Ala tucana não aceita desaparecimento da sigla e ninho pode ter esvaziamento mais rápido do que o previsto
O PSDB encontra-se dividido sobre o futuro da legenda. Todos concordam que é necessário formar alianças com outros partidos para garantir a sobrevivência, mas a forma como isso será feito gera divergências e pode até acelerar a saída de muitos membros.
Um dos líderes do partido, Aécio Neves, declarou à Folha de São Paulo que é contra a incorporação do PSDB por outro partido, argumentando que isso levaria ao desaparecimento da legenda.
A resistência dessa ala fez com que o presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo, afirmasse que não haverá incorporação. “Pode fazer parte dessa estratégia uma aliança com outros partidos do centro democrático, seja em formato de federação, como a atual com o Cidadania —que termina no primeiro semestre de 2026 e estamos discutindo sua possível continuidade ou ampliação—, ou com a convergência de outras legendas para o PSDB”, disse ele.
Atualmente, a aliança mais provável do PSDB é com o PSD, mas o presidente nacional deste partido, Gilberto Kassab, defende uma incorporação. Nesse cenário, todos os filiados ao PSDB deixariam sua sigla para se juntar ao PSD.
Na incorporação, não é permitida a troca de partido sem perda de mandato. Curiosamente, se optarem pela fusão, defendida por Aécio, os filiados ao PSDB atualmente estariam livres para sair do partido.
Deputados do PSDB estão aguardando definições para decidir sobre suas filiações e acompanham de perto as negociações, sabendo que enfrentarão novas eleições no próximo ano. Conscientes de que essas negociações podem incluir vetos a novas filiações por parte de outros partidos, muitos adotam a estratégia do “quem chega primeiro, bebe água limpa” e buscam antecipar sua mudança de partido.
Um ‘ninho’ sem líder
Os constantes encontros do ex-Governador Reinaldo Azambuja (PSDB) e do Governador Eduardo Riedel (PSDB) com o ex-Presidente Jair Bolsonaro (PL) e com o presidente nacional do PSD Gilberto Kassab, tem desmotivado a permanência de político no PSDB em Mato Grosso do Sul.
Dado como certa a ida das principais lideranças do ninho para outras siglas ou até mesmo para um provável fusão, deve fazer com que os tucanos procurem novos lares de maneira precoce.
Segundo parlamentar tucano, que preferiu não se identificar para evitar retaliações, a ida do líder do ninho não contempla os aliados de ‘sempre’ e apenas tem benefício próprio. “A ida dele (Azambuja) para o PL (Partido Liberal) beneficia apenas a sua candidatura! Ele sabe que em uma provável ‘onda bolsonarista’ ele vai garantir sua eleição ao Senado.”
Indagado sobre seu comentário o parlamentar reforçou que não é o único que pensa assim, e afirmou que tem outros parlamentares que já estão com as malas prontas para desembarcar onde Azambuja for.
