Entre janeiro e maio, Mato Grosso do Sul contabilizou 84.599 internações hospitalares no SUS
Doenças respiratórias, enfermidades crônicas, traumas e acidentes são algumas das inúmeras condições que levam as pessoas a recorrer ao sistema público de saúde. Embora apresente falhas, o SUS (Sistema Único de Saúde) é referência mundial e essencial para a garantia e promoção da saúde pública. Neste ano, o SUS foi responsável por 84.599 internações hospitalares de diferentes especialidades em Mato Grosso do Sul.
Nesta segunda-feira (5), é celebrado o Dia Nacional da Saúde, data que reforça a importância da educação sanitária e de um estilo de vida mais saudável. A data também homenageia o médico e sanitarista Oswaldo Gonçalves Cruz, nascido em 5 de agosto de 1872. Por isso, foi apresentado um panorama das principais causas que levaram os sul-mato-grossenses aos hospitais públicos em 2024.
Mato Grosso do Sul contabiliza 84 mil internações em 2024
Os dados do DataSUS (Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde) mostram que, em todo o Estado, a maioria das internações corresponde a atendimentos de urgência, totalizando 68.529 casos. Em seguida, aparecem 16.067 internações decorrentes de atendimentos eletivos. No mesmo período do ano passado, o Estado registrou 86.888 internações, 2.289 registros a mais que em 2024.
Entre as principais causas que levaram os sul-mato-grossenses aos hospitais, destacam-se as internações por clínica médica (não especificada), com 30.305 casos. Esse tipo de internação ocorre quando o paciente permanece no hospital por pelo menos 24 horas, com o objetivo de realizar algum tratamento, exame ou procedimento.
A segunda maior causa de internações é a clínica cirúrgica (não especificada), com 29.250 casos. A clínica cirúrgica consiste na especialidade responsável pelo atendimento pré e pós-operatório, preparando os pacientes para a cirurgia e acompanhando-os após o procedimento.
As internações obstétricas também se destacam, com 12.747 registros. A internação obstétrica destina-se às gestantes que necessitam de cuidados hospitalares e às puérperas (mães que acabaram de ter seus bebês), que ficam sob os cuidados das equipes de obstetrícia do hospital.
Contudo, os dados do DataSUS não apresentam um panorama detalhado com as causas específicas das internações, o que impossibilita traçar uma análise mais precisa sobre os motivos que levam os pacientes aos hospitais.
Santa Casa lidera número de internações
Em Mato Grosso do Sul, o maior número de internações hospitalares ocorreu na Santa Casa de Campo Grande, com 14.603 registros de janeiro a maio deste ano. Em seguida, aparece o HRMS (Hospital Regional de Mato Grosso do Sul) com 7.459 registros, e o Humap (Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian) que registrou 4.319 internações.
Esses são os três principais hospitais do Estado. Ao todo, MS conta com 102 hospitais, 177 policlínicas e 610 unidades básicas de saúde distribuídas pelos 79 municípios do Estado. A maior parte desses estabelecimentos de saúde está localizada em Campo Grande, com 1.456.
Para entender as principais causas que levam os sul-mato-grossenses aos hospitais, foi solicitado informações a essas três instituições. No entanto, apenas o Humap-UFMS forneceu dados detalhados sobre as principais causas de internação.
Obstetrícia liderou atendimentos no Humap
Entre janeiro e julho de 2024, os atendimentos ginecológicos obstétricos lideraram as internações no Humap-UFMS, com 2.940 registros de caráter emergencial. Na sequência, aparecem 2.047 internações relacionadas à hemodiálise (insuficiência renal crônica), tratamento que remove líquidos e substâncias tóxicas do sangue, funcionando como um rim artificial.
As doenças associadas ao HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana), não especificadas, figuram como a terceira maior causa de internações, com 1.674 registros emergenciais, conforme especificado pelo HU.
Os dados de 2023 indicam que os atendimentos obstétricos também foram a principal causa de internações, com 5.225 registros. Em seguida, destacam-se as internações por hemodiálise (3.493), ginecologia obstétrica com supervisão de gravidez (3.439) e doenças ocasionadas pelo HIV (2.424).
Superlotações recorrentes
Em junho, pacientes que buscaram atendimento no HRMS (Hospital Regional de Mato Grosso do Sul) acabaram tendo que permanecer nos corredores antes de conseguir um leito para internação. Imagens registradas no local mostravam vários pacientes dormindo nos corredores do hospital, sem o conforto adequado que a situação de vulnerabilidade exige.
“Centenas de pacientes ficaram nos corredores, sem atendimento adequado. Está faltando até cadeiras para acompanhantes. Há pacientes internados dormindo sentados nas cadeiras. Se pedem lençóis para as macas, não há. Cobertores também estão em falta”, conforme uma paciente que passou pela mesma situação antes de ser liberada.
Além disso, não foi a primeira vez que pacientes e acompanhantes denunciam a falta de estrutura do HRMS. Mães com filhos internados na enfermaria pediátrica relataram a precariedade dos banheiros e quartos, com vazamentos, azulejos quebrados e fitas para vedar janelas.
Na ocasião, o HRMS alegou que opera diariamente com uma demanda superior à sua capacidade. “A superlotação é uma realidade em todos os hospitais públicos da cidade, resultante tanto da regulação municipal quanto da demanda espontânea. Os 362 leitos de internação e os 39 de observação do Pronto Atendimento Médico estão com 100% de ocupação.”
Problema crônico na Santa Casa
No início deste ano, a Santa Casa de Campo Grande enfrentou mais uma situação de superlotação. Na ocasião, o maior hospital de Mato Grosso do Sul emitiu uma nota informando sobre o cenário caótico em suas instalações. Com isso, novos pacientes permaneciam por mais de 12 horas nos corredores, aguardando uma vaga na enfermaria.
Em 2023, foi noticiado várias vezes em que a Santa Casa alegou estar em superlotação. A primeira delas, em abril, quando o hospital chegou a fechar as portas para novos pacientes.
A situação se agravou ao longo do mês de abril, devido a uma crise do sistema de saúde com a alta de casos de doenças respiratórias, especialmente em crianças. No fim de maio, a Santa Casa ainda enfrentava problemas e chegou a informar que estava acelerando a alta de pacientes do Pronto Socorro.
Contudo, passados cinco meses, em outubro de 2023, novamente houve superlotação no pronto-socorro da Santa Casa. Na época, foi noticiado que devido à falta de leitos, o hospital estava retendo macas dos Bombeiros.
Com a superlotação nos setores, a retenção de maca é uma consequência. Visto que, sem leitos disponíveis suficientes para atender à demanda, os pacientes precisam aguardar atendimento na maca.
Com a informação o Midia Max.