Search
Picture of Informativo

Informativo

Paralisação dos ônibus faz corridas por aplicativo aumentarem em Campo Grande

Picture of Informativo

Informativo

Capital amanheceu sem ônibus nesta quarta e motoristas de aplicativo lucraram - GERSON OLIVEIRA/Arquivo - Correio do Estado
Facebook
Twitter
WhatsApp
Telegram

Capital amanheceu sem ônibus e população teve de recorrer a outros meios para chegar no trabalho

Cerca de 120 mil campo-grandenses foram prejudicados pela paralisação dos ônibus e ‘ficaram na mão’ sem ter como ir para o trabalho ou outros compromissos.

Com isso, grande parte da população, que não possui meio de locomoção próprio, teve que recorrer a outros meios para chegar no trabalho, como corridas por aplicativo.

Em entrevista exclusiva ao Correio do Estado, o presidente do Sindicato dos Motoristas de Aplicativo (Aplic-MS), Paulo Pinheiro, afirmou que as corridas aumentaram bastante nesta quarta-feira (18) e acredita que seja por conta da paralisação do transporte coletivo.

Ele ressaltou que os usuários enfrentam espera e preços altos na manhã desta quarta-feira (18), pois são muitas corridas para poucos motoristas.

“Teve gente que queria carro para as 9 horas e só foi conseguir às 11 horas, pois o valor estava muito alto”, explicou.

O motorista de aplicativo, Luiz Américo, é motorista das plataformas Uber, 99 Pop e In drive e afirmou que esperava que o movimento fosse melhor nesta quarta-feira (18), pelo fato de não haver ônibus.

“Esperava faturar um pouquinho mais. Para mim, particularmente, [o movimento] foi a mesma coisa. Acho que devido as notícias, terem avisado antes sobre a greve, acabou afetando um pouco. A população se preparou para pegar carona”, disse.

“A greve passada que teve o faturamento foi bem melhor porque pegou a população de surpresa. Vamos ver como será agora a tarde, no fim do expediente, pois a população vai estar saindo do serviço e acaba tendo um dinâmico”, finalizou.

Pinheiro ainda ressaltou que a quantidade de motoristas por aplicativo diminuiu, pois os profissionais migraram para a profissão de moto entregador.

“Muitos saíram dos veículos e foram trabalhar como moto entregadores devido ao preço do combustível, manutenção do carro, tributação dos aplicativos e locação cara de veículos. Moto é mais vantajoso. Tem moto entregador trabalhando em delivery, pizzaria, restaurante, farmácia”, detalhou.

Números

De acordo com o presidente da Aplic-MS, Paulo Pinheiro, existem:

  • 62 mil motoristas de aplicativo em Mato Grosso do Sul – se contar os moto entregadores de delivery, o número chega a 99 mil
  • 350 mil-500 mil usuários
  • Os municípios que abrangem corridas por aplicativo são Campo Grande, Ponta Poraã, Dourados, Rio Brilhante, Três Lagoas, Corumbá, Paranaíba, Costa Rica, Nova Andradina e Naviraí
  • As plataformas existentes em MS são Uber, 99 POP e In drive

Paralisação 

O Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo Urbano de Campo Grande (STTCU-CG) deflagrou, nesta terça-feira (17), greve do ônibus em Campo Grande, após reunião sem sucesso com representantes do Consórcio Guaicurus, empresa que opera o transporte coletivo em Campo Grande.

Com isso, motoristas de ônibus ‘cruzaram os braços’ e a Capital amanheceu sem transporte coletivo nesta quarta-feira (18). 

Terminais amanheceram vazios e fechados. Veículos não saíram das garagens. Pontos de ônibus também amanheceram com poucas pessoas.

A categoria reinvindica por reajuste da tarifa do transporte público e reajuste salarial de 16%. Mas o Consórcio Guaicurus ofereceu apenas 6,5% de reajuste na remuneração, referente ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). O último reajuste ocorreu em novembro de 2021. 

O Consórcio Guaicurus entrou na justiça contra a greve desta quarta-feira (18), para tentar barrar o protesto e obrigar a categoria a trabalhar normalmente. Mas, a Justiça do Trabalho manteve o movimento como legal e autorizou a greve. 

Em entrevista ao Correio do Estado, o presidente do STTCU-CG, Demétrio Freitas, afirmou que a paralisação é uma forma de alertar o Consório Guaicurus a respeito da insatisfação dos motoristas.

“Nós estamos há dois meses dando um prazo do Consórcio. Só teve uma proposta na questão do salário, que foi 6,5% do nosso INPC no período de 12 meses. Não é viável, não tem como aceitar, né? E ontem [terça-feira 17] fomos avisados [pelo Consórcio Guaicurus] que não tinha como mais como voltar a conversar com a gente”, declarou.

A categoria espera que a empresa entre em contato com a categoria para retomar as negociações. Assembleia dos motoristas está prevista para ocorrer no próximo sábado (21). 

Em entrevista ao Correio do Estado, o diretor-presidente do Consórcio Guaicurus, João Rezende, afirmou que não tem como avançar nas negociações, pois não há verba para reajuste, nem nova frota e nem melhorias do transporte.

“Não temos recurso financeiro para assumir esas despesas, nem para renovar frota, nem para investir em tecnologias, pois essa tarifa está defesada”, disse.

Atualmente, a tarifa de ônibus custa R$ 4,40, mas, o Consórcio Guaicurus aprova o valor de R$ 7,80, com o objetivo de repassar a correção inflacionária aos usuários.  

Além disso, Rezende afirmou que é dever da prefeitura reajustar a tarifa para que a situação seja resolvida. 

“Campo Grande não fez a tarifa técnica. Pedimos à prefeitura que tomasse as previdências para que isso [paralisação] fosse evitado. Fica parecendo que é o Consórcio o causador de toda essa paralisação. O transporte é um serviço público, igual um posto, escola, igual coleta do lixo. É obrigação da prefeitura de deixar funcionando e não é com recurso de empresário privado, tem que ser com subsídio”, explicou. 

Segundo a empresa que opera o transporte coletivo em Campo Grande, a omissão do reajuste se deve a demora da Prefeitura Municipal de Campo Grande em decretar a nova tarifa do setor. 

De acordo com a administração municipal, a demora se deve à cautela para o cálculo do novo valor. 

Em nota, a Prefeitura afirmou que “o reajuste da tarifa está sendo cautelosamente estudado, e o Poder Executivo tem feito todo o possível para continuar subsidiando as gratuidades para estudantes, idosos, pessoas com necessidades especiais e seus acompanhantes. As tratativas em relação ao reajuste da tarifa de ônibus para 2023 estão em andamento, o próximo passo será a discussão, no dia 24, com o Conselho de Regulação, que é formado por membros da sociedade civil e órgãos da administração pública”.

A última greve ocorreu em 21 de junho de 2022, a qual pegou toda a população de surpresa. Ninguém sabia que não haveria circulação de ônibus naquele dia.

Conteúdo retirado do Correio do Estado.