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Procuradoria afirma que não há investigação contra Beto em desvio no Detran

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Candidato do PSDB, Beto Pereira.
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O candidato do PSDB à Prefeitura de Campo Grande, Beto Pereira, apresentou requerimento à Procuradoria-Geral de Justiça solicitando informações sobre existência de proposta, tramitação ou acordo de delação premiada sobre fatos envolvendo seu nome no Ministério Público Estadual.

Em resposta, o procurador-geral de Justiça, Romão Ávila Milan Junior, afirmou que David Cloky Hoffaman Chita, foragido da Justiça, apresentou requerimento à Procuradoria-Geral de Justiça, manifestando interesse na celebração de colaboração premiada, solicitando, para tanto, a designação de Membro do Ministério Público Estadual, sob a alegação de que responde a ações penais e é investigado pela prática de crimes do art. 133-A do Código Penal em Rio Negro, Ponta Porã, Campo Grande e Miranda. Todavia, segundo o procurador, “não há menção a nenhum fato envolvendo o ora requerente – Humberto Rezende Pereira, sequer havendo menção a seu nome no sobredito documento”.

O procurador pontua que o pedido formulado por David Cloky Hoffaman Chita fora feito sob sigilo e que a legislação institui a obrigatoriedade de sua observância por todas as partes envolvidas. Entretanto, pondera que o próprio David Cloky Hoffaman Chita reportou à imprensa acerca do requerimento realizado, inclusive com divulgação de vídeo a respeito.

“Desta forma, visando atender à solicitação ora apresentada e à vista do contido no pedido formulado pelo pretenso colaborador, importa informar que inexiste, no âmbito da Procuradoria-Geral de Justiça, proposta, tramitação ou acordo de colaboração premiada oriunda do requerimento formulado por David Cloky Hoffaman Chita, bem como que informar que no referido documento não houve a menção a fato criminoso envolvendo a pessoa de Humberto Rezende Pereira”, afirma o procurador.

Em nota, a candidatura de Beto Pereira questionou a reportagem do Jornal Midiamax, que apresentou vídeo com o foragido, afirmando que repassou dinheiro de esquema de corrupção para campanha de Beto.

Abaixo nota da assessoria de Beto Pereira:

“O documento expedido hoje pelo MPE-MS é uma pá de cal no estratagema desenhado por opositores de Beto Pereira, com o auxílio pouco democrático de um site de notícias da capital e de uma cabeça coroada do TCE-MS, para prejudicar sua imagem junto ao eleitorado da capital.

Para relembrar o caso: o despachante David Cloky Hoffaman Chita é um foragido da Justiça, com mandado de prisão decretado por envolvimento em esquemas de corrupção no Detran-MS. Ele é investigado por participar de um esquema de propina e fraude no sistema de cadastro de veículos, onde documentos eram “esquentados” em troca de pagamentos indevidos. Essas práticas ilícitas já haviam sido denunciadas em 2020 pela Operação Gravame, que expôs irregularidades no órgão.

Acusado de liderar o esquema de desvio de verbas, Chita tem tentado um acordo de delação premiada. No entanto, segundo o site de notícias Midiamax, o despachante teria envolvido o nome de Beto Pereira no esquema, afirmando que o candidato seria o chefe da suposta quadrilha e que utilizaria os recursos desviados para financiar sua campanha à Prefeitura de Campo Grande.

O MPE-MS negou definitivamente estas afirmações. “No sobredito requerimento não há menção a nenhum fato envolvendo o ora requerente – Humberto Rezende Pereira, sequer havendo menção a seu nome no sobredito documento”, afirma o Procurador-Geral de Justiça, Romão Avila Milan Junior.

Agora resta saber quem mentiu. David Cloky Hoffaman Chita tentou enganar o site Midiamax? O site Midiamax tentou enganar a população para interferir no processo eleitoral? Ou, tanto o despachante quanto o veículo estão em conluio para macular as eleições municipais em Campo Grande?”, diz a nota da assessoria do candidato.

Desvio no Detran

Há três meses, a reportagem do InvestigaMS destacou, com exclusividade um novo esquema de corrupção no Detran, onde o despachante David Cloky Hoffaman usava uma servidora que, ironicamente, trabalhou na Corregedoria do Detran para realizar desvios.

O novo esquema foi denunciado após um boletim de ocorrência registrado por um servidor, denunciando irregularidades na liberação e restrições administrativas de veículos no sistema de informações do Detran. A suspeita inicial surgiu quando o comunicante, que estava respondendo pela Direção da DIRVE, recebeu um telefonema de um advogado, que agradeceu pela remoção de uma restrição veicular. O servidor negou ter realizado tal ação, causando-lhe estranheza, pois estava acompanhando o trâmite de um pedido protocolado pelo advogado, ainda sem andamento.

O caso desencadeou a investigação interna, revelando 29 liberações irregulares de restrição em um curto período, com destaque para 27 delas associadas ao login do servidor, em um dia que ele não estava disponível para tal ação, indicando possíveis fraudes. Destas, 26 em um período de apenas uma hora.

A investigação apontou que Y. O. C. estaria usando o computador. Este servidor que fez a denúncia recordou que usou a senha dele pessoal neste computador para atender esta servidora, que gostaria de acompanhar os débitos de uma amiga.

