Estado ganha 15.539 novos investidores na Bolsa de Valores no período de um ano
Em apenas um ano, Mato Grosso do Sul ganhou 15.539 novos investidores na Bolsa de Valores, a B3, o que representa um crescimento de 29,9%, com um salto de 51.967 para 67.506 investidores.
O número tem a tendência de aumentar ainda mais, assim como a quantidade de dinheiro investido. Em janeiro deste ano, o sul-mato-grossense tinha R$ 2,4 bilhões investidos, ante os R$ 2,1 bilhões de janeiro de 2022 – alta de 18,57%.
A tendência, de acordo com os especialistas ouvidos pelo , é de um número cada vez maior de brasileiros neste mercado financeiro.
A prova disso vem dos anos anteriores. Em 2021, por exemplo, eram 31.871 sul-mato-grossenses, com R$ 2,2 bilhões investidos. Em 2020, eram 16.252, com R$ 960 milhões; em 2019, foram 7.049, com R$ 490 milhões; e em 2018, eram 4.020 investidores, com R$ 340 milhões.
Para Eliseu Nantes, assessor de investimentos, o contexto agora é de crescimento constante, porque o Brasil ainda é um país atrasado nesta área.
“A cultura do brasileiro ainda é, infelizmente, apenas de consumo, mas as pessoas estão aprendendo. A cada reforma da Previdência, as pessoas vão percebendo que não dá para ficar dependendo de governo, investindo apenas em previdência. As aposentadorias vão ficar cada vez mais achatadas, e a saída é investir na Bolsa de Valores”, detalha.
Para o assessor de investimentos, que atualmente mora nos Estados Unidos e estuda o mercado financeiro nas duas principais bolsas de valores do mundo, a cultura dos Estados Unidos é completamente diferente.
“Diariamente você vê pessoas de todas as idades verificando e acompanhando o sobe e desce da Bolsa de Valores”, acrescenta.
Na avaliação dele, no Brasil há cada vez mais profissionais, empresas, assessores e consultores para abrir as portas deste mercado, e o mais importante é procurar informações sobre o assunto.
“Há muita literatura e muitos profissionais capacitados. No Brasil, menos de 5% das pessoas investem na Bolsa de Valores, e, no mundo, o brasileiro é menos de 1%. A partir daí, dá para ver que é um mundo em expansão”,e xplica Nantes, que considerou o ano passado de alta volatilidade, por causa de incertezas globais e, no caso do Brasil, um pouco de preocupação com os rumos da política.
PESSOAS FÍSICAS
O diretor de Relacionamento com Clientes e Pessoa Física da B3, Felipe Paiva, destaca que nos últimos anos, principalmente de 2018 para cá, cresceu muito o número de pessoas físicas chegando à Bolsa.
“Isso vale tanto em cenário de juros baixos quanto no caso de juros altos, como também no que temos agora, que é um comportamento muito similar de as pessoas começando a investir com valores baixos, experimentando mais de um produto e, principalmente, não encerrando suas posições na Bolsa, mesmo que aumentem a parcela de renda fixa em seu portfólio”, diz Paiva.
Para ele, a educação financeira, muito disseminada nos últimos anos, inclusive pela B3, contribuiu para que as pessoas entendessem o papel do investimento de renda variável em suas carteiras e o utilizassem de forma a impulsionar suas possibilidades de rendimento.
“Vemos um futuro muito promissor, com cada vez mais pessoas tomando a iniciativa de fazer o primeiro investimento e colhendo bons frutos no longo prazo”, complementa Paiva.
Na avaliação do planejador financeiro Trajano Ellera Gomes, criou-se um movimento forte de influenciadores de investimentos com uma participação significativa de pessoas físicas.
Essa popularização do investimento é considerada boa para quem atua no mercado, mas é preciso deixar claro que pode haver riscos. Um deles, segundo Gomes, é a falta de informações do investidor sobre a Receita Federal.
“Tem gente que teve o CPF bloqueado porque não mencionou nada na declaração do Imposto de Renda Pessoa Física. Isso acontece porque há muita gente buscando uma renda passiva, ou seja, investir sem trabalhar da forma tradicional”, constata.
A mudança vista nos últimos cinco anos, segundo Trajano Ellera Gomes, vem do fato de muita gente ter entrado neste mercado para especulação – o chamado day trade.
“Essas pessoas sentam na frente do computador e buscam comprar e vender ações em um único dia, buscando obter lucro. Esses operadores financeiros que vendem cursos trouxeram muita gente para este mercado. Os CPFs aumentaram a presença, mas as grandes corporações saíram”.
“Os fundos imobiliários, por exemplo, são boas opções, mas é preciso ter estratégia, porque o mercado passa por flutuações. Em Mato Grosso do Sul, em janeiro deste ano, esses investidores juntos têm, em média, R$ 37 mil. Ano passado, eram R$ 59 mil. Só 5% dos day traders ficam na Bolsa após dois anos”, analisa Gomes.
FECHAMENTO
Na mesma direção, embora a uma certa distância de Nova York, nesta segunda-feira, o Ibovespa obteve sequência de duas sessões em que conseguiu evitar perdas, algo que não ocorria desde os dias 24 e 25 de janeiro.
Após ter fechado a sexta-feira em leve alta de 0,07%, o índice da B3 avançou neste começo de semana 0,70%, aos 108.836,47 pontos, com o patamar dos 108 mil tendo predominado em fechamentos desde o dia 3 de fevereiro, vindo do encerramento de janeiro aos 113,4 mil pontos – mês em que acumulou ganho de 3,37%, após recuos de 2,45%, em dezembro, e de 3,06%, em novembro.
Neste mês, a falta de dinamismo tem se refletido também em giro mais fraco, ontem a R$ 24,2 bilhões.
No mês, o Ibovespa cai 4,05%, e no ano, cede 0,82%. Entre a mínima e a máxima do dia, o índice oscilou dos 107.419,59 aos 109.192,91 pontos, saindo de abertura aos 108.074,15 pontos.
Conteúdo retirado do Correio do Estado.