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Calorão pode inviabilizar a navegação comercial no Rio Paraguai novamente

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Modal importante para o escoamento da produção de Mato Grosso do Sul, a hidrovia do Rio Paraguai deve enfrentar mais um ano de níveis críticos para a navegação comercial. Apesar do registro acima da média para o período neste ano, neste mês, a medição na régua de Ladário aponta descida de 2,5 centímetros por dia.

Ontem, dados da Marinha do Brasil apontaram que a régua em Ladário marcava 1,85 metro, nível maior do que nos últimos dois anos, porém, ainda abaixo da média esperada. Já em Porto Murtinho, o rio está acima do registrado no mesmo período de 2022, com 3,17 metros.

No município de Cáceres, em Mato Grosso, a medição na cabeceira do rio marca 0,75 m, muito abaixo dos últimos anos, uma vez que no mesmo intervalo do ano anterior a régua marcava 1 metro.

Ao Correio do Estado, Carlos Roberto Padovani, pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Pantanal, analisa a situação e, com base na leitura dos dados hidroviários dos últimos quatro anos, adianta que, mais uma vez, o cenário será possivelmente negativo para a atividade de transporte.

“Considerando que o Rio Paraguai em Cáceres está com seu nível próximo das mínimas históricas, assim como os demais rios da bacia, acima de Ladário, espera-se níveis críticos para a navegação nos próximos meses. Os níveis dos rios, na fase de cheia, devem ficar abaixo da média”, observa.

Em termos de comparação aos índices anteriores, Padovani destaca que neste ano, na régua de Ladário, o Rio Paraguai teve o pico máximo alcançado de 4,24 m no dia 18 de julho.

“Neste mês de outubro, no dia 13, o nível foi de 2,04 m. Observa-se que, para esse período, a vazante teve uma queda de 2,2 m e uma taxa de descida de 2,5 cm por dia”, explica.

No ano passado, o pico máximo de 2,64 m foi alcançado no fim de junho, enquanto no dia 13 de outubro do mesmo ano o nível recuou para 78 cm, com uma queda de 1,86 m em três meses. Esse movimento desencadeou uma taxa de descida de 1,7 cm por dia.

“Ou seja, o nível do rio em Ladário está baixando mais rápido neste ano do que em 2022”, confirma o pesquisador da Embrapa Pantanal.

Em relação aos últimos três anos, ao considerar o dia 13 de outubro, os níveis foram negativos em 2020 (27 cm) e 2021 (57 cm). No ano passado, também houve recuo significativo em Ladário, porém, se manteve positivo, com marcação de 78 centímetros.

“Para toda a série de dados desde 1900, a média de nível para a data de 13 de outubro é de 1,86 m. Então, o nível de 2,04 m registrado nesse mesmo dia neste ano está a apenas 18 cm acima da média, o que pode ser considerado normal para essa data”, reforça Padovani.

O pesquisador ainda ressalta que há uma forte atuação do fenômeno meteorológico El Niño na região da Amazônia e também no Pantanal.

“Geralmente, o mesmo [fenômeno] causa uma diminuição das chuvas no período chuvoso de outubro a março. A tendência é de que os níveis dos rios, na fase de cheia, fiquem abaixo da média, tendo em vista que o nível mínimo para a navegação de grandes barcaças está entre 1,5 m a 2 m, tendo como referência a régua de Ladário”, conclui o pesquisador.

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HIDROVIA

Entre os principais produtos escoados por meio da hidrovia do Rio Paraguai estão as cargas de minério de ferro e grãos de soja. Minério de ferro e minério de manganês se destacam na atividade, uma vez que o uso de embarcações diminui os custos do transporte e ainda aliviam a sobrecarga das rodovias sul-mato-grossenses.

Conforme publicado na edição de ontem do Correio do Estado, a Hidrovia Paraguai-Paraná vive um de seus melhores momentos na movimentação de cargas, mobilizada principalmente pelo comércio exterior gerado por Mato Grosso do Sul.

Um levantamento realizado nos primeiros sete meses deste ano por consultoria especializada indicou que a movimentação portuária do Estado cresceu 41,68%, enquanto no País esse número correspondeu a 5,43%. Foram 5,1 milhões de toneladas de minérios e grãos que navegaram pelo Rio Paraguai.

Conforme a estatística apresentada em encontro em Brasília (DF), o Porto Gregório Curvo, hoje sob administração da J&F Mineração, localizado em Porto Esperança, Corumbá, despontou como referência no transporte de mercadorias, nesse caso, o minério de ferro. Foram 2 milhões de toneladas no período. A Granel Química, que fica em Ladário, está no mesmo patamar. 

Já na terceira colocação ficou a Itahum Export, localizada em Porto Murtinho. Em quarto lugar ficou o porto TUP Vetorial Logística, localizado em Corumbá e licenciado para operar neste ano.

A consultoria, que foi encomendada pela J&F, indicou que a evolução na movimentação de cargas pelo Rio Paraguai, no trecho entre Corumbá e a Foz do Rio Apa, na fronteira do Brasil com o Paraguai, está consolidada.

Nessa conjuntura, empresários, governantes e atuantes no mercado apontam a necessidade de manutenção de investimentos no setor, para que sejam contínuas as intervenções na hidrovia, entre elas as que envolvem dragagem de aprofundamento, principalmente no período de estiagem, a fim de que o mínimo de 9 pés de calado (cerca de 2,7 m) seja garantido.

“Há a necessidade de manter o serviço de limpeza e dragagem do leito do rio para que, nos períodos de seca, não tenha restrição para navegação ou que ela seja menor. Isso se garante com um serviço de limpeza e dragagem rotineiro”, aponta o secretário de Desenvolvimento Econômico e Sustentável de Corumbá, Cássio Augusto da Costa Marques.

Com a informação o Correio do Estado.

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