‘Abalou bastante’, diz sul-mato-grossense sobre decisão que acaba com qualquer chance de Paris 2024
Luan Simões Pimentel vai dar um tempo no movimento paralímpico. De modo forçado. De volta a Campo Grande, depois de fazer parte da seleção brasileira de judô de cegos, que disputou, na semana passada, a modalidade nos Jogos Mundiais IBSA, em Birmingham (ING), o sul-mato- -grossense busca se reorganizar.
Impedido de lutar na competição, em que foi com expectativa de ganhar medalha, por não ter passado na classificação médica que antecede as disputas, o judoca admite frustração.
“Foi a primeira vez que aconteceu. Já faço as classificações oftalmológicas desde quando tinha 16 anos, faz quase dez anos que estou no movimento paralímpico”, disse o paratleta, em conversa por mensagens de voz entre terça (29) e quarta-feira (30).
Resumidamente, este exame ocorre às vésperas das competições. É o que decide se o atleta está apto a competir como cego ou, no caso, como baixa visão.
A linha tênue do exame oftalmológico
“Olharam todos os exames que levei (do Brasil), eles (médicos) se basearam em um, fizeram um teste, e não passei. Falaram que enxerguei talvez uma ou duas letras a mais do que deveria e fiquei na linha tênue entre ser classificado ou não (condição denominada borderline, em inglês). Naquele momento, a decisão ficou com um médico, que decidiu que eu não ia passar”, prossegue Luan. Deste modo, ele ficou fora de combate na categoria J2 (baixa visão) até 73 kg.
Com medalhas conquistadas em Parapan, Grand Prix, o judoca da equipe Ismac encarava o principal compromisso da modalidade deste ano, com a chance de se firmar entre os principais candidatos a uma vaga brasileira rumo à Paris 2024.
“Foi uma notícia muito frustrante, não esperava por isso. Tinha feito a classificação no Brasil, feito os exames, tava tudo certo. Era uma questão que nem estava me preocupando muito, mas aconteceu. Foi uma situação que me abalou bastante”, prossegue o único paratleta do Estado, convocado pela CBDV (Confederação Brasileira de Desporto de Deficientes Visuais) para esta edição dos Jogos Mundiais.
Fim e começo
Questionado se há possibilidade de apelação, Luan é pé no chão. “A decisão já foi, assinei o documento, não tem como recorrer. Isso já aconteceu com outros atletas da seleção”, afirma. Conforme suas palavras, Paris 2024 deixou de ser realidade. “Não vou poder tentar classificação este ano.
Muito provavelmente, só no próximo ciclo”, resigna-se, ao se referir vagamente a Los Angeles 2028.
Como no judô, o paratleta busca assimilar a situação e usar da melhor forma a sua energia. “Vou continuar treinando, competir nos eventos regulares, sem ser dos paralímpicos, que já competia… me preparar para quando voltar”, fala o lutador.
O inesperado cenário provocado em Birmingham deve fazer Luan acelerar alguns planos. “[Vou] dar continuidade a algumas aulas que dou, alguns projetos, seminários de luta, estou trabalhando com isso a algum tempo”, explana.
“[Era] um projeto que tinha pro futuro, mas como a vida deu esse golpe e teve essa mudança repentina, vamos alinhando os projetos que pretendia fazer depois para começar a ser feito agora”, finaliza Luan, ao dar mostras de que segue na luta.
Sem nomes de MS, seleção é convocada
A seleção brasileira de judô paralímpico, que recentemente esteve na Inglaterra, para os Jogos Mundiais da IBSA, foi convocada quarta-feira (30) para dois compromissos na Europa, no próximo mês.
Segundo a CBDV, o primeiro será um campo de treinamento em Madri, na Espanha, entre os dias 7 e 10, com a participação do sensei Shohei Ono, duas vezes campeão olímpico e três vezes campeão mundial
Já nos dias 26 e 27, a delegação estará em Baku, no Azerbaijão, para o Grand Prix da IBSA, torneio que valerá pontos importantes no ranking mundial, principal critério de classificação para os Jogos Paralímpicos de Paris 2024. Entre os convocados, Dênis Aparecido Rosa, da AMJ-SP, vai lutar no peso 73 kg (J2), categoria em que compete Luan Pimentel.
Com a informação O Estado.