Em 2022, foram registrados 537 casos durante a estação; no mesmo período deste ano, já são 5.576 casos confirmados
Com um verão mais chuvoso em 2023, os casos de dengue em Mato Grosso do Sul cresceram 10 vezes em comparação com o registrado na estação no ano passado.
De acordo com os dados do boletim epidemiológico da Secretaria de Estado de Saúde (SES), neste ano, durante o verão, que começou em 21 de dezembro e terminou em 20 de março, 5.576 casos de dengue foram registrados em MS, 938,36% a mais do que as 537 confirmações do ano passado, na mesma estação.
Para se ter uma ideia do impacto das chuvas, no primeiro trimestre deste ano, Campo Grande registrou 58,64% do volume de todo o ano passado. Conforme dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), choveu 1.213 milímetros no ano passado inteiro na Capital, já o acumulado de janeiro até março foi de 706,2 mm.
No início de abril, a Prefeitura de Campo Grande pediu ao Exército Brasileiro a ajuda de militares para o combate à dengue na Capital. Isso ocorreu após a Secretaria Municipal de Saúde Pública (Sesau) fazer um alerta sobre os casos da doença já representarem uma epidemia na cidade, com aumento de 20% nos atendimentos a pessoas que apresentam sintomas da enfermidade.
A ideia da Sesau é que os militares sejam treinados para atuar como agentes de endemias, percorrendo as residências no município, fortalecendo a orientação à população sobre os cuidados para se evitar a doença, além das ações para eliminar todo e qualquer recipiente que possa servir de criadouro para o mosquito Aedes aegypti.
Em entrevista ao Correio do Estado, a superintendente de Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde de Campo Grande (Sesau), Veruska Lahdo, destacou que o Estado e a Capital estão passando por um período sazonal de aumento de casos ocasionados pelo mosquito Aedes aegypti.
Veruska destacou que, durante o verão, é comum o registro significativo das três doenças que o mosquito Aedes aegypti causa: dengue, zika e chikungunya.
“No nosso município, temos a circulação desses três vírus, por isso, é importante reforçarmos com toda a população os cuidados necessários para evitar essas arboviroses”, salientou a superintendente da Sesau.
ESTADO
Apenas na 13ª semana epidemiológica deste ano, foram notificados 1.909 casos prováveis de dengue, 135,67% a mais do que as 810 notificações no mesmo período do ano passado.
O governo do Estado anunciou, nesta semana, o pacote de R$ 13 milhões para auxiliar os 79 municípios dentro do Programa Estadual de Enfrentamento às Arboviroses. O recurso também contempla o enfrentamento às doenças respiratórias.
“Estamos em um momento específico de contaminação muito grande de viroses, o sistema da atenção primária e o sistema dos hospitais de MS estão sobrecarregados. Então, esse apoio aos municípios é um recurso que será usado nos postos de saúde”, afirmou o governador Eduardo Riedel (PSDB).
Para se ter uma ideia do avanço da doença em MS, as cidades de Bodoquena e Alcinópolis decretaram situação de emergência por conta da epidemia da doença.
Em Alcinópolis, já foram notificados, neste ano, 3,9 mil casos prováveis. Destes, 214 foram confirmados como positivos para dengue. Bodoquena aparece com 3,8 mil casos notificados e com a segunda maior incidência da doença em MS.
Os dados epidemiológicos estaduais deste ano apontam ainda que os municípios de Campo Grande, Três Lagoas e Bela Vista apresentam os maiores registros de dengue.
A Capital conta com 2.904 casos, seguida de Três Lagoas (1.357) e Bela Vista (535).
MORTES
Com 12 óbitos confirmados nos três primeiros meses do ano, a dengue já vitimou seis vezes mais em relação ao mesmo período do ano passado. Os números são da Secretaria de Estado de Saúde.
De acordo com a SES, o mesmo período do último ano registrou apenas duas mortes, ambas no primeiro mês do ano, em Campo Grande.
Conforme a Pasta, as mortes por dengue em 2023 ocorreram em janeiro (2), fevereiro (4) e março (6). Os óbitos foram registrados em Guia Lopes da Laguna, Campo Grande, Amambai, Dourados, Aquidauana e Três Lagoas, município com cinco registros de morte até o período.
O número de mortes atual corresponde a 50% de todos os óbitos confirmados no último ano, 24 ao todo. Em razão da alta incidência de casos e do número elevado de mortes, o enfermeiro e doutor em infectologia Everton Lemos falou ao Correio do Estado sobre os índices de letalidade do vírus.
“A magnitude de uma doença levar a pessoa a óbito pode depender de vários fatores. Entre esses fatores estão a gravidade da doença, o manejo adequado do paciente e as epidemias. Podemos entender, dentro dos casos de Covid-19 e de dengue, por exemplo, o potencial dessas doenças que levaram uma pessoa a óbito”, destacou.
De acordo com o infectologista, o conjunto dessas medidas pode ser denominado de letalidade. “A letalidade permite identificar o potencial da doença e levar uma pessoa a óbito, isso ajuda a compreender como a doença está se comportando e quais medidas devem ser tomadas”, frisou.
Com uma taxa de letalidade de 0,11%, a incidência de dengue em Mato Grosso do Sul é de 391 casos por 100 mil pessoas.
Anteriormente, o infectologista destacou que, quanto maior o número de pessoas contaminadas com a doença, mais casos graves de dengue podem surgir, assim como a Covid-19.
Conteúdo retirado do Correio do Estado.