No decorrer da investigação, a polícia percebeu que 25 baixas foram realizadas por David Hoffamam Chita, e uma por H. R.. Segundo a investigação, há fortes indícios da relação dos despachantes com as baixas indevidas, visto que, coincidentemente, os veículos tiveram documentos baixados no dia anterior.

Outras duas ocorrências de baixas indevidas foram anotadas em 15 de fevereiro, quando o servidor também acessou o computador da servidora, para ensinar uma função.

Cobrança de R$ 10 mil pela baixa

Um dos proprietários de veículos com restrições baixadas indevidamente recebeu ligação de um despachante de São Paulo, identificado como Charles, cobrando R$ 10 mil para regularização do veículo. Esse proprietário então contratou um advogado, que acionou o Detran para pedir a regularização, no dia 16 janeiro. Ocorre que, um dia após a retirada, no dia 16 de fevereiro, ele recebeu nova ligação, ameaçando retornar a cobrança, caso não recebesse os R$ 10 mil.

O despachante, que se identificou como Charles, disse que se não recebesse, não teria dinheiro para “pagar os caras”, o que no entendimento da polícia, indica presença de outros comparsas na efetivação da fraude. A polícia comparou as vozes e percebeu indícios robustos de que o autor da mensagem de voz seria David Chita.

“Assim, de maneira ainda mais clara, foram identificadas suspeitas de envolvimento do despachante David. Apenas pelo áudio constamos a existência de fortes indícios da participação de David nas baixas indevidas de restrições no sistema, na cobrança de valores de proprietários de veículos e pagamento de outros comparsas para a efetivação da fraude”, relatou a polícia.

Relacionamento afetivo

Segundo a investigação, havia relacionamento afetivo entre a servidora e Chita, bem como vantagens e valores pagos, com utilização de pessoas interpostas para o recebimento de transferências bancárias.  A amiga da servidora, que ela teria feito consulta veicular, entregou o relacionamento dos dois, mais tarde comprovado por fotos de WhatsApp.

A amiga, inclusive, confidencia como a servidora estaria sendo pressionada por Chita para conseguir um acesso. Ela chegou a gravar ele com outra pessoa no telefone, alegando ter perdido R$ 100 mil.

Segundo a amiga, a servidora ganhou vários presentes, incluindo iphone 15 Pro Max, entregue no Detran, ar-condicionado, televisão, anel, ursos etc.  Esta amiga, inclusive, emprestou a conta para que a servidora recebesse valores em pix, sendo três, em um total de R$ 7,8 mil, em nome do enteado de David Chita.  

Durante as investidas, a servidora e também amante, tentou diversos acessos e inclusive usou, indevidamente, senha de delegados.

David Chita e outros crimes

A polícia destacou o envolvimento pretérito de David Cloky com outras fraudes no DETRAN. Inclusive, a fraude que é apurada no presente procedimento tem como origem a repressão de fraude vultuosa, que envolveu mais de 2000 veículos, de acordo com a COTRA, relacionada a regularização indevida de caminhões com quatro eixos, antes da regulamentação.

As fraudes apuradas no presente procedimento consistem em um aprimoramento da fraude pelos despachantes e servidores do DETRAN. “Não satisfeitos em emitir o documento fraudulentamente na origem, com a repressão e inclusão das restrições, os criminosos especializaram-se e agora estão obtendo lucro através da retirada indevida das restrições”, denunciou.

Nas investigações iniciais, já há indícios da participação de David, na emissão fraudulenta dos documentos. Essa informação foi destacada no relatório da COTRA que apontou que David teria sido responsável pela emissão da guia de pelo menos 5 dos veículos envolvidos no esquema. Esse fato encontra-se em investigação na 2ª Delegacia de Ponta Porã. Nos autos dessa investigação, David foi alvo de medida cautelar de busca e apreensão, conforme consta nos autos 0000430-79.2023.8.12.0019. Essas apurações indicam o profundo envolvimento de David em fraudes relacionadas ao DETRAN, com a participação direta de servidores. E esse envolvimento não é recente.

O investigado consta como réu em duas ações penais, denunciado justamente pelo crime de inserção de informações falsas nos sistemas do DETRAN (art. 313-A do Código Penal), com a participação de servidores do órgão, em processos tramitam sob os números 0045516-40.2017.8.12.0001 33.2015.8.12.0001. e 0013414

“Dessa maneira, é evidente que as fraudes são a própria essência das atuações de David. Muito mais do que apenas reiterar na conduta delitiva, mesmo respondendo a ações penais, sofrendo medidas cautelares, o investigado continua a se aperfeiçoar e a lucrar em cima dos esquemas ilícitos”, diz a denúncia.

David Hoffamam  também foi envolvido  em processo na 4ª Vara Criminal de Campo Grande, sobre suposto roubo de R$ 300 mil, em 27 de novembro de 2017. Ele seria um dos intermediadores do suposto roubo. Segundo denúncia do Ministério Público, o dinheiro seria usado para comprar o silêncio do corretor de gado José Ricargo Guitti Guímaro, o “Polaco”, que na época, segundo MPE, ameaçava fazer delação premiada para entregar o esquema envolvendo políticos e empresários, sobre propina da JBS, na Operação Vostok.