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Allyson Leguizamon

Despachante quer deleção em MS ou fora do Estado

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David Cloky Hoffaman Chita e o advogado, na sede da Polícia Federal (Evelin Cáceres, Jornal Midiamax)
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Os advogados de David Cloky Hoffaman Chita negociam um acordo para sua entrega à Justiça Estadual, enquanto o despachante, foragido por corrupção no Detran-MS, pede proteção após ameaças.

Os advogados do despachante David Cloky Hoffaman Chita buscam um acordo de colaboração para que ele se entregue à Justiça Estadual. Foragido por supostamente participar de um esquema de corrupção no Detran-MS (Departamento Estadual de Trânsito), David está escondido após receber ameaças de morte. Para se apresentar, ele solicita um acordo de delação premiada e proteção garantida.

Segundo David, sua prisão foi decretada porque as investigações teriam protegido os verdadeiros líderes do esquema corrupto. Ele tentou negociar um acordo com o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), mas a proposta foi enviada à Procuradoria-Geral da República (PGR) pelo Procurador-Geral de Justiça sem análise prévia e acabou arquivada.

Agora, com uma nova equipe de defesa, David planeja se entregar. Conforme informações do Jornal Midiamax, ele está reunindo vasta documentação e dados que podem influenciar o desfecho de operações policiais recentes em Mato Grosso do Sul, como Miríade, Quarto Eixo e a Operação Vostok, iniciada pelo MPF contra o ex-governador Reinaldo Azambuja (PSDB).

David Cloky também é mencionado em casos como o suposto roubo de propina que envolveu Rodrigo Souza, filho de Reinaldo Azambuja, investigado pelo promotor Marcos Alex Vera de Oliveira.

Delação premiada em MS ou fora

Ricardo Almeida, advogado de Chita, declarou ao Jornal Midiamax que o objetivo é garantir a segurança de David ao se apresentar à Justiça, já que ele possui informações que comprometem políticos e empresários. “Nos próximos dias, conversaremos com as autoridades competentes sobre os termos da delação premiada e sua entrega à Justiça, assegurando sua integridade física”, afirmou.

O advogado acrescentou: “Ele teve a prisão decretada sem ser ouvido para esclarecer o que sabe. Por anos, atuou como despachante no Detran, representando desde pessoas simples até autoridades importantes. Pode ter responsabilidades a assumir perante a Justiça e está disposto a isso. Mas certamente não agiu sozinho em nenhum momento.”

Sobre a delação, Almeida explicou: “É um mecanismo legal para proteger direitos. David tem muito a revelar, não apenas sobre o Detran, mas também sobre outras operações policiais. O intuito é cumprir a lei, responsabilizando cada um por seus atos.”

Ex-Governador sem foro e Vostok retorna à Justiça de MS

A negociação para a entrega de David coincide com o retorno da Operação Vostok à Justiça sul-mato-grossense. Após seis anos e meio, os fatos investigados pelo MPF voltaram à 2ª Vara Criminal de Campo Grande.

Deflagrada em setembro de 2018, a Operação Vostok levou o MPF a denunciar Reinaldo Azambuja por receber R$ 67,7 milhões em propina da JBS em troca de benefícios fiscais. Sem foro privilegiado, o processo que tramitava no STJ (Apn Nº 980 – DF) foi remetido à Justiça estadual, e valores bloqueados de Azambuja já foram transferidos para uma conta judicial em Campo Grande.

Ministra do STJ, Maria Isabel Gallotti determina enviar valores apreendidos para conta da Justiça estadual de MS (reprodução)

Embora não seja réu ao lado de Reinaldo, David Chita é acusado de participar do roubo de R$ 300 mil em propina destinada ao corretor de gado José Ricardo Guitti Guímaro, o Polaco. Rodrigo Souza e Silva, filho de Reinaldo, foi apontado como mandante do crime, mas a denúncia contra ele foi rejeitada pela Justiça.

Posteriormente, o promotor Marcos Alex Vera de Oliveira, responsável pelo caso, foi alvo de uma denúncia de Reinaldo e seu filho no CNMP, acusado de perseguição. O promotor deixou o caso, e seu substituto, Fábio Ianni Goldfinger, pediu a absolvição de Rodrigo.

Reinaldo sempre negou as acusações. A reportagem buscou contato com o ex-governador e seu filho, Rodrigo Souza, mas não obteve resposta até o momento. O espaço segue aberto para manifestações.