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Candidata com voto mais caro das eleições é apontada como laranja e vira alvo do MPF

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Candidata com voto mais caro das eleições é apontada como laranja e vira alvo do MPF - TSE
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Denunciante alegou que Professora Ébner, que recebeu R$ 201,9 mil para a campanha e converteu em apenas 72 votos, teria contratado como advogado o presidente municipal do partido

Após denúncia, o Ministério Público Federal (MPF) abriu investigação para apurar uma suposta irregularidade na contratação do advogado Murilo Bluma por parte da candidata ao cargo de vereador em Campo Grande, Ebnér Soares Casimiro, do Partido Verde (PV).

Ébner Soares, que concorreu às eleições utilizando como nome “Professora Ébner”, recebeu R$ 201,9 mil do Partido Verde para a campanha eleitoral, mas, nas urnas, converteu a verba em apenas 72 votos. Isso significa que cada voto recebido pela candidata custou mais de R$ 2,8 mil – o mais caro entre os vereadores que disputaram uma cadeira na Câmara Municipal de Campo Grande em 2024.

Segundo o denunciante, Ébner estaria sendo usada como laranja. Isso porque a professora teria contratado, irregularmente, por R$ 20 mil o advogado Murilo Pina Bluma, presidente do diretório municipal e filho do presidente estadual do Partido Verde, Marcelo Bluma.

A denúncia foi feita através da Sala de Atendimento ao Cidadão do MPF, pela internet.

Gastos

Conforme consta no Portal de Divulgação de Candidaturas e Contas Eleitorais (DivulgaCand) do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Ébner recebeu R$ 201.900,00 do partido – sendo R$ 200 mil do diretório nacional -, R$ 3.650,00 em Recursos Estimáveis e R$ 1.750,00 oriundos de doação de Pessoas Físicas.

Destes valores, foram gastos R$ 199.975,83 na campanha. A maior parte do investimento (39,25%) foi com despesas com pessoal, que totalizaram R$ 78.500,00.

Na sequência, aparece “Atividades de Militância e Mobilização de Rua”, que consumiram 30,18% do orçamento da candidata, totalizando R$ R$ 60.350,00.

Em terceiro lugar, está “Serviços Advocatícios”, que custaram R$ 25 mil a Ébner. A maior parte do valor foi direcionado a Murilo Bluma, que foi quem mais recebeu da candidata em toda a campanha.

Presidente estadual do partido foi alvo de denúncias anteriores

Conforme noticiado anteriormente, o candidato a vereador pelo Partido Verde de Dourados, Jeferson José Bezerra, denunciou em setembro deste ano, pouco antes das eleições, o presidente estadual do partido, o ex-vereador Marcelo de Moura Bluma, ao Ministério Público Eleitoral e à Polícia Federal por suposto crime eleitoral.

Ele revelou que Marcelo Bluma teria tentado fraudar o Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC) para ficar com a maior parte dos recursos, deixando de repassar aos demais candidatos a vereadores da legenda no Estado com a alegação de falta de dinheiro.

Na denúncia entregue ao Ministério Público Eleitoral e à PF, Jeferson Bezerra entregou uma gravação de 26 minutos feita pela candidata a vereadora pelo PV em Dourados, Dilvania Todescato, a “Dil da Auto Escola”, em que Marcelo Bluma a orienta a solicitar recurso de R$ 70 mil, sendo que ela ficaria com R$ 10 mil e repassaria o restante para ele.

O candidato Jeferson Bezerra afirmou que o PV tem direito a R$ 931 mil do fundo eleitoral, que deveriam ser distribuídos aos 17 homens e 11 mulheres que concorrem aos cargos de vereadores em 11 municípios de Mato Grosso do Sul.

Porém, assim como ele, nada receberam, enquanto Marcelo Bluma recebeu do FEFC do PV R$ 422.200,00. 

“O Marcelo Bluma tinha me garantido que repassaria do FEFC R$ 150 mil para a minha campanha, mas, depois de um tempo, o valor caiu para R$ 70 mil e, logo em seguida, reduziu para R$ 50 mil. Passados uns dias, a esposa dele, que também é a secretária financeira do PV estadual, pediu um requerimento com o valor de R$ 30 mil. Mais um tempo depois, ele avisou que, como eu sou branco, não teria direito a nenhum recurso”, relatou.

Jeferson Bezerra disse que espera providências da Justiça Eleitoral para que não aconteça mais esse tipo de coisa com outros candidatos do PV. 

“Partido político não pode mais ficar fazendo o que quer. Não podemos permitir que façam isso com o dinheiro do FEFEC, que para financiar campanha eleitoral. Estou fazendo a minha campanha em Dourado sem estrutura nenhuma e espero que a Justiça dos homens ou a de Deus possa punir essas pessoas que estão fazendo coisas erradas”, completou.

O que disse Marcelo Bluma à época

Em resposta, Marcelo Bluma disse que ficou sabendo da denúncia feita por Jeferson Bezerra pela imprensa e esclareceu que os recursos do FEFC estão sendo distribuídos pela Executiva nacional do PV em Mato Grosso do Sul e nas demais Unidades da Federação.

“A nacional do partido está utilizando uma estratégica própria para fazer essa distribuição, seguindo a legislação eleitoral que obriga o cumprimento das cotas de gênero e de raça. A Executiva nacional terá de prestar contas desse dinheiro ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE)”, declarou, reforçando que o dinheiro não vem para a Executiva estadual distribuir.

O presidente estadual do PV acrescentou que, como a parte do FEFC que cabe ao partido é pequena em relação às demais siglas – algo em torno de R$ 45 milhões -, a Executivo nacional está priorizando os candidatos a prefeitos e vice-prefeitos dos municípios acima de 100 mil eleitores e os candidatos a vereadores nas capitais. 

“Por isso, essa denúncia não é real, pois o recurso do fundo eleitoral não veio para a Executiva estadual. O critério é interno e também considero inadequado, defendendo que fosse distribuído a todos os candidatos do PV. Todos os partidos têm candidatos que receberam muito dinheiro, outros que receberam pouco e aqueles que não receberam nada. A lei não obriga uma distribuição equânime”, reforçou.

Marcelo Bluma concluiu, completando que os candidatos que não receberam recurso têm todo o direito de reclamar. “Mas, agora, fazer denúncias vazias não cabem e não fazem sentido. Porém, é normal que eles fiquem aborrecidos, pois o recurso foi para uns, enquanto outros não receberam nada. A regra eleitoral não é tão boa ao deixar só para a nacional fazer essa distribuição e prestar contas”, finalizou.