Comissão Permanente de Cultura de Câmara Municipal realizou audiência pública para debater o assunto
Com a relutância da classe artística em abrir mão do Armazém Cultural, único espaço que abriga apresentações e exposições, a discussão sobre onde o Parque Tecnológico de Campo Grande será implantado ainda vai longe. O impasse começou quando os artistas de diversas classes souberam que o local escolhido pela Prefeitura para o projeto era o prédio na Esplanada Ferroviária.
Durante a audiência pública realizada na tarde desta quarta-feira (15) para discutir o problema, na Câmara Municipal, os artistas que estiveram presentes garantiram que não são contra o projeto, mas que não querem perder o único espaço público para apresentações disponível na Capital.
A subsecretaria de gestão e planejamento estratégico, Catiana Sabadin, durante sua fala garantiu que a implantação do Parque no local não o tiraria da classe artística, que teria um espaço garantido tanto no Armazém quanto na Rotunda, que também faz parte do Complexo Ferroviário e será contemplada pela revitalização orçada em R$ 90 milhões.
“O projeto é uma forma de ativar o uso do espaço, mas não exclui o artista , não exclui a cultura.”
Catiana ainda prometeu que a implantação do Parque Tecnológico ainda irá ajudar a classe artística. Por exemplo, a instalação de uma impressora 3D que ajudaria a imprimir peças a serem comercializadas e a construção de um estúdio para músicos regionais que desejassem realizar gravações.
Quem fez uso da fala para defender a sua classe, foi o artista e comunicador Tero Queiroz, de 25 anos, que declarou que o espaço pertence aos artistas. Além disso, ele enfatizou como a categoria não foi representada no grupo de estudos formado pela Prefeitura para debater o assunto.
“Nesse grupo de estudos havia apenas dois artistas e, conforme fomos informados, eles foram amplamente ignorados. Ou seja, é um grupo empossado pelo prefeito que prefere ignorar os artistas.”
Bia Barros, vice-presidente da da Associação dos Artesãos de Campo Grande, também defendeu que o espaço permaneça recebendo apenas as exposições e apresentações artísticas.
A artesã lembra que foi a própria Prefeitura, na gestão do Marcos Trad, que levou os artistas para o local para a realização de uma feira regular onde as artesãs poderiam comercializar as peças produzidas.
Ela ainda enfatizou que a classe artística não é contra a construção do Parque Tecnológico porque isso seria um passo muito importante para o desenvolvimento de Campo Grande. Contudo, a artista falou que a categoria não foi consultada sobre o projeto.
Erro reconhecido pela subsecretária durante a Audiência Pública, que disse que de fato o processo de construção do projeto não foi o mais democrática por conta da pressa em conseguir os recursos necessários para a obra.
A defesa do espaço como um lugar cultural foi feita até mesmo pelo secretário municipal de Cultura e Turismo, Max Freitas, que questionou sobre a permanência da realização dos carnavais de rua na Esplanada Ferroviária.
“Será que os carnavais de rua também não serão mais realizados na Esplanada depois da instalação do Parque Tecnológico? Isso teria que ser mantido no mesmo local”, pontuou.
Freitas ainda lembrou que o espaço foi amplamente usado até mesmo pela prefeitura nas lives realizadas durante a quarentena e o pico da pandemia de Covid-19.
Além disso, o Poder Executivo utiliza o espaço para realizar os feirões da Agência Municipal de Habitação e Assuntos Fundiários.
Próximo encontro
Ao final da reunião foi decidido que a discussão será retomada na próxima sexta-feira (24), quando os artistas irão junto com representantes do Poder Executivo ao Armazém Cultural para que o projeto seja explicado in loco pela subsecretária Catiana Sabadin.
Entretanto, Tero afirmou ao Correio do Estado, que a classe está resistente em abrir mão do espaço para que o Parque seja implantado.
Projeto
Orçado em R$ 90 milhões, o Parque Tecnológico e de Inovação tem a proposta de instalar um complexo de desenvolvimento e fomento à ciência, tecnologia, inovação e empreendedorismo, integrando o setor produtivo, a pesquisa de universidades e o Governo.
Além do Armazém Cultural, a instalação do parque ainda prevê empreendimentos na Rotunda e em mais dois imóveis localizados na Esplanada.
O complexo terá sete prédios divididos em Museu Imaginativo, Estação Digital, e o Complexo da Rotunda. Os espaços irão ter espaço convívio social, de lazer, além de quatro Hubs de Inovação em bairros distintos. Conteúdo retirado do Correio do Estado.