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Médicos assumem plantão em UPA sem remédios para dor e até contra infecção

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Porta de acesso à Unidade de Pronto Atendimento do Bairro Universitário. (Foto: Marcos Maluf)
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Médicos têm assumido plantão na UPA Universitário (Unidade de Pronto Atendimento) com falta de 25 medicamentos básicos. A situação é tão grave que profissionais tiram dinheiro do bolso para não deixar os pacientes desassistidos.

A lista enviada à reportagem aponta falta de medicamentos que custa menos de R$ 10, como o paracetamol em gotas. O remédio é para febre e dores. A listagem ainda inclui medicamento para epilepsia, depressão, ansiedade, verminoses, infecções, hipertensão, refluxo gastroesofágico, cefaleia crônica, inflamações, tosse e diabetes.

Na UPA, nesta segunda-feira (dia 27), a informação é de farmácia fechada. Pacientes afirmam que a situação já dura um ano, enquanto funcionário disse que faz dois meses.

O eletricista Ivan Canhett, 33 anos, conta que é atendido na UPA Universitário, mas precisa buscar medicamentos em outras farmácias, como nos postos de saúde do Tiradentes e Progresso.


“Geralmente, só tem dipirona e diclofenaco nas farmácias. Passei fim de semana com dor e febre. Sempre que preciso venho aqui. Não tenho plano de saúde. A situação é precária. A gente fica procurando em vários postos e não acha os remédios. Já pagamos vários impostos”, reclama Ivan.

A auxiliar administrativo Lisiane Barreto, 38 anos, conta que a farmácia está fechada há mais de um ano. “Temos que ir nas UBS [Unidade Básica de Saúde] próximas buscar remédio. Geralmente, não tem remédio controlado nas farmácias. É um descaso total com a população, porque pagamos impostos para ser bem atendido. A situação dos banheiros é precária. Não tem um copo para tomar água nesse tempo que ficamos esperando”, diz Lisiane, que acompanhava a avó de 94 anos. Na manhã de hoje, a unidade estava lotada, com pacientes sentados no chão.

Licitações – A Secretaria de Saúde de Campo Grande se defende informando que  o problema não é exclusivo do município e que estuda aderir a licitações de cidades de Estados vizinhos, como Cuiabá, Rio de Janeiro, Curitiba e São Paulo, para tentar garantir, pelo tamanho dos lotes, que os fornecedores participem dos pregões.

De acordo com a nota enviada à reportagem, Campo Grande está hoje com aproximadamente 75% dos medicamentos ofertados pela Rede Municipal de Medicamentos em estoque.

Paciente sai da UPA Universitário com receita em mãos. (Foto: Marcos Maluf)

“Daqueles que estão em falta, todos possuem processo de compra, alguns já finalizados, aguardando entrega pelo fornecedor que ganhou o pregão, outros em fase inicial ainda – sendo que a maioria deles, em algum momento, já teve resultado fracassado ou deserto. Para que esta situação seja regularizada, diversos processos de compra serão feitos, uma vez que é necessário uma ata para cada medicamento. Esta falta de medicamentos é um cenário que se apresenta em todo o território nacional, não sendo exclusivo ao município de Campo Grande”, diz o comunicado.

Conforme a prefeitura, este fator deve-se à baixa adesão de fornecedores aos processos de licitação, levando-se em consideração o valor disponibilizado para pagamento destes medicamentos na tabela da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos, que estabelece limites nos valores dos medicamentos adquiridos pelo SUS (Sistema Único de Saúde).

Ainda de acordo com o poder público, outro fator que colabora na falta de medicamentos é o reflexo da pandemia e guerra na Ucrânia, que impactaram diretamente no fornecimento de insumos necessários para a fabricação desses.

A prefeitura ainda informa que a farmácia da UPA Universitário está fechada temporariamente para reforma, que deve acontecer até o final do ano que vem. “A secretaria ressalta ainda que não é preconizado pelo Ministério da Saúde a existência de farmácias para atendimento externo nas UPAs”.

O SinMed/MS (Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul) foi acionado pelos profissionais. “Existem várias medicações que estão em falta. E estamos tomado providências, vamos encaminhar novamente para o Conselho Regional de Medicina, a Secretaria de Saúde e ao Ministério Público”, afirma o presidente do sindicato, Marcelo Santana.

Cenário – Conforme o CRF/MS (Conselho Regional de Farmácia), alguns medicamentos ainda têm falta de matéria prima para produção. Outros tiveram a produção normalizada, mas enfrentam demanda reprimida, com grande procura.

Conteúdo retirado do Campo Grande News.