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Alta dos materiais de construção provoca demissões e reduz ritmo de trabalho

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Estudo foi realizado com mais de 200 construtoras de diferentes regiões do país

Uma pesquisa realizada pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), abordou o impacto financeiro nas obras, o ritmo de execução do empreendimento e a redução de postos de trabalho na construção civil. 

O estudo foi realizado com mais de 200 construtoras de diferentes regiões do país. 

De acordo com a CBIC, a alta nos custos dos materiais de construção resulta em  desequilíbrio econômico e financeiro nos contratos de obras públicas, fator apontado pelo órgão como responsável por atrasos e demissões de funcionários.

Mais da metade das empresas pesquisadas, cerca de 56% acusaram ter prejuízos contratuais; 30 empresas apontaram prejuízos de até 60%. 

Para além dos atrasos nas obras, as empresas alegaram redução no ritmo de trabalho, com 14,5% alegando paralisações de 60% da produção e 11% paralisaram as atividades completamente. 

Sobre os postos de trabalho, 29% das construtoras disseram ter reduzido até 20% de suas vagas e apenas 26% das empresas, cerca de 45, não cortaram qualquer posto de trabalho, segundo o estudo.

Em nota, o presidente da Comissão de Infraestrutura da CBIC, Carlos Eduardo Lima Jorge, disse que, embora o equilíbrio econômico e financeiro dos contratos de obras públicas seja assegurado pela Constituição Federal, vem sendo prejudicado. 

“Vem sendo destruído em função das excessivas e imprevisíveis altas nos preços dos insumos da construção. A relutância ou morosidade da administração pública em proceder com as solicitações de reequilíbrio contratual feitas pelas empresas está causando sérios prejuízos para as empresas e para a sociedade”, apontou.

Escassez de mão de obra

Uma pesquisa realizada pela Comissão de Política de Relações Trabalhistas (CPRT) em fevereiro deste ano, constatou dificuldades na contratação de mão de obra qualificada para o setor da construção civil no país. 

As áreas de maior escassez profissional foram de pedreiros (80%) e carpinteiros (78,7%). 

O levantamento foi realizado por meio de por meio de amostras de 134 representantes de 3068 empresas do setor de obras industriais e corporativas do Brasil. 

Os resultados elencaram entrevistas de 554 empresas do Centro-Oeste, 68 de Mato Grosso do Sul, além das demais macrorregiões do país. 

“O fato da construção civil ter retomado as atividades em maior volume, permite que a oferta de emprego entre esses profissionais seja grande, o que concede certa autonomia para esses trabalhadores ‘decidirem’ onde trabalhar”, disse anteriormente ao Correio do Estado o engenheiro civil Vinícius Tavares. 

Questionado sobre as demandas dos profissionais, Tavares disse que os engenheiros passam por situações contrárias às vividas por pedreiros e serventes, por exemplo. 

“Ao contrário desses profissionais, que contam com ofertas altas em razão da escassez de mão de obra, atualmente existem muitos engenheiros, o que reduz a remuneração dos trabalhadores da área, uma vez que a oferta de profissionais é grande”, pontua o campo-grandense, engenheiro há cinco anos.

Mestres de obra (74,7%), encarregado (70%), eletricistas (64%), bombeiros (52,7%) e serralheiro (52,7%) são outras áreas de grande demanda no setor.

“Muitas das vezes esses profissionais optam por serem ‘empresários de si’, pois neste momento de alta demanda é muito mais vantajoso trabalhar por empreitada com diárias de R$120, R$130, do que seguir as regras da CLT e receber cerca de R$80, R$90.”, finalizou o engenheiro.