Legendas mantêm discrição e já podem ter na mira nomes que devem ser consolidados somente nas convenções partidárias
A disputa pelo governo de Mato Grosso do Sul, que terá o maior número de concorrentes (sete, até agora) desde a divisão do Estado, há 44 anos, segue uma espécie de tradição nas disputas eleitorais.
Pelo menos é o que têm mostrado os pré-candidatos das quatro maiores legendas: a 4 meses do pleito, nenhum deles revelou, indicou ou sequer deu pistas de quem são seus possíveis vices.
Ao que tudo indica, o xadrez político acerca da briga pela sucessão do governador Reinaldo Azambuja (PSDB) repetirá a estratégia processada em 2018, a de que a escolha dos vices, embora estruturada por meses, seja conhecida entre a segunda metade de julho e a primeira quinzena de agosto, período das convenções partidárias, já perto da briga eleitoral, marcada para 2 de outubro.
Conforme os bastidores da política, até aqui, os partidos podem ter adotado manhas parecidas, isto é, estejam já com nomes quase definidos, mas mantendo-os em segredo. Às vezes, as siglas têm buscado, inclusive, um mesmo vice. É o caso da pré-candidata ao governo de MS e deputada federal Rose Modesto (União Brasil).
Em entrevista ao Correio do Estado, ela disse ter mantido conversas com os pré-candidatos André Puccinelli, ex-governador que concorre pelo MDB; com o ex-prefeito de Campo Grande e pré-candidato do PSD, Marquinhos Trad; e com Eduardo Riedel, postulante do PSDB.
Os diálogos só não avançaram em virtude do destino político da parlamentar, que concorre somente como cabeça de chapa, de modo nenhum como vice-governadora. Rose já ocupou o cargo de vice, no primeiro mandato de Azambuja (2015-2018), e este seria apenas um dos motivos da recusa.
Marquinhos Trad foi um dos primeiros pré-candidatos a divulgar que já tinha um vice em sua pontaria. Ainda em fevereiro, há três meses, prestes a renunciar à Prefeitura de Campo Grande, o concorrente do PSD anunciou ter convidado Ricardo Ayache, presidente regional do PSB, como seu “vice ideal”.
O aceno, contudo, não seguiu adiante. Ayache deixou o assunto esfriar sem dizer sim ou não. Marquinhos, ao que parece, desistiu da ideia e esqueceu o tema. Quando questionado sobre quem deve ser o seu vice, o ex-prefeito desconversa e diz que procura alguém compromissado com seu plano de governo. Não revela, entretanto, nem comenta outras investidas pela pré-candidatura da vice.
A pré-candidata do União Brasil tem dito que uma de suas opções pode ser seu colega de partido, o ex-governador Murilo Zauith. Ou melhor, o já experiente no cargo Zauith, que também foi vice na gestão do emedebista Puccinelli (2011-2014).
E o pré-candidato tucano Eduardo Riedel é o que menos trata, pelo menos até agora, da escolha de seu vice. Interlocutores de Riedel acham que o vice dele pode sair de legendas que devem apoiá-lo na corrida pela sucessão, como o PP, da pré-candidata ao Senado Tereza Cristina. Mas essa possibilidade não é um consenso no meio do tucanato.
O MDB, de Puccinelli, é outro partido que esconde suas opções para vice. Tirando a conversa mantida com Rose Modesto, a cúpula da sigla ainda não assoprou hipóteses que possam compor chapa como vice de Puccinelli, que no primeiro mandato (2007-2014) teve como vice a emedebista Simone Tebet, senadora pré-candidata do partido ao Planalto.
ELEIÇÃO PASSADA
Em 2018, o MDB, que concorreu o governo com o ex-deputado estadual Junior Mochi, escolheu como vice a ex-secretária municipal Tânia Garib, já em agosto.
O PT, que teve como candidato ao governo o ex-prefeito de Mundo Novo Humberto Amaducci, definiu a vice, doutora Luciene, no fim de julho.
O Psol, do então candidato João Alfredo (hoje prefeito de Ribas do Rio Pardo), escolheu a vice, Dina, na primeira semana de agosto.
Na reeleição de Azambuja, o vice do governador, Murilo Zauith, do então DEM, foi oficializado também na primeira semana de agosto. A escolha de Zauith exigiu uma costura política que durou pelo menos dois meses.
Marcelo Bluma, que em 2018 concorreu pelo PV, também deixou para a última hora a definição da vice, Maria Bernadete, no início de agosto.
Já o ex-juiz federal Odilon de Oliveira (PSD) disputou o governo pelo PDT e seu vice foi conhecido na convenção do partido, em julho. O ex-magistrado, que perdeu a eleição no segundo turno, concorreu com o bispo Marcos Vitor, do então PRB. Antes, Odilon teve outra opção de vice, trocada depois pelo bispo.
CONVENÇÕES
De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), entre 20 de julho e 5 de agosto é permitida a realização de convenções partidárias.
Legendas, federações e coligações, segundo a Corte, têm até 15 de agosto para solicitar o registro de candidatura dos escolhidos. Todos os pedidos de registro aos cargos de presidente e vice-presidente devem ser julgados pelo TSE até 12 de setembro.
5 de agosto
A data limite para as convenções partidárias é o dia 5 de agosto. Os partidos têm até lá para definirem suas chapas, inclusive seus candidatos a vice-governador nas chapas.