Justiça autorizou quebra de sigilo da Prefeitura; policiais periciaram gabinetes e levaram computadores durante operação realizada na manhã desta terça
A Polícia Civil tem fotos de uma das vítimas dos crimes contra a dignidade sexual supostamente praticados pelo ex-prefeito de Campo Grande Marquinhos Trad (PSD) no gabinete da prefeitura no período em que ele era prefeito.
A Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) apura a prática de crimes como assédio sexual, estupro, exploração sexual e perseguição em um inquérito em que, além do ex-prefeito, outras três pessoas são investigadas.
Para ter mais detalhes de como os supostos abusos sexuais ocorriam, na manhã desta terça-feira (9), a juíza da 3ª Vara Criminal de Campo Grande, Eucélia Moreira Cassal, autorizou a busca e apreensão de documentos e dados de computadores no gabinete do chefe do Executivo da Capital.
Desde que Marquinhos renunciou ao cargo, no início de abril, o gabinete é ocupado pela atual prefeita, Adriane Lopes (Patriota), eleita vice na chapa do ex-prefeito em 2020. Atualmente, Marquinhos Trad é candidato ao governo de Mato Grosso do Sul.
Na decisão da magistrada, também foi autorizada a quebra de sigilo da Prefeitura Municipal de Campo Grande. O objetivo das equipes da Polícia Civil é ter acesso aos dados de entrada e saída do gabinete municipal nas datas mencionadas pelas vítimas no inquérito.
Na segunda-feira (8), quando a operação foi autorizada, eram 11 mulheres que se declaravam vítimas do ex-prefeito, mas ontem, conforme apurou o Correio do Estado, o número estava em 15, e uma 16ª suposta vítima já havia procurado o disque-denúncia da Deam.
Além da apreensão de computadores do gabinete da prefeitura, a perícia criminal também examinou o gabinete do prefeito, a sala acoplada, o banheiro e o plenarinho. Conforme a representação da Polícia Civil à juíza Eucélia Moreira Cassal, estes seriam os locais dos delitos. “Aponta que há fotos de uma das vítimas no local”, relatou a magistrada, ao resumir o pedido feito pela Deam.
Ao deferir a operação policial desencadeada na manhã desta terça-feira, a juíza da 3ª Vara Criminal de Campo Grande entendeu que os requisitos para o deferimento das buscas, da quebra de sigilo e da perícia estavam presentes.
“Há indícios de que o investigado, utilizando-se de sua posição política, influência e condição econômica, teria abordado mulheres visando benefícios de cunho sexual e em troca vantagens financeiras, tanto em dinheiro quanto em cargos públicos, e em alguns casos de forma intimidadora e com o uso da força física”, argumentou a juíza Eucélia Moreira Cassal.
A juíza, em sua decisão, porém, limitou a ação da perícia, que poderá ser realizada apenas no período dos fatos investigados. Conteúdo retirado do Correio do Estado.