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Para ONG, privatização do Rio Paraguai é “barca furada”

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Ao longo de 2023, quando o Rio Paraguai chegou a 4,24 metros, foram despachadas seis milhões de toneladas de minério
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Além de ser condenável do ponto de vista ambiental, Ecoa entende que a hidrovia é inviável economicamente por conta das mudanças climáticas e da concorrência com a Ferronorte

Além de ser contrário ao projeto de “privatização” da hidrovia do Rio Paraguai, Alcides Faria, diretor de uma das mais tradicionais ONGs ambientais do Estado, a Acoa, vê a concessão como uma espécie de “barca furada”, pois, segundo ele, será inviável economicamente.

     
 “O projeto da Hidrovia, em seu todo, considerando também o Tramo Norte, não se sustenta sequer economicamente,  pois tem a concorrência da Ferronorte, operada pela Rumo. Essa ferrovia é paralela ao rio Paraguai e atravessa toda a parte alta da sua bacia. A eficiência das ferrovias é maior devido ao fator tempo – mais curto para o transporte de cargas. A Ferronorte está em expansão rumo a Lucas do Rio Verde, em Mato Grosso, aumentado a possibilidade de atração de cargas que eventualmente se destinariam à hidrovia. Acrescente-se o fato de que com chuvas ou sem elas, continuará funcionando”, argumenta o biólogo Alcides Faria.

Quando fala de tramo norte, se refere aos pouco mais de 680 quilômetros entre Cáceres e Ladário,  trecho que ainda é pouco utilizado e que demanda de uma série de dragagens. 

Mas, ele vai além, questionando também a viabilidade econômica do trecho sul, entre Ladário e Porto Murtinho, por onde já passaram quase 8 milhões de toneladas de cargas no ano passado. 

“No trecho navegável sem maiores intervenções – o Sul – se tem o gravíssimo problema da crise climática, acarretando na falta de água para navegação. Entre 2019 e 2024 foram cerca de 31 meses com a régua de Ladário (MS) abaixo de mínimo possível para navegação”, cita.

Além disso, questiona: “como funcionar uma via que não tem certeza de seu funcionamento a cada ano? Como empresas fariam planejamento? Nas crises o governo bancaria mais e mais dragagens? Para as empresas do setor é um ótimo negócio, mas sem água não adianta dragar”.

Nesta terça-feira, na régua de Ladário, o nível do rio estava em apenas 1,4 metro em pleno período que seria de cheia. No ano ano passado, nesta mesma época, estava mais de dois metros acima disso, chegando ao pico de 4,24 metros. Agora, depois de o rio chegar a 1,47 metro, começou a baixar e a partir de julho possivelmente o transporte de cargas terá de ser suspenso. 

Do ponto de vista ambiental, lembra Alcides Faria, “o desastre já foi mostrado inclusive cientificamente. O mais grave é que requererá dragagens e retilinização do rio nas regiões mais remotas do Pantanal, regiões intocadas, como a que abarca a Estação Ecológica Tayamã e o Parque Nacional do Pantanal, em Mato Grosso”.

“PRIVATIZAÇÃO”

Um projeto que tramita na Agência Nacional de Transporte Aquaviário (Antaq) prevê a concessão da hidrovia do Rio Paraguai, entre Cáceres e Porto Murtinho, já no próximo ano. A medida prevê a cobrança de pedágio para o transporte de cargas, mantendo o tráfego livre para embarcações de pesca e turísticas. 

Com a informação o Correio do Estado.

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