Os três ladrões que invadiram a casa do ex-governador Reinaldo Azambuja (PSDB) fazem parte de um grupo criminoso que roda o Brasil para furtar apartamentos de luxo. O alvo em Campo Grande foi escolhido por ser mais vulnerável, depois de uma pesquisa pelos prédios do Jardim dos Estados. Dentro do condomínio, a casa foi arrombada apenas com um chute.
Os detalhes do crime, que ocorreu no fim de semana, foram repassados nesta quarta-feira (12), pelo Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Bancos, Assaltos e Sequestros).
As equipes da delegacia especializada foram chamados assim que o crime foi descoberto e logo que se depararam com as características do furto, entenderam que os autores não eram de Mato Grosso do Sul.
“Desde o início já tínhamos a forte suspeita de que não se tratada de pessoas do estado, porque não é um crime corriqueiro em Mato Grosso do Sul”.
Delegado, Pedro Henrique
Com base nessas suspeitas, os policiais focaram nas câmeras de segurança da região. As imagens ajudaram a descobrir o trajeto dos suspeitos; do o momento que eles saíram do prédio, as quadras que andaram, até chegarem ao carro com que fugiram.
Depois de identificarem o veículo em que o trio estava, conseguiram rastrear os suspeitos até São Paulo, capital. Imediatamente as equipes avisaram a polícia paulista e foram para o estado.
Enquanto ainda estavam na estrada, os policiais paulistas fizeram a prisão dos três. Com eles, ainda foram encontrados alguns dos objetos levados da casa do ex-governador: algumas joias e relógios.
Antes mesmo de passarem por audiência de custódia, os três estavam com a prisão preventiva decretada pela justiça de Mato Grosso do Sul, pedido feito pelo Garras. Por isso, a justiça paulista apenas autorizou que eles fossem levados de volta para Campo Grande.
Quadrilha especializada
Segundo o delegado Roberto Guimarães, os três homens – que tem idade de 20 a 30 anos – fazem parte de uma quadrilha especializada que rodo o Brasil para cometer o mesmo crime: o furto de apartamentos de luxo. Um deles, inclusive já esteve preso pelo mesmo crime e ganhou a liberdade há poucos meses.
O crime já foi identificado em, pelo menos, cinco estados: Bahia, Pernambuco, Santa Catarina, São Paulo e Rio Grande do Sul.
Os bandidos revelaram que agiam sempre da mesma maneira: escolhiam os prédios de luxo pela internet, depois iam para a cidade, verificavam o “alvo” e se confirmassem que eram “fáceis” de invadir, se passavam por moradores ou parentes para ludibriar os porteiros e entrarem sem chamar atenção.
“Eles estavam sem bem-arrumados, com roupa de grife. São especialistas e sabe o que funciona, por isso entravam sem chamar atenção”.
Delegado, Pedro Henrique
Dentro do condomínio, iam para o último andar e voltavam até o térreo, até encontrar um apartamento habitado, mas sem moradores naquele momento.
“Vão até o último andar e tentam perceber o que me moradores, mas está vazio. É um jogo de tentativa e erro. Vão batendo de porta em porta”.
Delegado, Pedro Henrique
Foi assim que fizeram dentro do prédio do ex-governador; subiram pelas escadas até o último andar e bateram de porta em porta até acharam a porta certa. Primeiro tentaram arrombar com uma chave de fenda, como não conseguiram, chutaram até a maçaneta quebrar.
Depois de pegarem tudo de valor, colocam em uma bolsa da própria vítima e saem como se nada quisesse acontecido.
No caso do prédio de Azambuja, os próprios ladrões confirmaram que não era o primeiro alvo, mas o condomínio escolhido parecia ser mais difícil de entrar e por isso, foram para outro, bem próximo. “Fazem uma filtragem e tentam a sorte. Não focam nas vítimas, mas sim no prédio”, explicou o delegado Roberto Guimarães.
Os três já estão em um presídio de Campo Grande, a disposição da justiça.