A frente da super federação, Tereza Cristina (PP), quer consolidar seu poder político no Estado e esboça um super time que atende do centro a direita e conta com campeões de votos
A formação da federação União Progressista, entre o União Brasil e o Partido Progressista (PP), representa um marco político significativo para Mato Grosso do Sul, com impactos que reverberam tanto na esfera estadual quanto nacional. Oficializada em abril de 2025, a aliança reúne 109 deputados federais, 14 senadores e seis governadores, consolidando-se como a maior força política no Congresso Nacional. Em Mato Grosso do Sul, a federação une figuras de peso, como a senadora Tereza Cristina (PP), a ex-deputada federal Rose Modesto (União Brasil) e o presidente da Assembleia Legislativa, Gerson Claro (PP), criando uma base robusta para as eleições de 2026. Com 19 prefeitos, 24 vices, 206 vereadores, uma senadora, um deputado federal e três deputados estaduais, a União Progressista tem uma estrutura sólida para ampliar sua representação no estado, mirando o Senado, a Câmara dos Deputados e a Assembleia Legislativa.
O impacto da federação em Mato Grosso do Sul é multifacetado. Primeiro, ela realinha forças políticas locais, unindo adversárias históricas, como a prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes (PP), e Rose Modesto, que disputaram o segundo turno das eleições municipais de 2024. Essa convergência, liderada por Tereza Cristina, fortalece a coesão do grupo e aumenta seu poder de barganha em negociações políticas, especialmente para formar alianças com o governador Eduardo Riedel (PSDB) e o ex-governador Reinaldo Azambuja (PSDB), que podem definir o arco de alianças para 2026. Além disso, a federação promete impulsionar candidaturas competitivas, aproveitando um fundo eleitoral estimado em cerca de R$ 950 milhões, o que garante recursos significativos para campanhas no estado. No entanto, disputas internas, como a definição de candidaturas majoritárias, podem gerar tensões, especialmente considerando a independência declarada por Rose Modesto, que promete manter sua postura crítica em relação à gestão municipal.
A provável candidatura de Gerson Claro ao Senado é um movimento estratégico da federação. Como presidente da Assembleia Legislativa e figura influente no PP, Claro tem se destacado pela articulação política e pelo discurso de unidade, enfatizando que a União Progressista será “decisiva” para eleger um senador e fortalecer a bancada estadual e federal. Sua candidatura é vista como uma oportunidade para capitalizar a popularidade de Tereza Cristina, que já ocupa uma das três cadeiras sul-mato-grossenses no Senado, visando conquistar uma segunda vaga para a federação. Claro também aposta na adesão de nomes como Capitão Contar, cuja base conservadora pode atrair votos de eleitores de direita, reforçando a chapa. Contudo, sua viabilidade dependerá de negociações internas, já que outras lideranças, como Reinaldo Azambuja, também são cotadas para o Senado, o que pode gerar concorrência dentro do arco de alianças.
Rose Modesto, por sua vez, desempenha um papel crucial para fortalecer a chapa de deputados federais da federação em 2026. Com um histórico eleitoral robusto — foi a deputada federal mais votada do estado em 2018, com 120.901 votos, e obteve 29,56% dos votos na disputa pela prefeitura de Campo Grande em 2024 —, Modesto é uma puxadora de votos comprovada. Sua popularidade, especialmente na capital, é um trunfo para a União Progressista, que almeja triplicar a bancada federal, passando de um deputado (Luiz Ovando, PP) para até três parlamentares. Aliada a Capitão Contar, que também atrai eleitores conservadores, Modesto pode garantir um “efeito cascata” na chapa proporcional, aumentando as chances de eleger mais deputados federais e até cinco deputados estaduais. Sua influência, no entanto, vem acompanhada de desafios, já que sua postura independente pode criar atritos com aliados, como Adriane Lopes, exigindo habilidade política para manter a coesão da federação.
Em síntese, a federação União Progressista posiciona Mato Grosso do Sul como um polo de influência política, com Tereza Cristina, Gerson Claro e Rose Modesto como protagonistas. A candidatura de Claro ao Senado reforça a ambição de consolidar o estado como um reduto do centro-direita, enquanto os votos de Modesto são essenciais para maximizar o desempenho da chapa de deputados federais. O sucesso dessa estratégia dependerá da capacidade da federação em superar divergências internas e alinhar interesses regionais com o projeto nacional, que ainda não definiu seu posicionamento para a corrida presidencial de 2026. Com uma base eleitoral forte e recursos financeiros expressivos, a União Progressista tem o potencial de redesenhar o cenário político sul-mato-grossense, mas precisará navegar com cautela pelas complexidades das alianças locais.