Presidente da Casa de Leis deu “sinal verde” para a comissão parlamentar, entretanto, afirmou que quer afastar o sensacionalismo midiático sobre o tema
Após intensa pressão tanto dentro quanto fora da Câmara Municipal de Campo Grande, a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar possíveis irregularidades no serviço de transporte coletivo urbano oferecido pelo Consórcio Guaicurus na capital deve finalmente ser concretizada.
O presidente da Câmara, vereador Epaminondas Vicente Silva Neto (PSDB), conhecido como Papy, afirmou em entrevista ao Correio do Estado, na data de ontem, que já autorizou a abertura da chamada CPI do Ônibus.
“Estamos trabalhando para realizar algo que traga benefícios reais à população de Campo Grande. A ideia é que a Câmara demonstre responsabilidade e maturidade política ao discutir esse tema”, declarou.
Ele acrescentou que o objetivo da Casa é promover um debate amplo e responsável sobre a qualidade do transporte público na cidade, visando exclusivamente gerar melhorias concretas para os usuários que dependem do serviço diariamente.
Sem sensacionalismo
Papy enfatizou que a intenção é evitar que a CPI seja vista apenas como um evento político ou midiático em torno do serviço prestado pelo Consórcio Guaicurus. “Estamos buscando deixar de lado qualquer abordagem sensacionalista. Confirmo que dei o aval para que essa investigação seja iniciada”, afirmou.
Segundo o presidente, a Câmara já vem discutindo o assunto há algum tempo. Ele reconheceu que declarações mal interpretadas podem ter gerado a impressão de que os vereadores resistiam à abertura da CPI.
“No entanto, quero esclarecer que a CPI tem meu total apoio para ser instaurada. Estamos preparando a população para entender que trataremos de um tema complexo e sério. A Procuradoria-Geral da Casa solicitou mais tempo para emitir seu parecer, devido ao grande volume de trabalho, como os mais de 100 projetos de lei apresentados pelos vereadores na última semana, o que sobrecarregou o setor jurídico”, explicou.
Papy destacou, porém, que essa prorrogação não deve ser interpretada como uma tentativa de obstruir a CPI do Ônibus. “O adiamento do parecer jurídico não é sinal de lentidão, mas sim de responsabilidade com um assunto tão importante para a cidade, como o transporte coletivo urbano. Garanto que o tema será investigado”, assegurou.
O jornal também ouviu o procurador jurídico da Câmara, Luiz Gustavo Martins Araújo Lazzari, que confirmou o pedido de mais cinco dias para finalizar o parecer sobre a abertura da CPI.
“Estamos enfrentando um atraso porque, durante o recesso de Carnaval, os vereadores apresentaram muitos projetos de lei, além de outros processos internos, como aposentadorias e licitações, que demandaram atenção”, justificou.
Por isso, Lazzari informou que não conseguirá entregar o parecer na sessão de hoje e pediu ao presidente Papy uma extensão de cinco dias. “Vai levar um pouco mais de tempo, mas tudo está em andamento. No início do ano, o volume de trabalho é maior, mas logo a situação se estabiliza”, projetou.
O que diz a Prefeita?
A prefeita Adriane Lopes (PP), ao ser questionada pelo nossa equipe sobre a CPI do Ônibus, relatou que há um ano vem dialogando com o governador Eduardo Riedel (PSDB) sobre a modernização do transporte coletivo urbano.
“Nesse período, avançamos bastante. Realizamos um teste substituindo o diesel por gás natural como matriz energética dos ônibus. Nosso plano é modernizar o sistema, revisar o contrato e pavimentar os 43 quilômetros de linhas que ainda não têm asfalto, atendendo às demandas da população”, destacou.
Ela informou que retomou o tema no início deste ano e que essa é uma prioridade de sua gestão. “Quero ajustar o que já existe para melhor atender aos cidadãos”, concluiu.