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Pai de estudante morto insinua que teve medo de envenenamento

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Depoimento de Paulo Xavier, o PX, em audiência que condenou Jamilzinho Name. / FOTO: MARCELO VICTOR
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Paulo Xavier, pai de Matheus Xavier, fez a revelação durante seu depoimento no Tribunal do Júri, diante de Jamil Name Filho e de seus supostos capangas

O capitão reformado da Polícia Militar Paulo Xavier, que já integrou o suposto grupo de extermínio comandado pela família Name, disse que no dia seguinte ao assassinato de seu filho Matheus Coutinho Xavier, de 19 anos, no dia 10 de abril de 2019, foi chamado pelo empresário Jamil Name Filho para uma conversa na casa dele e do pai, Jamil Name, e temeu ter sido alvo de uma tentativa de envenenamento praticada pela organização. 

A revelação foi feita no primeiro dia de julgamento de Jamil Name Filho e de seus supostos capangas, o guarda-municipal de Campo Grande Marcelo Rios e o policial civil Vladenilson Daniel Olmedo, o Vlad. 
Name Filho é acusado de ser o mandante do assassinato, Vlad e Marcelo os organizadores, e outros dois envolvidos, Juanil Miranda Lima e José Moreira Freires, o primeiro desaparecido e o segundo já morto, os executores do garoto, filho de Paulo Xavier, morto por engano no lugar do pai.

Paulo Xavier contou que, no dia seguinte ao crime, foi chamado por Vlad para ir à casa de Jamilzinho e que, na ocasião, o empresário lhe ofereceu uma quantia de R$ 10 mil, que segundo ele seria para “enterrar” o filho e sair de Campo Grande. 

Xavier afirmou aos promotores de Justiça, aos advogados de defesa e aos jurados que teria relutado em deixar a cidade, dizendo que ainda pretendia cumprir uns trâmites burocráticos por causa da morte do filho e “conversar com a polícia”. Foi quando, conta ele, Jamilzinho lhe disse: “Você não conversa com ninguém”. 

“Depois disso, o Jamilzinho disse para eu pegar uma garrafa d’água. A garrafa chegou um pouco suada, não veio da geladeira […]. Quando fui abrir, a garrafa não tinha o barulhinho do lacre”, relatou Paulo Xavier, que disse que, na sequência, tentou deixar logo a casa de Jamilzinho e de seu falecido pai, Jamil Name (que morreu no presídio federal de Mossoró-RN). 

A FAZENDA

O julgamento teve depoimentos de três delegados de polícia, Tiago Macedo dos Santos, Carlos Delano Gehring e Daniela Kades, além de Paulo Teixeira e do investigado do Garras, Jean Carlos.

Durante a sessão, a acusação bateu na tecla de que o desentendimento entre o advogado Antônio Augusto de Souza Coelho e Jamilzinho, por conta da disputa de terras de duas fazendas em Mato Grosso do Sul, a Figueira e a Invernadinha, culminando na prestação de serviços de Paulo Xavier ao advogado, fez com que Jamil Name Filho encomendasse a execução de Xavier, por traição aos negócios da família.

Em seu depoimento no fórum, Paulo Xavier afirmou ao promotor de Justiça que a briga entre Jamilzinho e Augusto envolvia dívidas de dezenas de milhares de reais.

Xavier, em sua fala, também descreveu que foi procurado por um hacker, que se passou por um gerente de banco, que posteriormente informou que foi pago para localizá-lo. 

O hacker informou a Xavier que recebeu R$ 5 mil para o serviço, porém, ele acreditava ser um golpe. Após a morte de seu filho, essa situação foi o primeiro ponto de que Paulo Xavier desconfiou, e, ao entrar em contato novamente com o hacker, conseguiu com ele o telefone do contratante do monitoramento e, assim, encaminhou o contato à Justiça.

PLAYBOY DA MANSÃO

O assassinato do Playboy da Mansão também foi mencionado por Paulo Xavier em seu depoimento. Além de ser pai de Matheus e de ser testemunha do assassinato do próprio filho, o fato de Paulo Xavier ter pertencido à organização dos Name fez com que ele contribuísse com muitas informações para a polícia. 

Playboy da Mansão é o apelido pelo qual o comerciante Marcel Colombo ficou conhecido em Campo Grande até ter sido assassinado dentro da Cachaçaria Brasil, em Campo Grande, por um pistoleiro. 

Durante um evento, Jamilzinho teria se desentendido com Marcel. Na ocasião, Paulo Xavier atuava como “segurança” de Jamilzinho. 

“Ele pegou um gelo do balde do Jamilzinho e lançou em uma pessoa que estava dançando. O Jamilzinho não gostou e partiu para cima dele, mas ele reagiu e acabou atingindo o Jamilzinho, que ficou com o nariz sangrando”, contou Paulo Xavier ao júri, olhando nos olhos de Jamilzinho. 

“Então, no outro dia do incidente, fui chamado para ir dar explicações lá para o sr. Jamil [Name] sobre por que eu não tinha tomado uma providência mais grave. O Jamilzinho estava junto”, relatou. 

“Então, eu disse que a situação não foi nada demais, e o Jamilzinho que foi para cima dele. O Jamilzinho disse na hora claramente para mim que iria matar [o agressor]”, disse. 

“No outro dia, ele já sabia que era o Marcel e ele ia esperar um tempo, mas ia matá-lo. O fato veio a se confirmar depois, porque, em conversa com o Vladenilson, ele confirmou”, acrescentou Paulo Xavier. 
O assassinato de Marcel Colombo é outro crime do qual Jamilzinho também é acusado de ser o mandante e pelo qual deve voltar a se sentar no banco dos réus.

Conteúdo retirado do Correio do Estado.