Inspeções da vigilância sanitária, desde 2022, apontam uma série de problemas na clínica psiquiátrica em Campo Grande
O MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) instaurou um inquérito civil para investigar as irregularidades sanitárias em nível crítico detectadas na Clínica Carandá, em Campo Grande. A investigação ficará a cargo da 43ª Promotoria de Justiça da Capital. A publicação consta no Diário Oficial do MPMS, desta segunda-feira (3).
Pacientes da clínica redigiram um documento, a próprio punho, que foi entregue à Ouvidoria do MPMS, em abril de 2024, em que descrevem a situação do local como “grave” e, em outros momentos, como “cruéis”. Eles ainda listam uma série de problemas que estariam afetando o tratamento dos pacientes e a atividade dos funcionários.
Além disso, a medida vem meses após a Clínica Carandá ter sido interditada por duas vezes por irregularidades constatadas pela vigilância sanitária. Além disso, o estabelecimento ficou interditado por 18 dias pelo Coren-MS (Conselho Regional de Enfermagem de Mato Grosso do Sul), em agosto do ano passado, devido ao déficit no quadro de enfermagem.
O inquérito civil instaurado pelo MPMS irá investigar possível lesão a direitos coletivos dos consumidores devido às irregularidades sanitárias nível crítico constatadas pela CVISA/MS (Coordenadoria Estadual de Vigilância Sanitária de Mato Grosso do Sul).
O promotor de justiça Luiz Eduardo Lemos de Almeida deu o prazo de dez dias úteis para que os responsáveis pela clínica apresentem os documentos que acharem necessários e se manifestem sobre o interesse de tratar sobre um TAC (Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta).
Inspeções foram realizadas em 2022, 2023 e 2023 e apontaram diversos pontos de não conformidades. Em um relatório da vigilância sanitária, em 2024, foram constatadas as seguintes irregularidades.
- Auto de Infração Sanitária n. 12.024/2024, por negligência às normas que estabelecem as boas práticas em manipulação de alimentos;
- Auto de Infração Sanitária n. 12.037/2024, por uso de abastecimento alternativo de água, e não realizar a leitura e o registro do cloro residual diariamente;
- Auto de Infração Sanitária n. 12.048/2024, por não haver médico plantonista presente no momento da inspeção;
- Auto de Infração Sanitária n. 12.071/2024, por descumprimento de atos emanados do anterior Relatório Técnico de Inspeção n. 087/2024.
Na época, a Clínica foi chamada a se manifestar, mas não respondeu aos questionamentos da promotoria.
Carta de pacientes
Já na carta, os pacientes relatam que fizeram diversas tentativas com a direção da Clínica Carandá para tentar resolver os problemas, mas sem solução, o que teria motivado o registro da reclamação à Ouvidoria do MPMS.
Pacientes classificam situação no local como “cruel”. (Reprodução)
Na lista de reclamações está a falta contínua de medicamentos, falta de pagamento de salário dos funcionários, falta de nutricionistas há mais de 40 dias, falta de médico plantonista, falta de atividades físicas ocupacionais, piscina suja há vários dias, manutenção dos quartos precária e falta de funcionários da enfermagem e da limpeza.
O documento é assinado por vários pacientes. “As situações são diversas, algumas graves, outras cruéis. E, como todas as vezes, que de alguma forma tentamos diálogos com os responsáveis pela clínica recebemos falsas promessas, decidimos reunir mais uma vez nossas reclamações que representam nada mais que reivindicações por direitos que temos, pois estamos pagando pelos serviços prestados”, relata parte da carta.
Conteúdo retirado do Midia Max.
