Para o infectologista Julio Croda, falta objetividade nas propostas de Adriane Lopes e Rose Modesto, as quais, no último domingo deste mês, disputam o segundo turno à Prefeitura de Campo Grande
Foi convidado pelo jornal Correio do Estado um especialistas para avaliar os planos de governo das duas candidatas à Prefeitura de Campo Grande que disputarão o segundo turno no dia 27.
Na primeira reportagem desta série, convidamos o médico infectologista Julio Croda, professor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), para analisar as propostas da atual prefeita e candidata à reeleição, Adriane Lopes (PP), e da ex-deputada federal Rose Modesto (União Brasil).
A saúde, conforme indicam pesquisas de opinião, está entre os maiores problemas a serem resolvidos pela futura gestão. Para Croda, que ganhou notoriedade na opinião pública durante a pandemia de Covid-19, os planos de governo das duas candidatas para o setor carecem de objetividade.
“Achei os dois planos muito fracos, não trazem metas claras. Quantas novas UBS [Unidades Básicas de Saúde]? Quantas reformas? Quando vai entregar o Hospital [Municipal de Campo Grande]? As duas propostas trazem a questão desse hospital, mas ele vai ter PPP [parceria público-privada]? Como resolver o problema crônico da Santa Casa e do Hospital Regional, que são pactuados pela macro?”, questionou o médico a respeito das iniciativas apresentadas pelas candidatas.
Em entrevista ao Correio do Estado, Croda ainda pontuou que faltou os planos de governo responderem essas questões e se aprofundarem realmente nas soluções aos problemas de saúde da Capital, como as cirurgias eletivas e os exames represados e a informatização do sistema de saúde de Campo Grande, que para o especialista são três problemas centrais da cidade.
“São planos similares, mas pouco objetivos. Não estabelecem metas claras, não trazem inovação para a gestão em saúde. A saúde digital foi pouco abordada nas duas campanhas”, acrescentou Croda.
A respeito da vacinação, o médico infectologista ainda questionou a sobre o aumento da cobertura vacinal, de quando isso de fato acontecerá e quais vacinas serão as prioritárias para esse objetivo ser atingido.
PLANOS DE SAÚDE
O programa de governo da candidata Rose Modesto traz como propostas principais o fortalecimento da atenção e do atendimento à saúde, a implementação de uma central de telemedicina para atendimentos especializados, a modernização da infraestrutura das unidades de saúde e a implementação de uma central de compras específica para a área da saúde, buscando atender às demandas de forma mais ágil e eficiente.
No quesito fortalecimento da atenção e dos atendimentos à saúde, estão subitens que abrangem desde a ampliação da rede de UBS, a agilidade da triagem de urgência e emergência, os mutirões para atender à fila de espera, a ampliação do atendimento odontológico até a ampliação de leitos hospitalares e de atendimentos ambulatoriais.
Na saúde mental, Rose promete ampliar o atendimento psicossocial para a comunidade por meio da reestruturação dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps), além de qualificar as ações em saúde mental, garantir a reabilitação psicossocial, ampliar o cuidado com pessoas com transtorno do espectro autista (TEA), reduzir danos e prevenir suicídios visando a inclusão da população LGBTQIAPN+, negra, em vulnerabilidade social e com deficiência e dos povos originários.
A ex-deputada federal ainda propõe a modernização da infraestrutura das unidades de saúde, com a aquisição de novos equipamentos e insumos, e a instituição do Hospital Municipal com um centro diagnóstico.
Já Adriane Lopes promete a ampliação de equipes para o fortalecimento da atenção básica, a utilização da tecnologia como ferramenta de agilidade, o investimento em capacitação e a valorização dos profissionais da saúde.
Para a melhoria do atendimento de urgência e emergência, a atual prefeita pretende “investir na atenção primária como ordenadora do sistema de gestão de filas e fortalecer
o trabalho em rede com as instituições contratualizadas”.
Além disso, ela propõe “implementar a transparência das demandas de procedimentos em filas únicas com critérios claros e publicizados” e promover “a capacitação de profissionais, adotando protocolos de atendimentos eficazes e implantando o novo Centro de Reabilitação Psicomotora e de Saúde Digital”.
Adriane promete ainda colocar em operação o Hospital Municipal de Campo Grande, promover campanhas de vacinação e prevenção de doenças, garantir o acesso de medicamentos à população, implementar o Saúde Digital para facilitar a consulta com farmacêuticos, informatizar todas as unidades de saúde, ampliar
a telessaúde, fortalecer a vigilância epidemiológica, entre outras iniciativas.
Conteúdo retirado do Correio do Estado.