja. O PT nacional ainda está em dúvida sobre a data da visita, que pode ser no fim do mês de agosto ou na primeira quinzena de setembro”, adiantou a candidata.
No entanto, Camila Jara explicou que, como a data ainda não foi batida, não foi alinhada a programação do ato político, mas, segundo ela, será um evento grandioso para a população campo-grandense.
O presidente municipal do PT, Agamenon Rodrigues do Prado, comemorou a vinda de Janja a Campo Grande e classificou a presença dela em um ato político de Camila Jara como muito importante.
“A nossa primeira-dama é uma liderança política do PT em ascensão porque desempenha um papel de conselheira junto ao presidente Lula. Ela é extremamente política, é socióloga de formação e, nesses primeiros anos do governo Lula, já demonstrou sua força”, declarou Agamenon do Prado.
Ele acrescentou ainda que Janja tem uma grande influência entre as mulheres da esquerda brasileira e a presença dela em Campo Grande na campanha eleitoral de Camila Jara será um reforço político muito grande. “Vamos fazer uma grande festa para ela com as lideranças da Capital e de todo o Estado”, assegurou.
Janja trará para o palanque de Camila temas também abordados pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no plano nacional, como o combate à fome e às desigualdades.
Também estará no discurso da primeira-dama a importância do aumento da participação feminina na política e o enfrentamento à violência de gênero.
Dentro do PT, há preocupação também com ataques sofridos por Janja nas redes sociais e como isso terá reflexos na campanha.
O partido sabe que não será uma situação confortável, mas a escolha será da primeira-dama de ir aonde se sentir bem.
A ideia é que Janja reforce a presença junto às mulheres candidatas do PT. Na eleição de 2022, Janja foi uma das novidades da campanha de Lula e ganhou destaque participando ativamente do núcleo de decisões do grupo petista. Em eventos públicos, subia em palcos, discursava e cantava jingles do petista.
CIRO NOGUEIRA
A visita do senador Ciro Nogueira a Campo Grande será a segunda em pouco mais de um ano, já que, em junho de 2023, ele veio à Capital para o ato de filiação da prefeita Adriane Lopes ao PP.
Agora, ele vai retornar para pedir votos para Adriane Lopes e também para o prefeito de Dourados, Alan Guedes, que, a exemplo da correligionária, também não está tendo uma campanha eleitoral das mais simples.
Além disso, conforme apurou o Correio do Estado, o presidente nacional do PP também trará recursos do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC) para todos os candidatos do partido a vereador e a prefeito no Estado.
A reportagem apurou que ele trará mais de R$ 11 milhões do FEFC para turbinar as campanhas de todos os candidatos do partido. Da última vez em que esteve em Mato Grosso do Sul, Ciro Nogueira chegou a lançar o nome da senadora Tereza Cristina como pré-candidata a presidente da República da direita, em razão da inelegibilidade de Bolsonaro.
“Quem sabe não seja a hora de ter uma mulher de Mato Grosso do Sul disputando a Presidência. Falta de apoio não é”, discursou, na época, o senador, citando a colega Tereza Cristina.
A presença dele em Campo Grande e Dourados também é uma resposta a Bolsonaro por ter “traído” o PP e fechado aliança com o PSDB em Mato Grosso do Sul. Ciro Nogueira e Tereza Cristina foram ministros na gestão do ex-presidente da República.