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Estratégia de frigoríficos expõe guerra na cadeia produtiva e carne cara

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Três frigoríficos do estado de MS exportam para a China: Naturafrig (Rochedo); FrigoSul (Aparecida do Taboado); e Agroindustrial (Iguatemi). - Reprodução
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Mesmo com arroba em retração, os preços dos cortes bovinos vendidos aos consumidores se mantêm estáveis

Queda no preço da arroba paga ao produtor não se reverte em preços finais menores para o consumidor em Mato Grosso do Sul. Frigoríficos fecham em férias coletivas e justificam queda no consumo de carne. No entanto, analistas de mercado acreditam em estratégia para manter os preços da arroba em queda para o produtor e em alta para o consumidor.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística(IBGE), o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) das carnes tem alta acumulada neste ano de 1,61%, medida em julho. Mesmo com a queda do preço da arroba na entressafra do boi, o preço no mercado segue em alta.

A arroba do boi gordo despencou na última semana. Na segunda-feira (8), o preço fechou negociado a R$ 282,91, em média, em Mato Grosso do Sul. Em menos de cinco dias, ao preço recuou R$ 7,91, fechando na sexta-feira (12) a R$ 275, retração de 2,79%.

No mesmo período do ano passado, o preço pago pela arroba do boi gordo estava acima de R$ 300 no mercado físico de MS.  

A retração está relacionada a alguns fatores apontados por especialistas consultados pelo Correio do Estado: a baixa no mercado consumidor brasileiro de carne, o aviso de férias coletivas de algumas plantas da JBS, em Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Pará, e pequena retração de exportações na primeira semana de agosto.  

Segundo informações do jornal Valor Econômico, a gigante JBS fechou em regime de férias coletivas, por cerca de 20 dias, a planta de Nova Andradina, em Mato Grosso do Sul, as plantas de Pontes e Lacerda, Alta Floresta e Colíder, em Mato Grosso, e as plantas de Redenção e Tucumã, no Pará.

Conforme a assessoria de imprensa da JBS, a maior produtora de carne bovina do mundo, a empresa não se manifestará sobre o assunto.  

Com a paralisação, as escalas de abate se estenderam por mais dois dias em Mato Grosso do Sul, saindo de 10 dias para 12 dias na última semana.  

CONSUMO

O presidente do Sindicato Rural de Campo Grande, Corguinho e Rochedo (SRCG), Alessandro Coelho, diz que o baixo consumo de carnes no mercado interno tem contribuído para as decisões e que, mesmo com o arrefecimento da demanda interna de carnes no Brasil, esse ainda é o principal destino do boi abatido em MS.  

“O mercado interno hoje está fraco. Mesmo com a queda, ele ainda é a grande parcela consumidora de carne. Só que, de uns tempos para cá, os frigoríficos não conseguem competitividade, porque tem grandes indústrias que tomaram boa parte das plantas e dominaram o mercado”, explica.  

Segundo ele, as empresas têm margem de lucro e precisam dar lucro aos acionistas. “Para elas, se for necessário fechar determinada planta, fecham sem problemas e acaba sendo mais vantajoso”.  

Levantamento do Correio do Estado em supermercados e casas de carnes de Campo Grande aponta que os preços, apesar de terem caído na ponta produtora, não diminuíram nos açougues.  

A pesquisa levou em conta quatro estabelecimentos e notou variação de até 60,12% no preço do filé-mignon e de 26,37% no preço da picanha. Os preços mais caros encontrados foram de R$ 79,98 para o filé-mignon e de R$ 74,50 para a picanha. Os mais baixos foram de R$ 58,90 e de R$ 55,90 para os cortes, respectivamente.  

Já o valor mais baixo para o contrafilé é de R$ 35,90, o da alcatra, R$ 34,75, e o do lagarto, R$ 29,90. Na ponta contrária, os preços mais altos são de R$ 55,98, R$ 47,90 e R$ 42,98 para cada corte, respectivamente.  

REGULADORES

Conforme Alessandro Coelho, a escala de abate das plantas é muito maior do que o que os produtores podem fornecer. 

“Então, os frigoríficos acabam fechando porque têm condição para isso. Eles pagam um pouquinho a mais de frete e vão buscar mais longe. Assim, conseguem alongar a escala de abate e regular o preço”, explica.  

Gerente de vendas da Casa de Carnes Excelência, Gabriela Brito Farias diz que os preços se mantiveram nos últimos meses, mas, ao contrário do cenário nacional, a demanda não caiu. “Ainda temos um ano melhor em demanda em comparação com 2021”, comenta.  

Segundo Felipe Fabbri, da Scot Consultoria, o Dia dos Pais pode auxiliar no escoamento no curto prazo, mas não tem força suficiente para enxugar os estoques alegados pela indústria bovina.  

Ele ainda comenta que o cenário exportador está um pouco mais negativo em agosto.

“Até o momento, temos 4,6% de recuo em comparação com agosto de 2021. Como câmbio pressionado para baixo, olhando para o restante do mês, o cenário é baixista para o boi gordo. O que ditou a intensidade dessa queda foi a questão do consumo doméstico. Desde julho, as exportações estavam bem aceleradas”, pondera.

Conforme dados da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), a exportação de carnes de Mato Grosso do Sul, de janeiro a julho deste ano, superou o mesmo período de 2021 em 18,57% na quantidade exportada, saltando de 111.225 toneladas para 131.883 toneladas.

Já os recebidos pela indústria no período totalizaram US$ 496.656.600 em 2021 contra US$ 694.344.430 neste ano – 39,80% de variação. 

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Reprodução – Correio do Estado

Conteúdo retirado do Correio do Estado.