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“Pode falar para seus parceiros até o horário”, disse filho de futuro presidente do TJMS ao prometer decisão 

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Rodrigo Gonçalves Pimentel é filho do desembargador Sideni Soncini Pimentel.
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Os advogados Rodrigo Gonçalves Pimentel e Renata Gonçalves Pimentel, filhos do desembargador Sideni Soncini Pimentel, eleito como presidente para assumir o biênio 2025/2026 do TJMS, são considerados pela polícia federal atores-chave do suposto esquema de venda de decisões judiciais no Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, investigado na operação Última Rádio. Eles são apontados no inquérito como intermediadores das negociações.

Mensagens trocadas pelo advogado revelam combinações junto a magistrados e a certeza de que as decisões compradas seriam proferidas nos termos encomendados.

Em uma das conversas com o também advogado Felix Jayme Nunes da Cunha, Rodrigo promete: “Vai sair hoje!! Certeza!! Perto das 6 da tarde!! Pode falar para seus parceiros aí até o horário pra ver que temos o controle.”

Segundo a PF, a mensagem faz referência a uma decisão do desembargador Luiz Tadeu Barbosa da Silva, assinada no dia 7 de março de 2016, que autorizou o levantamento de valores depositados judicialmente.

Em outro diálogo, Cunha questiona sobre mudanças no voto de um magistrado, dando a entender que a decisão havia sido combinada previamente. Rodrigo responde: “fica tranquilo”.

O inquérito aponta ainda uma “proximidade” entre as famílias dos desembargadores Vladimir Abreu da Silva e Sideni Soncini Pimentel. De acordo com as investigações, o escritório de advocacia dos filhos de Vladimir, Machado Abreu Advogados Associados, funciona no mesmo endereço do escritório de advocacia do filho de Sideni, Rodrigo Gonçalves Pimentel.

A investigação destaca que além dessa evidência, em pesquisas no sistema do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul foram identificados diversos processos julgados pelo desembargador Sideni nos quais atuaram como advogados os filhos do desembargador Vladimir e vice-versa.

Rodrigo Gonçalves Pimentel foi citado diversas vezes no inquérito da Polícia Federal que investiga o caso. Um dos aspectos investigados, de acordo com o inquérito, é o do aumento “repentino” dos seus recebidos.

Segundo a investigação, ele declarou no ano de 2017 ter recebido como rendimento anual o valor total de R$ 52,5 mil, enquanto em 2022 declarou o valor de R$ 9,2 milhões, o que mostra que no período de seis anos ele aumentou sua remuneração em 174 vezes.

Durante a operação, deflagrada pela Polícia Federal (PF) em parceria com a Receita Federal foram apreendidas diversas armas na casa de dois desembargadores. Além disso, foram encontrados mais de R$ 3 milhões em espécie. Somente na casa de um dos investigados, foram encontrados R$ 2,7 milhões.

Ao todo, foram cumpridos 44 mandados de busca e apreensão expedidos pelo Superior Tribunal de Justiça em Campo Grande, Brasília (DF), São Paulo (SP) e Cuiabá (MT).

Os 5 magistrados afastados terão que usar tornozeleira eletrônica e estão proibidos de acessarem as dependências dos órgãos públicos e de se comunicarem com outras pessoas investigadas. Eles foram afastados pelo STJ, pelo prazo inicial de 180 dias.

Também foram afastados o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado de MS Osmar Domingues Jeronymo e seu sobrinho, também servidor do TJ-MS, Danillo Moya Jeronymo. Também são investigados um juiz de primeira instância, dois desembargadores aposentados e um procurador de Justiça.