A negociação de 51% da empresa da Petrobras para a Compass Gás e Energia foi concluída por R$ 2,097 bilhões
O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou a venda de 51% da Petrobras Gás S.A. (Gaspetro) para a Compass, subsidiária do grupo Cosan. O valor da transação, anunciado na semana passada, foi de R$ 2,097 bilhões. A mudança não deve impactar a Companhia de Gás do Estado de Mato Grosso do Sul (MSGás).
No ano passado, quando o Estado decidiu não privatizar a companhia, fontes ouvidas à época disseram que a venda da Gaspetro poderia influenciar na privatização da MSGás.
De acordo com o secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), Jaime Verruck, não há chance nenhuma de que a privatização da Gaspetro se estenda à companhia estadual.
“O governo do estado de Mato Grosso do Sul fez o processo, entendeu que não era o momento, então, houve uma tomada de decisão pela não privatização”, sentencia.
Segundo a companhia, a MSGás sempre esteve aberta a novos sócios e preza pelo novo relacionamento. Na visão da empresa, o foco está direcionado a novos investimentos e não há conversas sobre privatização.
Com isso, a estatal brasileira cumpre o Termo de Compromisso de Cessação (TCC), assinado em julho de 2019, para incentivar a competitividade no setor de gás natural no Brasil.
Segundo a Petrobras, a venda contempla a “estratégia de gestão do portfólio” e a “melhoria de alocação do capital da companhia, visando maximização de valor e maior retorno à sociedade”.
A Gaspetro é uma holding que detém participação em 18 companhias de gás regionais pelo Brasil, entre elas, a MSGás. Em 2016, 49% da empresa havia sido adquirida pela japonesa Mitsui Gás e Energia. Em decorrência desse acordo, a nova empresa se chamará Commit.
Segundo o doutor em Economia Michel Constantino, a maior mudança será notada em investimentos.
“O que deve mudar com a compra é o montante de investimentos e a eficiência. A experiência do grupo Cosan soma com as expectativas de investimentos pós-marco regulatório do gás, que potencializa um vetor de desenvolvimento no Estado e no Brasil, principalmente, em infraestrutura. No médio e longo prazos, os impactos positivos serão visíveis na economia”.
Aprovada em 2021, a nova legislação proíbe uma empresa de participar de todas as etapas da cadeia de produção do gás natural, da extração e processamento à distribuição.
De acordo com o Ministério da Economia, a concorrência possibilitada pelas novas regras ajudará a reduzir o preço do gás. Segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o marco regulatório deve gerar investimentos entre R$ 50 bilhões e R$ 60 bilhões.
PARCERIA
Segundo o diretor-presidente da MSGás, Rui Pires dos Santos, a companhia sempre esteve aberta a novos sócios. “Estamos sempre nos modernizando e, por isso, está aberta a novos sócios. Hoje, as distribuidoras têm papel determinante e fundamental na ampliação da segurança energética e no desenvolvimento socioeconômico regional”, declara.
Segundo Verruck, as mudanças que virão vão mais além do nome da companhia controladora.
“Com a participação da Commit, eles têm assento no conselho de administração e também indicam o diretor técnico e o diretor operacional da MSGás. Como já está previsto no estatuto da empresa, eles já assumem imediatamente essas duas vagas”, explica.
A principal mudança, no entanto, será na área comercial, conforme o secretário.
“Eu acredito que, com a vinda da Commit e do setor privado, a gente ganha na área comercial. Vai ter uma intensificação. A busca de ampliação de clientes, que já era um trabalho que vinha sendo feito: nós pegamos a MSGás praticamente com mil clientes e temos 13 mil clientes hoje, então, houve uma forte expansão da rede”, diz Verruck.
Já Pires dos Santos considera essa uma nova fase de investimentos no setor.
“A MSGás e a Commit estão prontas e disponíveis para construir juntas uma jornada colaborativa e de apoio na ampliação do acesso ao gás natural, levando os benefícios econômicos, sociais e ambientais do gás canalizado a um número ainda maior de municípios e clientes de MS”, finaliza.
Com previsão de expansão da rede, já está prevista expansão dos serviços para Sidrolândia em 2024, projeto que será anunciado nas próximas semanas. O plano deve ser posteriormente ampliado para Maracaju e Dourados.
A distribuidora de gás nacional agora passa ao controle da Compass, que faz parte do grupo Cosan, que também controla a Raízen, geradora de energia, açúcar e etanol, com duas usinas em MS, uma em Rio Brilhante e outra em Caarapó, e a Rumo Logística, empresa responsável pela operacionalização de modais ferroviários e armazenamento de cargas. Além disso, a holding da Cosan ainda controla a Moove, empresa especializada em produzir e comercializar óleos lubrificantes.
NÚMEROS
A Gaspetro detinha participação societária em 18 companhias distribuidoras de gás natural, localizadas em todas as regiões do Brasil. Suas redes de distribuição somam, aproximadamente, 10 mil km, com volume distribuído de cerca de 29 milhões m³/dia.
Dessa forma, a MSGás segue sendo controlada pelo governo do Estado, com 51% da participação. Os 49% restantes, que eram da Gaspetro, passam para a Commit.
A companhia estadual tem cerca de 13 mil clientes na base de unidades consumidoras e rede de distribuição acima dos 406 km, com investimentos que ultrapassaram R$ 22 milhões. Foram distribuídos 576,4 milhões de m³ de gás natural (1,6 milhão de m³ por dia) no último ano, uma elevação de 39,3%, quando comparado a 2020, gerando lucro de R$ 52,3 milhões.
SAIBA
Criada pela Cosan, em 2020, para atuar no segmento de gás e energia, a Compass controla a Comgás, maior distribuidora de gás do País, com mais de 19 mil quilômetros de rede instalada e 2,1 milhões de clientes em 94 municípios do estado de São Paulo.
Conteúdo retirado do Correio do Estado.