Em um tribunal verdejante, sob o teto esmeralda das copas das árvores, onde a luz do sol filtrada pelas folhas desenha arabescos no solo, acontece um julgamento um tanto quanto diferente. No banco dos réus, o progresso desenfreado, a ganância desmedida e a negligência com a mata. Do outro lado, a natureza, em sua serena majestade, defende seu direito à vida, à beleza e ao seu equilíbrio ambiental, da flora e da fauna nativa.
As testemunhas são convocadas:
o lago, que chora a cada peixinho morto, a cada árvore derrubada em suas margens; a mata, que sussurra segredos de uma rara biodiversidade em sua verde vastidão; os animais, que fogem assustados com a destruição de seus habitats. Capivaras, quatis, jacus… cada um, com sua voz única, entoa uma melancólica sinfonia de dor e esperança, pintando um triste retrato de uma ferida que alguns incautos vêm tentando abrir na sua paisagem.
Pronunciamento do promotor
O promotor, guardião da natureza, apresenta as provas: montes de lixo poluindo os mares, geleiras derretendo em ritmo alarmante, espécies desaparecendo a cada dia pelo mundo afora, incêndios transformando em cinzas árvores raras e centenárias em todos os continentes! A cada argumento, a dor se intensifica, a necessidade de uma ação eficaz para salvar o Parque se torna cada vez mais urgente.
O advogado de defesa
Do outro lado, o defensor do progresso tenta se justificar. Argumenta com números e gráficos, fala de desenvolvimento e crescimento econômico. Mas suas palavras soam vazias, sem eco, diante da realidade devastadora que se apresenta por todo o planeta e que querem de alguma forma impor ao “pedaço de Mata Atlântica” que existe na capital de Mato Grosso do Sul!
A análise do Meritíssimo
O juiz, sábio e imparcial, ouve com atenção todos os argumentos. Ele sabe que a verdadeira justiça não se encontra em leis escritas em folhas de papel, mas sim nas leis da natureza, esculpidas na terra, que fala através dos ventos e se espelha nas águas.
O veredito final
E finalmente, a sentença é proferida: a natureza vence! O Tribunal reconhece os direitos da Terra, concede ao Parque todos os Poderes que lhe pertencem. As folhas pautadas dos processos, símbolos da justiça humana, falham, já não podem continuar valendo mais do que as folhas plantadas pela natureza, símbolos da vida e da esperança.
A lição que fica do Processo
A partir deste dia, um novo capítulo se inicia. Os defensores do “verdicídio” finalmente percebem que foram derrotados e terão que começar uma caminhada de redenção, para não serem tachados perpetuamente como vilões destruidores do meio ambiente. Terão que aprender a viver em harmonia com a natureza e reconhecer a sua dependência dela.
O Tribunal da Natureza, que se instaurou em Mato Grosso do Sul, torna-se, então, um símbolo da justiça verdadeira em defesa do ecossistema e um lembrete constante de que o futuro do planeta depende de nossa mudança de atitude.