Na crescente, valores movimentam finanças de corredores e profissionais do segmento fitness
Na Capital, corridas de rua não vão faltar para a população campo-grandense. Isto porque em 2024, Mato Grosso do Sul tem previsão de pelo menos 51 eventos de corrida. Somente em Campo Grande, serão 27, conforme dados divulgados no calendário da FAMS (Federação de Atletismo de Mato Grosso do Sul).
Com isso, além do fomento ao lazer e ao esporte, um ponto que as corridas tocam ainda, é o incremento econômico, ao gerar mais oportunidades de empregos, além de movimentar as finanças de diversos segmentos do mundo fitness.
A professora de Boxe há 19 anos e corredora profissional há oito, Leide Coelho, 55, já ultrapassou a marca de 200 corridas na somatória entre Campo Grande, Mato Grosso do Sul e em todo o Brasil. Coelho explica que iniciou na corrida em 2016, ou seja, há oito anos. Durante sua trajetória, a atleta acumula títulos, sendo tricampeã, por exemplo, da última maratona que participou, a Corrida de Reis Cuiabá (MT), sendo 1º lugar no pódio em 2022, 2023 e 2024.
“A corrida sempre fez parte dos meus treinamentos no boxe e aí quando fiz minha primeira participação na corrida de rua me apaixonei. Desde então, não consigo mais parar. Na minha primeira participação eu já peguei o pódio de 1°lugar na minha faixa etária. Atualmente eu participo de 90% das provas em Campo Grande e fora do Estado também. Já participei da meia Maratona em Asunción e fiquei em 2° lugar na minha faixa etária”, diz a atleta orgulhosa das conquistas.
No início, ela mesmo arcava com os custos de manter uma vida de atleta de alto rendimento. Hoje, a realidade é diferente, e Coelho conta com o apoio de patrocínios.
“Antes eu pagava as inscrições, no início das minhas corridas. Depois de algum tempo comecei a ser patrocinada. Graças a Deus eu tenho uma equipe abençoada de patrocínios que me acompanham nesses oito anos. Eu não tenho um valor exato, mas não fica barato para participar das provas, porque vai desde a inscrição a locomoção, já que às vezes as corridas acontecem fora do Estado”, avalia.
Para além da competitividade, para Leide Coelho, a corrida é sinônimo de superação e um momento de se conectar consigo. “Cada conquista independente da colocação é sempre uma superação, uma conquista pessoal e como atleta. É uma paixão que levarei para o resto da vida, independente da modalidade. Eu aconselho que qualquer pessoa pratique atividade física”, conclui.
O professor de educação física e treinador especialista em corridas, Alex da Costa de Lima, 31 anos, argumenta que há uma tendência no aumento das corridas como um reflexo no cuidado com a saúde, para além da estética. “Na corrida a gente fala muito sobre a liberação da endorfina, que são as responsáveis por proporcionar esse bem-estar e alívio do estresse. Os alunos chegam procurando na assessoria um corpo mais estético e uma promoção de saúde também”.
Além de um exercício para deixar o corpo mais forte e mais bonito, a corrida é um momento, segundo argumenta o treinador especialista, onde as pessoas testam os próprios limites. “Querem ficar mais fortes, ter o corpo mais bonito e tem o lado da competitividade, não só a parte competitiva para com a outra pessoa, mas aquela competitividade interna mesmo. Ela começa nos 5 km, aí quer correr nos 10 km e se desafia e passa a correr 21 km, se desafiando cada vez mais. Tem pessoas que têm muita crise de ansiedade e depressão, então as pessoas vem justamente para fugir disso. Sem falar que contribui no processo de emagrecimento, condicionamento físico, o controle
da pressão arterial, glicemia e colesterol”, destaca Lima.
Com relação aos equipamentos e gasto médio dos corredores, na assessoria esportiva, o investimento varia entre R$ 150 e R$ 300, a depender do objetivo do aluno. Já os itens de preparo para a corrida variam de acordo com o perfil do atleta e com a condição econômica da pessoa. “O aluno tem que ter um tênis confortável, que não machuque o pé, um short que não cause tanto atrito na coxa. Isso também vai muito do meio em que ele está inserido, tenho alunos que treinam há um ano que tem o básico do básico, um tênis para treino, um para prova, uns que correm de camiseta e outros sem camiseta, também tem aqueles que tem um tênis para corrida, um para prova, um para treino e um para o longão do fim de semana. Com relação a camiseta e short, varia, porque as roupas de atividade física são um pouco mais caras. Mas, lógico, quanto mais você vai olhando, mais vai achando promoção, vai comprando e vai gastando”, esclarece o profissional.
Vestuário e o fomento com as corridas
A proprietária da loja de roupas fitness Zero Açúcar, Rose Maia, 40, explica que a linha Run, por exemplo, trabalha com peças voltadas somente para corredores. Conforme Maia, as peças, por serem voltadas a um público específico, têm todo um cuidado especial na qualidade.
m microfibra de poliamida e elastano, o que confere uma qualidade power a peça. [Essas roupas] modelam o corpo, tem sustentação, toque macio e fresco, respirabilidade, secagem rápida e proteção UVA/UVB 50+”, argumenta a empreendedora.
Conforme a empreendedora, Campo Grande tem tido uma demanda maior no número de corridas e isso impacta no volume de vendas. “As pessoas vão sentindo a necessidade de uma roupa mais específica, e isso tem impactado nas vendas, aumentando cada vez mais a procura. O público é bem variado – vai desde os iniciantes até os atletas de grande percurso. Como a roupa oferece conforto, acaba por ser um item essencial para o resultado da corrida”, esclarece.
Corrida, solidariedade e saúde
Com início em 2019 na Capital, o projeto Pernas Solidárias é uma corrida de rua sem fins lucrativos, que objetiva promover a inclusão social de pessoas com mobilidade comprometida e visa a interação, lazer e convívio social de PCDs (Pessoas Com Deficiência).
A jornalista, Tayene Noara, 32, uma dos quatro organizadores da Corrida Pernas Solidárias em Campo Grande, explica que o projeto começou inspirado na proposta do fundador Cleiton Tamazzia, em Joinville (SC), com o lema voltado a incluir, abraçar e respeitar o próximo seja qual for a sua individualidade.
“Nosso objetivo é o senso de pertencimento, a justiça de uma sociedade mais igualitária e caridosa, proporcionando a linda sensação da prática da corrida de rua a todos, inclusive os PCDs, que poderiam ser privados de vivenciar a corrida de rua. Então, eles vêm conosco em triciclos adaptados – priorizando a segurança e garantindo conforto, para sentir a emoção do vento no rosto e a adrenalina latente”, explica Noara, ao pontuar que ser “fonte de saúde, bem-estar e solidariedade” é o que motiva.
Conteúdo retirado do O Estado.