Partidos tem se mantidos base da atual gestão e escancara falta de adversários para o atual Governador nas eleições de 2026
A pesquisa do Instituto Futura expõe um cenário preocupante para as eleições de 2026 em Mato Grosso do Sul: Eduardo Riedel parece navegar em águas tranquilas, sem concorrentes à altura. Com uma liderança folgada e vitória projetada em todos os cenários de segundo turno, surge a questão: onde estão os adversários capazes de desafiar o governador?
Tereza Cristina, segunda colocada, é uma aliada histórica, o que reduz a chance de confronto direto. Rose Modesto, apesar da persistência, não demonstra força para ameaçar. Outros nomes, como Capitão Contar (13,2%) e Marquinhos Trad (8,4%), estão distantes e carregam rejeições altas.
Essa hegemonia de Riedel, embora reflexo de uma gestão bem avaliada, pode enfraquecer o debate democrático, transformando a eleição num plebiscito de aprovação em vez de uma disputa real. Será que a oposição se contentará com papéis secundários, ou estamos diante de um vazio político que exige renovação urgente? A falta de competição não é só um sinal de força de Riedel, mas também de apatia dos demais players.
PT deve romper com Riedel
Os deputados estaduais petistas de Mato Grosso do Sul manifestaram fortes críticas ao governador Eduardo Riedel (PSDB) após ele declarar apoio à anistia dos bolsonaristas presos pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023, quando as sedes dos Três Poderes, em Brasília, foram invadidas e depredadas. A posição de Riedel, expressa em suas redes sociais, gerou uma reação imediata do PT no estado, que viu no posicionamento do governador um afastamento dos valores democráticos e um aceno à direita, em especial ao espectro político ligado ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
Entre as vozes petistas, destaca-se a indignação com o que consideram uma traição ao pacto político estabelecido durante as eleições de 2022, quando o PT apoiou Riedel no segundo turno contra o candidato bolsonarista Capitão Contar (PRTB). Na época, a aliança entre o tucano e os petistas foi vista como uma estratégia para barrar o avanço da extrema-direita no estado. No entanto, com a defesa da anistia, os deputados estaduais do PT, como Zeca do PT, interpretaram a postura de Riedel como um rompimento dessa parceria, acusando-o de virar as costas ao partido que ocupa cargos em seu governo, incluindo a Secretaria de Cidadania.
As críticas dos petistas sul-mato-grossenses enfatizam que a anistia aos envolvidos no 8 de janeiro representaria um retrocesso inaceitável, legitimando atos que atentaram contra a democracia e o Estado de Direito. Eles argumentam que os responsáveis, desde incitadores até executores, devem responder judicialmente por seus atos, com direito à ampla defesa, mas sem qualquer tipo de perdão generalizado. Para os deputados, a fala de Riedel, que defendeu uma “revisão da dosimetria das penas” e sugeriu um caráter humanitário à anistia, minimiza a gravidade do ocorrido e abre precedentes perigosos para futuras ameaças ao regime democrático.
Além disso, os petistas questionaram a coerência do governador, lembrando que, logo após os atos de 8 de janeiro, Riedel havia condenado publicamente a violência e o vandalismo, classificando-os como “inaceitáveis” e uma “afronta à democracia”. A mudança de discurso, segundo eles, reflete uma tentativa de se alinhar politicamente com lideranças conservadoras, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e a senadora Tereza Cristina, ambos citados por Riedel em sua publicação. Essa guinada foi interpretada como uma estratégia para se fortalecer junto ao eleitorado de direita, em detrimento da base progressista que o ajudou a se eleger.
O embate entre os deputados estaduais petistas e Riedel expõe uma crise na relação entre o PT e o governo estadual, que até então vinha sendo marcada por uma convivência pragmática. Para os petistas, o apoio à anistia não é apenas uma questão de divergência ideológica, mas um sinal de que o governador está disposto a sacrificar princípios democráticos em nome de interesses políticos, colocando em xeque a harmonia que sustentava sua gestão.