A partir de agora, as pessoas que usam a profilaxia pré-exposição ao HIV (PreP), de 15 a 45 anos, poderão se vacinar contra o HPV
Nesta quarta-feira (3), o Ministério da Saúde anunciou a ampliação do público que recebe a vacina contra HPV (Papilomavírus Humano). A partir de agora, as pessoas que usam a profilaxia pré-exposição ao HIV (PreP), de 15 a 45 anos, poderão se vacinar contra o HPV. Em Mato Grosso do Sul, cerca 1,4 mil podem ser beneficiados com ampliação da vacina contra HPV.
Conforme divulgado pelo Governo do Estado, até o fim de 2023, cerca de 1.444 pessoas procuraram por pelo menos uma retirada de PrEP em MS.
“Esse é mais um importante recurso para prevenir essa infecção sexualmente transmissível e cânceres associados a ela”, escreveu a ministra da saúde, Nísia Trindade, nas redes sociais.
Conforme divulgação do ministério, a medida foi implementada pensando no público que procura pela PrEP, que costuma apresentar maior risco de infecção pelo HPV.
O diretor do Departamento de HIV, Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e ISTs da SVSA (Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente), Draurio Barreira, explica que oportunizar o acesso à vacina HPV4 para usuários da PrEP é uma ação com impacto na prevenção das neoplasias relacionadas ao HPV para populações de maior vulnerabilidade às ISTs.
“Até março de 2024, 82% das pessoas que estavam em uso de PrEP eram homens que fazem sexo com homens e 3,2% mulheres trans e travestis. Sabemos que diversas barreiras relacionadas aos determinantes sociais, em especial ao estigma, tornam esses segmentos populacionais mais vulneráveis ao HIV, às ISTs e aos cânceres causados por HPV”, detalhou.
Imunização
Uma forma segura e eficaz de prevenção da infecção é a vacinação. O SUS oferece o imunizante quadrivalente (HPV4), que protege contra as principais complicações da doença. A
Atualmente, o público-alvo é composto por crianças e adolescentes de 9 a 14 anos, no esquema de dose única; pessoas de 9 a 45 anos que vivem com HIV e Aids; pacientes oncológicos, pessoas com papilomatose respiratória recorrente (PRR), e transplantados com três doses; e pessoas de 15 a 45 anos imunocompetentes vítimas de violência sexual.
De acordo com a RNDS (Rede Nacional de Dados em Saúde), desde o início da vacinação contra o HPV no SUS, em 2014, 75,8% do público feminino tomou a primeira dose e 58,2% tomou a segunda em todo o Brasil.
O registro de imunização do sexo masculino, que começou em 2017, está em 53,1% na primeira dose e 33,2% na segunda. Os dados são disponibilizados pelos estados e municípios e podem sofrer alterações conforme o sistema é alimentado.
O esquema de dose única para crianças e adolescentes imunocompetentes foi adotado recentemente pelo Ministério da Saúde. Dessa forma, a ideia é intensificar a proteção contra o câncer de colo do útero e outras complicações associadas ao vírus.
A estratégia segue as recomendações mais recentes da OMS (Organização Mundial da Saúde) e da Opas (Organização Pan-Americana da Saúde). Assim, a pasta dobra praticamente a capacidade de imunização dos estoques disponíveis no país.
Entenda o que é a PrEP
A PrEP é uma das formas de prevenir a infecção pelo HIV, caso ocorra exposição ao vírus. Para isso, é necessário tomar diariamente uma pílula que contém dois medicamentos: tenofovir e entricitabina. No entanto, é importante ressaltar que a profilaxia pré-exposição não impede a infecção por outras ISTs.
O medicamento é indicado para pessoas a partir dos 15 anos, sexualmente ativas, que apresentam risco aumentado para aquisição da infecção pelo HIV. Pode ser prescrita por enfermeiros, farmacêuticos e médicos da atenção primária à saúde ou dos serviços especializados. Atualmente, existem 939 unidades dispensadoras (UDMs) de PrEP em 540 municípios brasileiros.
Em março de 2024, aproximadamente 84.926 pessoas usavam a PrEP. Destes, 82% são homens que fazem sexo com homens, 3,2% mulheres trans e travestis, 6,7% homens cisgêneros heterossexuais e 5,8% mulheres cisgêneros.
O acesso à vacina contra o HPV para os usuários de PrEP é uma ação de impacto na prevenção de neoplasias nas populações desproporcionalmente afetadas, como gays e outros homens que fazem sexo com homens (HSH) e as mulheres trans. Além disso, a ampliação não afeta o público inicialmente contemplado.