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’Fecho os olhos e enxergo ele morto’, disse réu à irmã após estrangular Wagner até a morte no Amambai

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(Nathalia Alcântara, Midiamax)
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Menos de um ano depois de matarem Wagner Vicente Pereira da Silva, de 30 anos, Thales Silva dos Santos e Andres Adonios Fajardo encaram júri popular pelo homicídio nesta quarta-feira (6). Sem a presença de Everson dos Santos Alencar, que era companheiro de Wagner e um dos acusados pelo crime, o julgamento ouviu o depoimento de duas testemunhas.

Uma delas foi a irmã de Andres, Francis LLovera. Ela foi uma das peças chaves na descoberta do homicídio, uma vez que o irmão contou sobre o crime.

A irmã dele foi ouvida por videoconferência. Ela relatou que Andres sempre foi muito pequeno sendo grande, por ser muito chorão. “Para mim, era muito difícil acreditar no que ele estava falando. Mas quando ele me falou ‘irmã, me leva na delegacia porque eu fecho os olhos e consigo enxergar aquele homem morto’, ai eu acreditei”, conta a irmã.

Local onde corpo foi encontrado na casa (PCMS)

A irmã explica que Andres estava em um relacionamento com Everson. “Não sei se posso dizer se ele só gostava do Everson ou estava apaixonado”, conta. Ele, por sua vez, se relacionava havia quase 2 anos com a vítima.

A denúncia do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) aponta que os réus mataram Wagner por motivo fútil, sendo vingança por furtos que ele cometia, o assédio e também ameaças. Segundo a irmã, Andres comentou com a esposa dela sobre os assédios de Wagner.

O delegado titular da DHPP, Carlos Delano também foi uma das testemunhas ouvidas. Ele relatou que prendeu primeiramente Andres – com o auxílio das revelações da irmã dele – e Everson, após Andres dar detalhes sobre o crime.

Antes disso, as equipes da DHPP estiveram na casa de Everson, na Rua dos Barbosas, no Bairro Amambai, e encontraram o cadáver de Wagner enterrado próximo ao tanque de lavar roupas.

Conforme Delano, Thales se apresentou um dia depois no 1° Batalhão de Polícia Militar, e deu um depoimento mais detalhado sobre os fatos. O sobrinho de Everson relatou à polícia que na sexta-feira anterior ao crime, que ocorreu no domingo, Everson havia expulsado o companheiro de casa.

Isso porque descobrira sobre os furtos na própria casa. Thales também contou que comentou com a vítima saber das relações sexuais que Wagner mantinha com outros homens.

Wagner, por sua vez, teria ameaçado entregar Thales a um agiota com o qual tinha uma dívida de R$ 250. “Então Thales deu a ideia de matar Wagner, e todos aceitaram”.

Dinâmica do crime

O trio começou a discutir a melhor maneira de praticar o crime. Descartaram facadas, porque ficariam vestígios de sangue, então optaram por asfixiá-lo.

Depois, planejaram a ocultação. Embaixo da cama, teriam que quebrar azulejos, então, descartaram.

No quintal, ficaram com medo de serem flagrados por satelite. Por fim, decidiram enterrá-lo próximo ao tanque, em um local coberto.

Para atrair a vítima, usaram uma mensagem que Everson recebeu no celular, marcando um encontro, ao qual ele atribuiu ao Ronaldo. Everson e Ronaldo começaram a conversar no quarto, os outros dois ficaram do lado de fora, mas entraram depois.

O trio começou a fazer um interrogatório com a vítima sobre todos os ocorridos. No momento em que o Ronaldo confirmou os furtos, o Everson levantou-se e deu um soco na região da orelha do Ronaldo. Andres também bateu nele. Everson pegou o Ronaldo em uma gravata e Andres veio com um cabo de força para estrangulá-lo.

Thales auxiliou, forçando o pescoço com a própria mao.

Ficaram assim ate o Ronaldo desmaiar e cair no chão. Ele estava com a face branca e a língua para fora. Depois, colocaram o pé no pescoço da vítima.

Eles chamaram uma vizinha que teria experiência com funerária para ajudar na ocultação. Ela disse que não queria, depois auxiliou.

Família desaprovava

A denúncia do Ministério Público aponta que a família de Thales era contra o relacionamento com Everson. “Minha esposa é sensitiva e tentou falar para o Andres que o Everson não era uma boa pessoa. Então, eu pedi para ele se afastar. Por isso não aceitávamos o relacionamento dele com o Everson”, explica.

“Nunca foi porque ele é gay. A gente ama ele exatamente como ele é”, esclareceu.