Cenário se repete com rodada desmembrada, times dependentes de verba e um favorito
Sem jogos em Campo Grande, com estreia do atual campeão marcada somente para o dia 29, o Sul-Mato-Grossense de Futebol 2023 começa neste domingo (22), de acordo com tabela divulgada no site da federação local, com o “jeitão de sempre”.
Teoricamente a rodada “cheia” tem quatro partidas. Porém, apenas dois jogos devem abrir a competição no fim de semana. Em Dourados, o time local enfrenta a Aquidauanense, no Estádio Douradão, às 15h30. Mais tarde, às 16h, o Costa Rica recebe o Chapadão, no Laertão.
A temporada para a maioria dos clubes locais é curta, pouco mais de três meses. A decisão está prevista para 30 de abril, e dez times disputam o título daquele que já foi um dos principais estaduais do Centro-Oeste. Atualmente, é assumidamente – vide ranking da CBF que põe Mato Grosso do Sul como um dos últimos entre as 27 federações – um dos mais fracos do país.
Ano após ano, o torneio sobrevive graças ao dinheiro que vem do Poder Público. Para a edição deste ano, o governo estadual já assegurou o apoio milionário ( R$ 1.014.490) como ajuda às equipes, sobretudo para bancar as viagens (hospedagem, alimentação) dos times.
O patrocínio anual para o Campeonato existe há pelo menos duas décadas. No início, a intenção do governo era de ajudar os times até que caminhassem com as próprias pernas. A expectativa não se transformou em realidade.
Descrédito é desafio
Sem grandes atrativos, a FFMS (Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul) até o momento não conseguiu patrocínio para a edição 2023. No ano passado, a empresa 1x Bet estampou seu nome ao lado do “Sul-Mato-Grossense 2022”.
Nos bastidores, a falta de credibilidade – além da questão técnica e da visibilidade – é apontada como principal obstáculo para o torneio e clubes começarem a se tornar rentáveis.
Confira o regulamento
O campeonato deste ano começa com dois grupos com cinco times cada. No A, devem jogar Costa Rica, Operário, Comercial, Serc e Coxim. Já o B está reservado para Dourado, Aquidauanense, Operário de Caarapó, Novo e Ivinhema.
As equipes se enfrentam dentro de seus grupos em turno e returno. Apenas o último de cada um será eliminado e, segundo o regulamento, rebaixado para a Série B.
Os demais se classificam para os mata-matas que começam com as quartas de final e vão até a decisão do título. O campeão e o vice garantem vagas para a Copa do Brasil 2024.
Operário é a esperança da vez
Com apenas uma vaga reservada para os campeonatos brasileiros, cabe ao Operário, este ano, o desafio de mudar o patamar de Mato Grosso do Sul no cenário nacional.
Atual campeão local, o clube mais tradicional do Estado tem em seu calendário a Copa Verde, a Copa do Brasil e o Brasileiro da Série D.
“O elenco que montamos é experiente, já tem bagagem nas competições das quais vamos disputar. Trouxemos alguns remanescentes da equipe deste ano. O objetivo é claro, o Operário não pensa em outra coisa a não ser conquistar o acesso para a Série C”, disse, a O Estado Online, o presidente eleito, Nelson Antônio da Silva, durante a apresentação do elenco para a temporada 2023, há exatamente um mês, no dia 22 de dezembro.
Além de apoios pontuais, a diretoria manteve promoções para reforçar o caixa, como as vendas de pizzas, e espera ter o mesmo apoio estadual recebido pelo Costa Rica. Em 2022, coube à Cobra do Norte representar Mato Grosso do Sul em disputas fora do Estado. O Crec foi eliminado precocemente em todas, e, de quebra, viu o Galo de Campo Grande virar protagonista nesta temporada.
O Governo do Estado liberou pelo menos R$ 500 mil ao Crec. Durante o lançamento do Sul- -Mato-Grossense 2023, na última segunda-feira (16), Sílvio Lobo, da Fundesporte (Fundação de Desporto e Lazer de MS), garantiu que a medida será repetida. Segundo ele, o valor ainda está em estudos.
O primeiro compromisso para valer do Operário na temporada deve ser em 18 de fevereiro. O Alvinegro joga a primeira fase da Copa Verde, fora de casa, diante do Tocantinópolis, em jogo único.
No Estadual, a estreia será com o Comercial, no próximo domingo (29), provavelmente no acanhado campo das Moreninhas. Palco tradicional, o Morenão passa por reformas, cuja conclusão estava prevista para antes do início do Campeonato.
Comercial em estilo ‘vai com o que dá’
Segundo clube com mais títulos do Sul-MatoGrossense, o Comercial é um exemplo. “Não temos dinheiro em caixa. Hoje preciso de 400 mil para viagens (teoricamente paga pelo governo), hotelaria (teoricamente paga pelo governo), alimentação e não temos esse valor. Posso afirmar que o dinheiro que recebemos do governo é o que vamos usar para disputar o Estadual”, disse, a O Estado Online, o presidente colorado, Cláudio Barbosa.
Desse modo, um dos objetivos da diretoria é colocar um time estilo “vai com o que dá” em campo, e evitar punições em caso de desistência.
Já o Novo aproveitou a pouca identificação que possui com Campo Grande e adotou a opção de parceria com a Prefeitura de Sidrolândia, onde mandará seus jogos. Dentro de campo, uma empresa de São Paulo ficou responsável pela formação de elenco e comissão técnica. Com isso, o presidente do time, Eder Cristaldo, espera surpreender na volta do clube ao Estadual.
No interior, ausências de peso
Nos times dos demais municípios, a situação também é semelhante à de outros anos. A participação depende basicamente de recursos que provêm do Poder Público. Maior vencedor dos clubes com sede fora de Campo Grande – quatro conquistas – o Águia Negra foi rebaixado ano passado. Na época, uma das razões apontadas por um dos responsáveis pelo time, Iliê Vidal, para a decadência do representante de Rio Brilhante foi o fim do repasse da prefeitura para ajudar a bancar o elenco.
Outro clube com tradição, o Corumbaense, também segue distante de um retorno aos campos. A falta de estrutura faz com que o Galo Carijó siga fora da disputa da competição do qual foi campeão pela última vez há apenas seis anos.
Conteúdo retirado do O Estado.