Inquérito policial foi instaurado após o depoimento de mulheres; Ex-prefeito nega as acusações
Conforme foi publicado pelo jornal Metrópoles, a Polícia Civil do Mato Grosso do Sul instaurou um inquérito policial para investigar denúncias de episódios de assédio sexual que teriam sido cometidos por Marquinhos Trad, ex-prefeito de Campo Grande e atual candidato do PSD ao governo estadual.
O procedimento foi aberto após apuração preliminar baseada no depoimento de quatro mulheres que procuraram a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) — três delas dizem ter se sentido assediadas. Trad nega as acusações e alega ser vítima de complô por liderar as pesquisas de intenção de voto.
No inicio foram apresentados três dos relatos, onde as denunciantes dizem que passavam por dificuldade financeira e foram atraídas para o gabinete da prefeitura com a promessa de emprego em órgão municipal. Após a repercussão da investigação, as denúncias explodiram, e hoje já se contabiliza mais de quatorze denuncias segundo fontes. Entre as vitimas, duas afirmam ter mantido relações sexuais consentidas dentro do gabinete do prefeito.
Porém o caso tem ganhado novos capítulos, além de novas denuncias que vem sendo realizada no canal da Policia Civil, um fato antigo ganhou grande notoriedade. Trata-se de uma menor de idade que na época trabalhava na Prefeitura como mirim. A denúncia foi feita na Depca (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente) em fevereiro de 2018, um dia após a adolescente relatar o fato à mãe. Ela teria sido beijada pelo então prefeito com um selinho, após ele pedir a ela um beijo na bochecha.
Segundo os registros policiais aos quais o Mídia Max teve acesso, no momento em que o boletim de ocorrência era elaborado, o então secretário de Governo de Marquinhos na Prefeitura, Antônio Cézar Lacerda Alves, teria ido até a delegacia, supostamente para tentar coagir a vítima. A família da menina não quis prosseguir com a denúncia para não ser perturbada ou perseguida pelo prefeito e seus assessores.
Meses após a desistência da jovem na denúncia, a mesma ‘ganhou’ cargo sem concurso na prefeitura.
O INICIO
O Jornal Metrópoles foi o primeiro a denunciar o ocorrido e teve acesso aos depoimentos. Segundo a depoente W. a mesma afirma que foi levada por Trad ao banheiro do gabinete, mas que recusou a investida:
“QUE a declarante narra que MARCOS começou a tentar beijá-la passando a mão em seu corpo, mais precisamente em seus seios e, em seguida a empurrou para uma pia e abaixou as próprias calças; QUE a declarante alega que todo este ato foi muito rápido e a mesma estava apavorada, além disso, a declarante pode sentir que o mesmo estava com ereção e que tentou levar a sua mão ao seu órgão genital; QUE, diante da negativa da declarante em manter qualquer relação sexual com a pessoa de MARCOS, o mesmo vestiu as calças”, diz trecho da investigação preliminar feita pela Polícia Civil e à qual a coluna teve acesso.
Já a depoente X., que diz ter mantido relações consensuais com Trad por certo tempo, afirma que foi vítima de assédio meses após o término do caso extraconjugal com o então prefeito, quando ela já estava casada com outro homem. Segundo o relato, Trad, já ex-prefeito, teria tentado beijá-la à força, em 17 de junho deste ano, no atual comitê de campanha usado pelo candidato ao governo.
O relato de Y. se assemelha ao de X., com exceção de que, segundo Y., o então prefeito teria se recusado a usar camisinha durante o ato sexual, contrariando o que ela afirma ter pedido.
A declarante diz que, em quatro ocasiões, foi até a prefeitura devido a promessas de emprego feitas por Trad que nunca se concretizaram. E que, nessas visitas, houve relações sexuais consentidas dentro do gabinete.
MARQUINHOS NÃO COMPARECE EM COLETIVA E DEFESA ALEGA ARMAÇÃO
Denunciado por assédio, o ex-prefeito de Campo Grande, Marcos Trad, se manifestou por meio de advogadas, não comparecendo a coletiva de imprensa convocada por ele.
As advogadas de defesa do ex-prefeito de Campo Grande e pré-candidato ao Governo do Estado, Marquinhos Trad (PSD), disseram, em coletiva realizada na manhã desta terça-feira (26) afirmaram que o caso se trata de armação da oposição.
Elas afirmaram que tem provas concretas que as denúncias de assédio sexual contra o político é armação, mas que não poderiam apresentar essas provas sem a permissão das pessoas envolvidas.
Rejane Alves de Arruda e Andrea Flores, as profissionais à frente do caso, disseram terem tido acesso ao inquérito apenas na última sexta-feira (22), quando ainda eram quatro denunciantes, e afirmaram que as mulheres que fizeram tais denúncias foram pagas por outro partido com a finalizade de prejudicar Marquinhos na corrida eleitoral.
EX-PREFEITO FALA EM RETALIAÇÃO, MAS CONFIRMA CASO EXTRACONJUGAL
Para a Revista Veja, a equipe de Marquinhos afirmou que as acusações de assédio que vem sofrendo são uma retaliação da secretaria de segurança após o ex-prefeito criticar ação da Polícia Militar do estado que culminou na morte de um indígena da etnia guarani-kaiowá, no fim de junho.
