Foram R$ 44,5 milhões de diferença no orçamento de um para o outro
Em 2022, ano de decisão eleitoral, coincidentemente, a Sanesul (Empresa de Saneamento de Mato Grosso do Sul) aumentou os gastos com contratações de serviços terceirizados. Enquanto em 2021 foram R$ 161 milhões, no ano passado, o desembolso “saltou” para R$ 195,7 milhões, um aumento de 21,5%. No entanto, a valorização, no quadro de colaboradores, ficou em segundo plano, já que foram R$ 151,2 milhões para cerca de 1,3 mil pessoas.
Os dados são do Relatório Anual da Administração e Demonstrações Contábeis, divulgado ontem (12), no Diário Oficial do Estado.
Os valores levam em consideração a receita corrente líquida de R$ 670,44 milhões, livre dos tributos federais (PIS, Pasep e Cofins). Os custos com pessoal representam apenas 22,5% deste total e os terceirizados, 29,19%. Em valores, foram R$ 44,5 milhões de diferença.
Em análise ao alto custo com demandas terceirizadas, o presidente do Sindágua-MS (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Purificação e Distribuição de Água e em Serviço de Esgoto em Mato Grosso do Sul), Lázaro de Godoy Neto, ressalta o contraste das atividades.
“Os custos de pessoal, incluindo diretoria, os 70 cargos em comissão por indicação, benefícios, representou, em 2022, apenas 22,5% da receita operacional líquida. No entanto, os custos terceirizados, no ano eleitoral, subiu de R$ 161 milhões para R$ 195,7 milhões”, frisou o representante da classe, no Estado.
Terceirizados
Conforme o balanço, ao todo, neste ano, foram R$ 363,9 milhões voltados para insumos de terceiros e, no ano passado, R$ 310,9 milhões (17,05%).
Do total de 2022, produtos químicos somaram R$ 11,6 milhões, em 2022; gastos com energia elétrica representam R$ 82,6 milhões; outros materiais consumidos, R$ 42,4 milhões; outras despesas operacionais, contou com gasto de R$ 31,4 milhões.
Por fim, o maior gasto registrado no ano se deu na contratação de serviços terceirizados, como mostra o relatório da empresa de saneamento, sendo este de R$ 195,7 milhões. Já no período imediatamente anterior, a mesma despesa ficou em R$ 161 milhões, o que resulta em uma discrepância de R$ 34,7 milhões (21,55%).
Empregados e administradores
Os salários e encargos sociais são apontados no documento com importe de R$ 147,2 milhões, em 2022, à medida que, no ano de 2021, foi de R$ 129,2 milhões, representando elevação percentual de 13,93%. Tratando-se dos honorários da diretoria e conselho, o valor ficou em R$ 2.189 milhões contra R$ 2.143 milhões, em 2021, diferença de R$ 46 mil. Já no programa de participação foram R$ 1,7 milhões e, em 2021, R$ 4,8 milhões, um recuo de R$ 3,1 milhões.
Ao total, em 2022, foram gastos R$ 151,2 milhões, no que diz respeito ao pagamento de pessoal. Já em 2021, o montante divulgado é de R$ 101,1 milhões, representando elevação de R$ 50,1 milhões, entre os anos referidos.
Godoy também destaca a distribuição de lucro. “Mesmo alegando queda de lucro líquido e de volume de água faturada, a receita aumentou. Isso nos leva a crer que, no ano eleitoral, as despesas cresceram”, complemento.
Investimentos
No que diz respeito a investimentos, a Sanesul investiu R$ 218 milhões, no ano passado, contra R$ 117,8 milhões, em 2021; R$ 124,5 milhões, em 2020 e R$ 167,7 milhões, em 2019.
O montante de cada ano contém investimentos na rede de água, esgoto e “outros”, que não foram especificados. É notório que a rede de água recebeu menos investimento em 2022, comparado com 2019, sendo R$ 67,3 milhões e R$ 76,4 milhões, respectivamente.
A equipe de reportagem entrou em contato com a Sanesul, mas não obteve resposta, até o fechamento desta edição.
Conteúdo retirado do O Estado.