Os pesquisadores querem entender os efeitos do ambiente urbano nos animais, e os trabalhos irão até o dia 15 de novembro
Após monitorar a anta que ficou conhecida como “Duro de Matar”, um macho que é constantemente avistado no perímetro urbano, dois projetos se uniram para capturar e microchipar outros animais.
Essa é a quarta campanha de captura, que teve início no dia 31 de outubro e vai até o dia 15 de novembro.
Participam da ação a Iniciativa Nacional para Conservação da Anta Brasileira (INCAB) e o Instituto de Pesquisas Ecológicas (Projeto Ipê), com uma equipe multidisciplinar.
O objetivo é coletar amostras biológicas para entender a situação de saúde dos animais que circulam em Campo Grande.
A necessidade do Projeto Antas Urbanas surgiu em 2021, devido ao avistamento dos animais na Capital sul-mato-grossense.
A captura está sendo feita com o uso de duas armadilhas, que estão na região do Parque Estadual Matas do Segredo, e já capturou duas antas.
O projeto está ocorrendo de maneira participativa com a população, para o levantamento de avistamentos e coleta de dados, assim como a criação de um grupo no WhatsApp, em que os pesquisadores são informados em tempo real quando uma anta circula pelas ruas da Cidade Morena.
Com isso, a equipe pretende criar um banco de dados de monitoramento da área de circulação dos animais pela cidade.
A anta é o maior mamífero terrestre da América do Sul.
“O Projeto Antas Urbanas começou porque víamos frequentemente notícias na imprensa e recebíamos relatos sobre avistamentos de antas em Campo Grande. Os locais em que esses avistamentos ocorriam, em alguns casos em regiões centrais da capital, foram o que mais nos chamou a atenção”, contou a conservacionista e coordenadora da INCAB-IPÊ, Patrícia Medici, e completou:
“Além disso, o projeto surgiu para aproximar a população campo-grandense da INCAB; afinal, é a cidade onde estamos sediados.”
Antas monitoradas
A anta mais famosa em Campo Grande, que é monitorada pelo INCAB-IPÊ, ficou conhecida como “Duro de Matar”.
O macho, que tem cerca de oito anos, foi a primeira anta urbana capturada pelo projeto.
Duro de Matar foi encontrado com a pata presa em um cabo de aço de caçadores e, após o resgate, foi encaminhado ao Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS).
Muito embora tenha conseguido se recuperar do ferimento que quase arrancou sua perna, os sinais seguem presentes e, por isso, ele caminha mancando, o que acabou virando um fator de identificação tanto para pesquisadores quanto para populares.
Após ser liberado, Duro de Matar foi monitorado por um ano. O outro animal capturado, que recebeu o nome de Morgano, é um macho subadulto que passou por um exame físico completo e ganhou um colar de monitoramento remoto.
Áreas Verdes
O Instituto ressalta que, embora Campo Grande tenha grandes áreas arborizadas, o estudo da condição de saúde das antas é fundamental para entender a exposição da espécie, que está ameaçada de extinção, nesses ambientes.
Elementos como:
- contaminação por químicos;
- poluição e lixo;
- transmissão de doenças para antas expostas a seres humanos e animais domésticos;
- colisão veicular;
- caça;
- ataques de cachorros.
Viu uma anta? Saiba o que fazer:
- Respeite o limite do animal silvestre e mantenha distância;
- Lembre-se de que, embora esteja em perímetro urbano, a anta é um animal selvagem;
- Caso se sinta contida ou ameaçada, pode atacar;
- Não alimente o animal e impeça que outras pessoas façam isso;
- Caso o animal esteja em um local que apresente riscos para si mesmo ou para a população, entre em contato com os órgãos responsáveis – Polícia Militar Ambiental, CRAS ou CETAS;
Caso você veja alguma anta, avise a equipe do INCAB-IPÊ por meio do WhatsApp (67) 99189-7817 ou pelas redes sociais @incab.brasil.