Determinadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) contra os prováveis financiadores dos atos de vandalismos ocorridos em Brasília (DF), no dia 8 de janeiro deste ano, e do bloqueio do Trevo da Bandeira, em Dourados (MS), no dia 18 de novembro do ano passado, foram deflagradas, na sexta-feira, duas operações pela Polícia Federal em Mato Grosso do Sul, denominadas Lesa Pátria e Unlock II, respectivamente.
Na primeira, a intérprete de libras Soraia de Mendonça Bacciotti, de 48 anos, foi presa em Campo Grande (MS) acusada de ser uma das financiadoras dos atos antidemocráticos ocorridos na capital Federal, que resultaram na depredação do prédio do STF, do Congresso Nacional e do Palácio do Planalto, enquanto na segunda foi preso, em Dourados, o empresário José Carlos Rozin sob a suspeita de organizar e financiar o bloqueio do Trevo da Bandeira contra a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e para pedir golpe militar no Brasil.
Formada em Pedagogia e com cursos de Turismo e Gastronomia, Soraia Bacciotti apareceu em postagens nas redes sociais como apoiadora do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e ficou famosa como a intérprete de libras durante a campanha eleitoral para governador do deputado estadual Capitão Contar (PRTB).
Ela também frequentava o acampamento em frente ao Comando Militar do Oeste (CMO), o QG de Capitão
Contar e nas passeatas e motociatas em favor de intervenção militar no Brasil.
Em 7 de novembro de 2022, a intérprete aparece em um vídeo, divulgado nas redes sociais, hostilizando jornalistas que faziam cobertura do acampamento em frente ao CMO.
Outros sete mandados de prisão e 15 de busca e apreensão foram cumpridos pela PF no Distrito Federal e nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Goiás, prendendo Ramiro Alves da Rocha Cruz Júnior, o Ramiro dos Caminhoneiros, Randolfo Antônio Dias e Renan Silva Sena.
Dourados
Sócio de uma empresa de terraplanagem e outra de engenharia em Dourados, o empresário José Carlos Rozin foi o único preso na segunda fase da Operação Unlock sob a acusação de organizar e financiar o bloqueio do Trevo da Bandeira.
A investigação da PF mostrou que ele financiou o protesto daquele dia, quando pneus foram levados por homens encapuzados em uma carreta até o Trevo da Bandeira (BR-163 com BR-463), colocados em forma de barricada na pista e incendiados.
Um Fiat Uno que passava pelo trevo ficou totalmente carbonizado após o condutor cruzar o bloqueio em chamas, ele não ficou ferido. Duas horas antes do bloqueio, José Carlos Rozin fez postagem em grupo de WhatsApp informando que já estava no Trevo da Bandeira e que naquele momento era o único manifestante no local.
Denominado Dourados MS-BR-163, o grupo reúne apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro descontentes com o resultado da eleição. O grupo, que estava acampado em frente ao quartel do Exército, localizado na Avenida Guaicurus, planejava bloquear o trevo, mas o incidente causado pelos pneus em chamas esvaziou o movimento.
No dia 20 de novembro, quando foi desencadeada a primeira fase da operação, o empresário foi alvo de buscas feitas pela PF por ordem da Justiça Federal.
Naquele dia, agentes da PF e policiais rodoviários federais também cumpriram mandados de busca na casa do caminhoneiro André França da Silva, 39 anos, no Jardim Márcia. Proprietário da carreta bitrem usada para levar os pneus ao bloqueio, ele foi preso no distrito de Itahum.
Em maio de 2022, José Carlos Rozin foi um dos condenados no processo que apurou desvio de R$ 34,7 milhões (valores atualizados) no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit), de 2002 a 2006. Ele pegou pena de seis anos, quatro meses e 24 dias, mas permanece em liberdade.
O principal réu no caso, o ex-supervisor do Dnit em Dourados, Carlos Roberto Milhorim, foi condenado a 36 anos, dois meses e 20 dias de prisão.
Fábio Fischer, juiz da 2ª Vara Federal em Dourados, condenou Milhorim por corrupção passiva e peculato. Também determinou a perda de um apartamento no edifício Ilhas Gregas, no centro de Dourados.
Conteúdo retirado do Correio do Estado.