Depois disso , Trad se tornou alvo de uma investigação da Polícia Civil sobre supostos abusos sexuais que o ex-prefeito teria cometido em 2020, quando ainda era prefeito. Ele nega as acusações, feitas por ao menos três mulheres em depoimento à Polícia Civil.
Porém ex-prefeito e pré-candidato ao cargo de governador de Mato Grosso do Sul pelo PSD, Marquinhos Trad, confirmou ao site Metrópoles que teve caso extraconjugal e relações consentidas com umas das denunciantes. Entretanto, nega que a relação sexual ocorreu dentro do gabinete.
“Dentro do gabinete nunca teve [sexo]”, disse ao portal nacional.
Segundo as mensagens eles, supostamente, teriam se encontrado na prefeitura. Na manhã do dia 12, a mulher comunicou o ex-prefeito de que estava a caminho da prefeitura e questiona se o encontro ocorreria no 2º andar. Informação que foi confirmada por Trad. Duas horas depois, a denunciante inicia nova conversa na rede social indicando que teria aprovado o encontro, assim como Marquinhos.
POLICIA CIVIL DESMENTE QUE DENUNCIAS SEJAM FAKE NEWS
A coletiva dada pela Policia Civil de Mato Grosso do Sul, com a presença da delegada Maíra Pacheco da DEAM (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), Dr. Roberto Gurgel, Delegado-Geral da Policia Civil de MS e o Diretor de Delegacia Especializada, Dr. Edilson Pereira Santos, dada hoje (26), ressaltaram a importância do sigilo e proteção das mulheres que estão contribuindo com o inquérito aberto contra o ex-prefeito Marquinhos Trad e que denúncias não são fake news.
Durante a coletiva a delegada falou da preocupação em manter a segurança das mulheres que estão sendo ouvidas no inquérito e afirmou estarem seguras. “A investigação corre em segredo de justiça e enquanto investigarmos manteremos a dignidade e integridade das mulheres”, afirmou a delegada.
Questionados sobre as primeiras denúncias feitas por quatro mulheres serem ou não verídicas, o delegado afirmou que estão apurando e que consideram todas as denúncias e garantiu que não são falsas. “Seremos incisivos que esta é uma investigação policial e aqui não é política. Há um prazo para que as diligências sejam cumpridas e assim faremos”, destacou o delegado Roberto Gurgel.
Veja na integra:
IRMÃO DE PREFEITO ATACA INSTITUIÇÃO DA POLICIA CIVIL; “POLICIA TUCANA”
Na quarta-feira (27), o Deputado Federal Fabio Trad postou em sua rede social um vídeo onde o mesmo questiona a legitimidade dos processos por assédio de seu irmão e postulante ao cargo de Governo do Estado, Marquinhos Trad.
Em vídeo, o Deputado afirma que as vitimas de assédio teriam sido pagas para mentirem em denúncias contra o ex-prefeito da Capital. Além disso, o Deputado também diz que a responsável pela suposta compra de falsas acusações tem cargo no Governo do Estado. Confira o vídeo.
POLICIA ABRE CANAL EXCLUSIVO PARA DENUNCIAS
A Polícia Civil abriu um canal exclusivo para que as vítimas possam denunciar os supostos assédios cometidos pelo ex-prefeito e pré-candidato ao Governo do Estado, Marquinhos Trad. O aparelho celular, com o número (67) 99324-4898, segundo o delegado-geral da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, Roberto Gurgel, ficará 24 horas sob o cuidado da delegada Maira Pacheco, responsável pelo caso.
“Esse aparelho conta também com o aplicativo de conversas WhatsApp e a vítima falará direto com a delegada do caso, sem uma terceira pessoa envolvida. Inclusive ele pode ser utilizado para encaminhamento de materiais também”, explicou.
O delegado declarou ainda, durante reunião com seis vereadores de Campo Grande e o secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública, Antonio Carlos Videira, que o número de denunciantes atualizado subiu para oito mulheres.
“Primeiro eu quero deixar claro aqui que a Polícia Civil trata do caso como um caso policial e não político. Nosso trabalho não tem lado, nós queremos esclarecer os fatos e assim vamos dando continuidade as investigações”, assegurou.
Sobre o fato do caso estar em sigilo, Gurgel esclareceu que essa medida foi tomada, justamente, para que não haja interferências nas investigações. “Preservar o que já foi feito e o que será realizado”.
DEFESA TENTA DESQUALIFICAR DEPOENTES
A defesa do ex-prefeito Marcos Trad, tem constantemente utilizado o termo de armação contra as supostas vítimas do mesmo. Dentre as formas de desqualificar as denunciantes, a defesa alega que as primeiras vítimas seriam garotas de programa. O mesmo discurso foi replicado por Benedito de Paula, no programa Boca do Povo. Porém segundo fontes, as denúncias já contam com o testemunho de uma advogada, professora e mães de família.
REPERCURSSÃO NACIONAL
Após sair em diversos veículos de imprensa nacionais, a Globo News comentou o caso na quarta-feira (27). Na reportagem a apresentadora diz que ex-prefeito é investigado por assédio sexual, importunação sexual, favorecimento à prostituição, estupro e tentativa de estupro.