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Vereador vai acionar comissão de ética da Assembleia contra deputado por transfobia

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Vereador cobrou de Deputados do PT para acionarem o parlamentar na comissão de ética da ALEMS>
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O Vereador Jean Ferreira do Partido dos Trabalhadores, cobrou de parlamentares correlegionários da Assembleia Legislativa que acionem a comissão de ética contra fala do Deputado Estadual João Henrique Catan (PL)

Uma polêmica envolvendo uma professora trans pode acabar na Comissão de Ética da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul. O vereador Jean Ferreira (PT) pediu aos deputados estaduais do partido que acionem o deputado João Henrique Catan (PL) por transfobia, após críticas a uma professora que se vestiu de Barbie para receber os alunos.

“Hoje, assistimos a um ato vergonhoso. O deputado João Henrique Catan usou a transfobia como arma política, atacando publicamente a professora trans Emy Santos. Emy, uma educadora dedicada, foi vítima de uma narrativa falsa e desumana, que distorceu seu gesto pedagógico de acolhimento às crianças. Além disso, Catan se recusou a tratar Emy pelo gênero correto, um ato de violência”, criticou o vereador.

O vereador alega que o deputado cometeu crime contra a professora. “Isso não é apenas irresponsável, é criminoso. Enquanto finge preocupação, ignora os verdadeiros casos de violência infantil. Portanto, protocolaremos uma moção de repúdio e acionaremos a Comissão de Ética da Assembleia Legislativa. Nosso mandato continua a lutar por um Brasil onde todos possam existir e trabalhar sem medo ou violência. Justiça será feita”, postou Jean na rede social.

João Henrique usou a tribuna da Assembleia Legislativa para criticar o acolhimento feito pela professora na sala de aula.

“Viram esta cena? Acreditem, trata-se de um professor, ‘MONTADO’, ensinando crianças de 6, 7 anos, numa escola da REME… Denunciamos hoje, na tribuna, esta doutrinação, esta escravização das minorias, que teimam em chegar e se impor nas escolas, sem respeitar a ética, a moral, a educação como um todo. Isso é inaceitável! Exigimos respostas urgentes do poder municipal, já que o Estatuto da Criança e Adolescente foi violado”, declarou o deputado.

A professora, que é de teatro e dança, afirmou que outras professoras também se fantasiaram para receberem os alunos e disse que acionará os envolvidos na Justiça.

O assunto voltou à tona nesta quarta-feira, quando o deputado Pedro Kemp criticou a maneira como a professora foi exposta por uma ação pedagógica feita pelos professores. “Esses discursos moralistas muitas vezes cometem injustiças graves, que precisam ser reparadas. Um comportamento perigoso, se não criminoso”, declarou o deputado, afirmando que tais discursos aumentam a violência contra pessoas LGBTQIA+.

“Emocionalmente fragilizada

Essa foi a afirmação da professora Emy Mateus Santos, de 25 anos, mulher trans que se tornou alvo de ataques de políticos de Mato Grosso do Sul por se fantasiar de Barbie na abertura do ano letivo. Ela comentou estar ‘emocionalmente fragilizada e desestabilizada’ após ser alvo de ataques de políticos do Estado.

Professora Emy com alunos em escola municipal.

“Estou emocionalmente fragilizada e desestabilizada. É o que eu falo para as outras meninas trans. Muda o documento, luta pelo diploma, mas ainda assim vai ser violentada e ter o trabalho diminuído pelo preconceito”, disse a professora.

A professora contou que outras professoras se fantasiaram de princesa na Escola Municipal Irmã Irma Zorzi, no Bairro Sílvia Regina, em Campo Grande. Mas só ela foi exposta e alvo de “denúncias” do vereador André Salineiro (PL) e do deputado estadual João Henrique Catan (PL).

Com ofício em mãos, que foi encaminhado à Semed (Secretaria Municipal de Educação), ele disse que a escola não é circo e vê, na cena, conteúdo de orientação sexual. “Não podemos aceitar isso como normal. Para deixar bem claro, a orientação sexual deve ser feita pelos pais às crianças e não pela escola”, afirmou.

Na gravação, ele se se refere à professora como artista e menciona que era um teatro na sala de aula.  Já o deputado estadual discursou na tribuna da Assembleia Legislativa.

“Quero saber quem é esse professor, eu quero saber que é esse diretor que permitiu que um professor entrasse dentro de sala de aula fantasiado de travesti”, disse o Deputado Estadual, em sua rede social, onde mostrou o vídeo das crianças abraçando a professora.

Ao Campo Grande News, Emy disse que vai tomar providências legais contra os políticos. Ela é professora de Artes Cênicas, Teatro e Dança. Contratada em processo seletivo da prefeitura, ela já lecionou no ano passado, mas em outro colégio. Emy afirma que apresentou o material solicitado pela equipe pedagógica e que os vídeos usados pelos políticos mostram as imagens da sala de aula fora de contexto.

Nota oficial

Por meio de nota, a Secretaria Municipal de Educação informou que está ciente da situação mencionada e que, após os levantamentos, abrirá procedimento administrativo para maiores averiguações, com o objetivo de garantir a transparência e a correção dos fatos, se desacordo com as diretrizes curriculares e normas disciplinares.

“Em tempo, é importante destacar que diversos professores adotam o uso de fantasias e caracterizações como recurso pedagógico, buscando tornar o processo de ensino mais lúdico, dinâmico e envolvente para as crianças, desde que vinculado ao plano de ensino e currículo”.