A ministra do Meio Ambiente e das Mudanças Climáticas, Marina Silva, publicou um nota nas redes sociais, repudiando os ataques contra indígenas Guarani Kaiowá, em Douradina no sul do Estado na última sexta-feira (2). Na ocasião, os conflitos entre opovos originários e produtores rurais deixaram pelo menos oito pessoas feridas.
Na publicação divulgada hoje (6), Marina diz que os ataques são criminosos, que vai seguir acompanhando a situação no território sul-mato-grossense e que está alinhando estratégias junto a ministra dos Povos Indígenas do Brasil, Sônia Guajajara.
Ordem de despejo
A comunidade Guarani-Kaiowá da retomada Guaaroka em Douradina no sul do Estado, havia recebido aviso de despejo na última sexta-feira (02), uma semana após a liminar que estabelecia reintegração de posse à favor de produtores rurais das terras ocupadas.
Segundo o CMI (Conselho Indigenista Missionário), a situação de conflito na região foi intensificada depois de um casal armado e com uma camionete, entrar em duas retomadas da terra Indígena: Kurupa’yty e Pikyxyin, e ferir um indígena nesta quinta-feira (2).
Os suspeitos pelos ataques foram presos pela Guarda Nacional na mesma data. Conforme o Cimi, os indígenas receberam um prazo de até cinco dias para a saída da área sem o uso de força policial.
Guaaroka é uma das sete ‘retomadas de Douradina’, município onde está a terra indígena, ao lado da retomada Yvy Ajere, local onde segundo o Cimi, há concentração de pessoas armadas em um acampamento a poucos metros dos barracos Guarani e Kaiowá.
Suspensão de reintegração de posse
Nesta segunda-feira (5) o desembargador do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF3), Audrey Gasparini, suspendeu a reintegração de posse do Sítio José Dias Lima, ocupado por indígenas em Douradina, município localizado a 195 quilômetros de Campo Grande.
O documento, concedido pela 1ª Vara Federal de Dourados, determinava o despejo dos indígenas alocados na propriedade Panambi Lagoa Rica. O prazo de cinco dias para saída pacífica terminaria nesta terça-feira (6). Em razão disso, diversos conflitos entre indígenas X fazendeiros foram registrados na última semana em Mato Grosso do Sul.
A ministra dos Povos Indígena, Sônia Guajajara, está em Mato Grosso do Sul nesta terça-feira (6), para tentar mediar um diálogo e acalmar ambas as partes envolvidas. A agenda da ministra é fechada e está sob sigilo.
Nesta segunda-feira (5), o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) emitiu nota à imprensa sobre a escalada de violência e ataques a comunidades indígenas Guarani-Kaiowá em Mato Grosso do Sul.
Segundo o MDHC, o coordenador-geral do Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos, Comunicadores e Ambientalistas (PPDDH) chegou ao estado de Mato Grosso do Sul, neste domingo (4), para se juntar à equipe coordenada pelo Ministério dos Povos Indígenas na resposta do Governo Federal aos ataques.
“Desde julho, o Ministério dos Direitos Humanos atua em coordenação com o Ministério dos Povos Indígenas, com a Fundação dos Povos Indígenas (FUNAI), com o Ministério da Justiça e Segurança Pública e demais Órgãos na Sala de Situação instalada pelo Governo Federal, para prevenir e reprimir os ataques que as comunidades indígenas estão sofrendo nos estados do Rio Grande do Sul, Paraná e Mato Grosso do Sul. O MDHC segue em tratativas com o Ministério da Justiça e Segurança Pública para o aprimoramento do emprego da Força Nacional de Segurança Pública no controle de conflitos, proteção e defesa da vida de pessoas atingidas e respeito aos direitos humanos dos povos indígenas”, informou o MDHC por meio de nota.