Segundo interlocutores, as lideranças do MDB e Republicanos já se organizam para assumirem controle de possível federação
A provável formação de uma federação entre PSD, MDB e Republicanos para as eleições de 2026 em Mato Grosso do Sul representa um movimento estratégico que pode reconfigurar o cenário político estadual. Essa união, ainda em negociação, sinaliza uma tentativa de consolidar forças de centro e centro-direita, criando uma frente robusta para enfrentar tanto o bolsonarismo quanto o petismo, que polarizam o debate nacional. A federação, caso concretizada, terá impactos significativos, especialmente por unir figuras históricas como Nelsinho Trad (PSD) e André Puccinelli (MDB), além de incorporar a influência crescente da bancada evangélica, liderada pelo deputado estadual Antonio Vaz (Republicanos).
A federação entre PSD, MDB e Republicanos é um projeto ambicioso que busca maximizar recursos eleitorais, como tempo de televisão e fundo partidário, além de unificar estratégias legislativas e eleitorais por pelo menos quatro anos. No contexto de Mato Grosso do Sul, essa aliança pode fortalecer a competitividade de candidaturas majoritárias, como ao governo do estado e ao Senado, além de ampliar a representatividade nas chapas proporcionais. O MDB, com sua histórica capilaridade no interior, o PSD, que tem se consolidado como uma força pragmática, e o Republicanos, com forte apelo entre o eleitorado evangélico, formariam um bloco capaz de atrair amplos setores da sociedade sul-mato-grossense, desde o agronegócio até comunidades religiosas.
O reencontro político de Nelsinho Trad e André Puccinelli é um dos pontos mais simbólicos dessa articulação. Ambos, ex-prefeitos de Campo Grande e figuras de peso na política estadual, já compartilharam palanques no passado, mas também enfrentaram momentos de rivalidade, como nas eleições de 2014, quando Puccinelli apoiou outro candidato contra Nelsinho na disputa pelo governo. A reaproximação, evidenciada em eventos recentes como a posse da União das Câmaras de Vereadores em 2025, sugere uma maturidade política e um pragmatismo diante do cenário competitivo de 2026. Essa dupla, com vasta experiência e redes de apoio consolidadas, pode ser um trunfo para a federação, especialmente se Nelsinho, cujo mandato no Senado termina em 2026, decidir disputar novamente a vaga ou até mesmo o governo, enquanto Puccinelli, com sua influência no MDB, pode mobilizar prefeitos e lideranças regionais.
A composição com a bancada evangélica, liderada por Antonio Vaz, é igualmente estratégica. O Republicanos tem se destacado por sua conexão com igrejas evangélicas, um segmento que cresce em influência eleitoral no Brasil. Vaz, como deputado estadual, tem articulado pautas conservadoras e de interesse das comunidades religiosas, o que agrega um eleitorado fiel e mobilizado. Em Mato Grosso do Sul, onde o eleitorado evangélico é significativo, essa aliança pode garantir votos decisivos, especialmente em disputas acirradas. A presença do Republicanos na federação também reforça o apelo da centro-direita, alinhando-se a pautas como família, valores cristãos e desenvolvimento econômico, que ressoam bem no estado.
No entanto, a federação enfrenta desafios. Conflitos regionais, como divergências entre lideranças do MDB e Republicanos em outros estados, podem dificultar a coesão. Além disso, a possível inclusão do PSDB, como ventilado em algumas negociações, poderia complicar a dinâmica, dado o histórico de rivalidade com o MDB no estado. A federação também precisará navegar o cenário nacional, onde o PL de Jair Bolsonaro e o PT de Lula polarizam as intenções de voto, exigindo do bloco uma postura clara para não alienar eleitores.
Em resumo, a federação PSD-MDB-Republicanos tem potencial para ser um divisor de águas em Mato Grosso do Sul em 2026, unindo a experiência de Nelsinho Trad e André Puccinelli à força eleitoral da bancada evangélica de Antonio Vaz. Se bem articulada, essa aliança pode consolidar uma alternativa viável ao bolsonarismo e ao petismo, com forte apelo no interior e nas comunidades religiosas. Contudo, o sucesso dependerá da habilidade em superar tensões internas e construir uma narrativa que conecte os interesses do estado com as demandas nacionais.