Em recorde histórico, Brasil passa de 1,8 milhão de infectados em 78 dias
O Brasil chegou a 1.889.206 casos prováveis de dengue na segunda-feira (18), batendo o recorde histórico de registros em 78 dias. No mesmo período de 2023, o país havia registrado 400.197 casos. Na comparação entre os dois anos, o aumento foi de 372%. Para infectologistas, os números podem ser ainda maiores, levando em conta o alto número de casos e óbitos que seguem em investigação. Conforme o último boletim epidemiológico da SES (Secretaria Estadual de Saúde), Mato Grosso do Sul já tem 7.490 casos prováveis de dengue, além de outros 2.412 já confirmados. Outro ponto que chama a atenção são os 8 óbitos em investigação, que nos próximos dias, podem ser somados com outros 4 já confirmados para a doença.
Para a Folha de São Paulo, o infectologista Alexandre Naime Barbosa, coordenador científico da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia) e professor da Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Botucatu, no interior paulista citou que mesmo com o alto número de casos, o pico da doença esteja próximo. “Essa semana que nós estamos vivendo agora, principalmente a semana que passou e as próximas duas provavelmente serão um pico no número de casos”, afirma.
Em entrevista recente, ao Jornal O Globo, o pesquisador e professor da IFMS (Universidade Federal do Mato Grosso do Sul), questiona a demora em atualizar a real causa dessas mortes e cita que esse atraso está impedindo que as prefeituras tenham uma visão realista da letalidade da dengue nesta temporada.
“É um absurdo esse número de mortes em aberto. Se somar os (óbitos) suspeitos com os confirmados teremos mais mortes que o ano passado todo. Os dados atuais mostram que faltam os estados e municípios investigarem e fecharem esses óbitos em tempo oportuno. Como é possível que os gestores tomem decisões se desconhecem a real gravidade da doença?”, conta.
Questionada sobre o tempo de espera para que os resultados sejam divulgados, a SES (Secretaria Estadual de Saúde) explicou que cada município possui a sua unidade Lacen (Laboratório Central de Saúde Pública) e que por isso, o tempo de análise das amostras de pacientes coletadas nas unidades de saúde pode variar. Para o Jornal O Estado, a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) confirmou que não existe nenhum óbito em investigação por dengue e que os resultados dos exames estão disponíveis, em média, de um dia para o outro, a não ser nos casos em que é solicitada a urgência.
Na série histórica de óbitos por dengue, Mato Grosso do Sul com as 4 confirmações deste ano já consolida a marca registrada em 2014 e 2018.
Sintomas da doença
O médico infectologista do Humap-UFMS (Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), Alexandre Bertucci, afirma que em caso de suspeita de dengue é fundamental estar atento aos sinais de alarme, que são sinais que podem surgir quando há melhora da febre.
“Esses sinais estão associados ao desenvolvimento da dengue grave e, se presentes, requerem avaliação em serviço de saúde imediata. São eles: dor abdominal intensa e contínua, vômitos persistentes, acúmulo de líquidos, hipotensão postural, aumento do fígado, sangramento de mucosas, letargia e/ou irritabilidade”, elenca Bertucci.
Ao apresentar qualquer um desses sintomas, é fundamental procurar atendimento médico para avaliação e orientações quanto ao repouso, hidratação e monitorização com exames laboratoriais. “A principal forma
de prevenção contra dengue é reduzir os criadouros do mosquito Aedes aegypti, que é o responsável por transmitir o vírus da dengue. Outras formas individuais de prevenção incluem o uso de repelentes, mosquiteiros e a vacinação”, enfatiza o médico Alexandre Bertucci.
Com a informação O Estado.