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Projeto de base do Comercial alimenta sonhos e busca resgatar a história do clube

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(Reprodução)
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“O professor (Dênis Alacoque) brinca comigo até hoje quando falo da pressão. Quando cheguei em Campo Grande, peguei um carro de aplicativo na rodoviária. Quando entrei dentro do carro, percebi que o motorista era torcedor do Operário, relatei a ele que tinha acabado de chegar na cidade e jogaria pelo Comercial. O motorista praticamente mudou a voz e começou a falar mal do clube, que não ganhava nada. Eu mesmo não levei muito a sério, porque acredito no projeto, mas esse motorista começou a ficar bravo comigo e pensei na hora, esse rapaz vai me deixar no meio da rua. A viagem foi boa, mas esse motorista começou a falar sobre a história do Comerário e ao ouvir, percebi que tinha fechado contrato em um grande clube do futebol brasileiro, e estou pronto para os desafios”.  O relato bem-humorado é do centroavante, Enzo Martins.  

Sabedor das responsabilidades e sonhando com o crescimento pessoal e profissional, o atacante de 16 anos veio de Bombinhas (SC), com o objetivo de alçar voo em sua carreira. Ele é uma das promessas que visitaram, junto com representantes do Comercial e da FFMS (Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul), as dependências de O Estado. Muitos deles, pela primeira vez, participaram e gravaram entrevistas, e sentiram um pouco do clima de ser um jogador de futebol.

 Ao apostar nas categorias de base, o Esporte Clube Comercial iniciou o ano de 2023 em busca de uma uma nova identidade e reestruturação em seu futebol. Para enfrentar os problemas financeiros, um dos gigantes do futebol sul-mato-grossense olha diretamente para o sonho dos garotos, uma nova fase de olho no crescimento e no renascimento de conquistar e alcançar o sucesso.     

“ Quando fui contratado pelo presidente Cláudio Barbosa, me orientaram para reconstruir uma nova identidade que infelizmente perdemos com o tempo. O meu objetivo é resgatar diretamente na base, o futebol dos anos 80 que fez o Comercial ser o clube respeitado nos dias de hoje, detalhou o diretor da base comercialina, Ari Portugal para a reportagem do jornal O Estado MS. 

Pensamento grande move mineiro de 16 anos

Diretamente de Belo Horizonte, e sonhando em seguir os passos do seu ídolo Romário, o volante Ezequiel Mendes, de 16 anos, disse que a pressão é estímulo para vencer na vida. 

“Estou em Campo Grande há três semanas e quando recebi em mãos a oportunidade de vir para o Mato Grosso do Sul, virei o nariz pela distância, mas tive total apoio da família e do meu pai que ficou em Minas Gerais. Ele me disse que jogando pelo Comercial vou ganhar as oportunidades para crescer na profissão”, disse o jovem Ezequiel para a reportagem.  

O Diretor Esportivo do Colorado detalha sobre a sua visão no futebol, e relata o que deseja instalar na mente dos jovens desde da base até o futebol profissional.  “Hoje cuido dos garotos sub-13, sub-15 e sub-17 até o sub-20, e tenho objetivo de colocar na base a verdadeira identidade do Comercial, que é um futebol técnico, de visão, mentalidade e liberdade para os atletas possam driblar e fazer as suas jogadas.”.  

 Resgate da identidade é tema recorrente

“Estive no Operário por seis anos, e lá percebi que os atletas tinham como característica do clube, aquela gana de vencer, raça e muita vontade, o que é a identidade do Operário, que eu vejo mais voltado ao futebol gaúcho”, frisa Ari Portugal para a reportagem.  

“O Comercial já é diferente; desde dos tempos de glória, o Comercial tem o estilo mais voltado ao futebol paulista, que além da vontade, o atleta tem que ter visão, passe, e orientação tática em campo para realizar as jogadas. Além da raça, quero formar jogadores inteligentes, como é o estilo paulista e sempre foi a verdadeira identidade do Comercial”, acrescenta o dirigente. 

Ari ainda disse que essa nova identidade, vai trazer de volta o verdadeiro comercialino que estava distante do clube. “Não procuro jogador que beije o distintivo e sim aquele que honra e ame as cores do clube. Observo muito que o futebol de Mato Grosso do Sul perdeu essa identidade. Vejo muitos atletas de mais idade, que vem para o MS, joga e vai embora sem deixar a sua história no clube. Eu quero e busco jovens para construir uma mentalidade formada e chegar em outro clube respeitando as cores em que vestem, sem esquecer da sua formação”, disse o diretor esportivo. 

Reestruturação e alojamento

Com auxílio da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul, os garotos da base do Comercial estão hospedados em um clube de Campo Grande. “Nós da federação, não podemos abandonar o Comercial. Por isso, percebi que o clube precisava desse auxílio. Após muitas conversas, conseguimos quatro casas, com quartos, banheiro e cozinha, todas mobiliadas. No total, cabem uns 50 atletas. Posso afirmar com total segurança, que nenhum clube de MS tem essa estrutura “, detalhou o vice-presidente da FFMS, Marco Antônio Tavares para a reportagem.  

Durante a entrevista, ele e Ari  Portugal  explicaram para a reportagem sobre o espaço, que agora é onde o Comercial treina se prepara para as competições. 

“O projeto que o Comercial precisa é buscar a sua credibilidade. Resgatar o seu nome e reconstruir a sua marca. Hoje o Comercial é nômade, treina hoje no Vovó Ziza, amanhã em outro lugar como é o Operário. Por isso decidimos abrir os braços para auxiliar o Comercial nessa nova reconstrução de sua identidade”, reitera Tavares.

“Além dessas quatro casas, o clube usa o campo no Tênis Clube. Depois de muitas conversas, hoje o Comercial tem total estrutura para iniciar o seu projeto, com campo de futebol, piscina, caixa de areia e toda estrutura que o clube necessita para recomeçar a sua história nas categorias de base”, disse o vice-presidente da FFMS. 

Quem é Denis Alacoque?

De acordo com o diretor Ari Portugal, a contratação de Dênis Alacoque foi voltado muito estudo e conhecimento tático.  “Estudei muito o Dênis  antes de contratá-lo. Quando o presidente (Cláudio Barbosa) me deu a liberdade para montar a estrutura de base do Comercial, passei meses estudando o estilo de jogo do Dênis e percebi que ele tem as mesmas ideias que buscamos na reconstrução dessa nova identidade do Comercial. Ao chamar ele pra conversa, percebi que temos as mesmas ideias”, comentou Ari. 

Natural de Belo Horizonte (MG), mas criado em Juiz de Fora (MG),  Denis Alacoque estudou, foi criado e iniciou sua trajetória no futebol mineiro. Lateral esquerdo raiz, segundo Denis, gosta de times agressivos e que seus jogadores pensem o jogo.  “Sou mineiro de Belo Horizonte, mas fui criado em Juiz de Fora (MG), onde também fiz base no Tupi (MG) e tive uma experiência na base do Vasco da Gama (RJ). Quando recebi a oportunidade de estar no Comercial, tive que estudar as características do clube”, admite o treinador.

“Quando a proposta chegou em minhas mãos, passei para a minha família e eles me deram total apoio, porque sabem que o futebol faz parte da minha vida e os desafios é que me fazem crescer ainda mais como ser humano”, acrescenta o técnico, emocionado ao falar da família, que atualmente mora em Bombinhas (SC). Apesar da distância, Alacoque sabe da responsabilidade de reconstruir um clube que a história comercialina apresenta.

Com a informação O Estado.