Entre as mudanças válidas desde o início de 2022, os alunos passaram a ter a opção de se aprofundarem em cinco áreas de interesse durante três anos
Aprovado ainda em 2017, o novo Ensino Médio começou a ser implementado em todas as instituições de ensino públicas e particulares do Brasil no primeiro semestre letivo de 2022.
Com poucas opções de itinerários formativos, as novidades no currículo ainda não são unanimidade entre os alunos da Rede Estadual de Ensino (REE) em Mato Grosso do Sul.
A reportagem do Correio do Estado percorreu quatro escolas de Ensino Médio da REE em Campo Grande e, conforme apurado, os estudantes alegam escolhas limitadas referente às áreas de interesse.
Aluna do primeiro ano, Isabeli Machado Nunes, 15 anos, afirmou que, durante o processo de matrícula na Escola Estadual Orcírio Thiago de Oliveira, na Vila Progresso, houve a oferta de apenas duas áreas de aprofundamento.
“Aqui, tivemos duas opções e acabamos sendo designadas para o que tinha vaga. Eu escolhi Matemática e acabei sendo regulada para Ciências da Natureza. Acredito que dessa forma será mais difícil passar no vestibular”, relatou.
Entre as novas mudanças, os estudantes passam a ter a opção de se aprofundarem em cinco áreas de interesse ao longo dos três anos de ensino: Ensino Técnico; Linguagens e suas Tecnologias; Ciências Humanas e Sociais Aplicadas; Matemática e suas Tecnologias; e Ciências da Natureza e suas Tecnologias.
Ao Correio do Estado, a secretária de Estado de Educação, Maria Cecília Amêndola da Motta, explicou que neste primeiro ano de implementação do novo currículo ainda não é viável oferecer diversos itinerários formativos em uma mesma unidade escolar.
“Nós não conseguimos oferecer tudo para todos. Em uma escola, por exemplo, com 2 mil alunos, a diversidade de escolha dos itinerários é muito grande. Então, temos de certa maneira racionar, filtrar o que será ofertado para que haja a ocupação dos professores de acordo com a vontade da maioria dos estudantes que naturalmente tendem para uma área”, afirmou.
É importante salientar que Mato Grosso do Sul foi pioneiro no processo de transição em 2021, quando o novo currículo já fazia parte da rotina de 122 das 347 escolas da REE, 35% de toda a rede.
Conforme Motta, a SED está oferecendo, em média, de 3 a 5 itinerários formativos em cada escola da rede estadual, composta de 347 unidades. Estudante do segundo ano, Alex Olívio, 16 anos, afirmou que em seu novo currículo priorizou a área de Exatas.
“Na minha escola, tivemos dois tipos de escolha, mas, às vezes, o itinerário foi designado de modo aleatório. De modo geral, apesar de gostar de como as matérias estão sendo ministradas neste ano, principalmente Matemática, eu ainda prefiro as aulas de antes”, afirmou o estudante.
Para a aluna do segundo ano Amanda Regina, deveria haver opção de mudança no itinerário ao longo do ano.
“Eu não estou gostando da forma que o currículo está, escolhi Ciências Humanas e não estou me adaptando. Acredito que quando chegar a hora de prestar vestibular esse tipo de ensino não vai me ajudar muito. E também penso que é preciso ter uma maneira de mudarmos as escolhas. Por bimestre, por exemplo, seria ideal”, afirmou.
ENSINO PROFISSIONAL
Conforme pesquisa realizada pela SED em 2021, pelo menos 34,7% dos 40 mil alunos que participaram do questionário escolheram como prioridade nos estudos o Ensino Técnico.
Na contramão, a área de Linguagens e suas Tecnologias alcançou apenas 12,1% de interesse entre 4.800 estudantes que participaram do levantamento.
Conforme a titular da SED, a prioridade é que todos os 79 municípios do Estado tenham a oferta de Ensino Técnico.
“Pretendemos para 2023, já na matrícula de agosto, oferecermos pelo menos uma educação profissional em cada município de MS”, disse Motta.
Segundo a secretária, a longo prazo, será possível que os alunos tenham cada vez mais opções de formação técnica ainda no Ensino Médio.
“Na nossa análise dos indicadores, apenas 9% dos alunos do 3º ano do Ensino Médio ingressam no Ensino Superior, os outros, se não fizerem uma educação profissional, ficam sem opções”, afirmou.
NOVO CURRÍCULO
Com o foco em um Ensino Menos engessado e com o aluno como protagonista de seu conhecimento, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) fará parte de 60% das matérias estudadas em sala de aula a partir de 2022.
Na prática, isso significa que o estudante terá flexibilidade para, ao longo dos três anos do Ensino Médio, fortalecer o seu projeto de vida por meio das cinco áreas de conhecimento, também chamadas de itinerários formativos.
As disciplinas de Português e Matemática continuam obrigatórias para todos os estudantes. E, apesar de excluídas no texto original da Medida Provisória, as matérias de Educação Física, Artes, Filosofia e Sociologia vão permanecer no currículo da BNCC.
A Base Nacional será formada pelos conteúdos das disciplinas tradicionais e obrigatórias do Ensino Médio, como História, Geografia, Biologia, Física, Química e Literatura.
O conteúdo foi aprovado no fim de 2018 pelo Conselho Nacional de Educação e, posteriormente, homologado pelo Ministério da Educação (MEC). Conteúdo retirado do Correio do Estado.