Bairros mais afastados e carentes de infraestrutura são usados para guardar droga antes do destino final
A rota do tráfico de drogas no Brasil passa por Mato Grosso do Sul. O estado é entreposto para as principais ‘linhas de distribuição’ e os traficantes usam rodovias federais, estaduais, cabriteiras e pistas de pouso clandestinas. Assim, boa parte das drogas entra no país a partir da Bolívia e do Paraguai pela fronteira com MS.
E a capital sul-mato-grossense, Campo Grande, com quase 900 mil habitantes e no centro do território virou um dos entrepostos para a logística do narcotráfico no coração da América do Sul. Além disso, MS faz divisa com cinco estados brasileiros: Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais, São Paulo e Paraná.
Ou seja, na rota do tráfico, é a melhor posição geográfica para escoar entorpecentes Brasil afora.
A PRF (Polícia Rodoviária Federal) costuma fazer a apreensão desses entorpecentes nas rodovias, já que é o principal meio dos traficantes escoar a droga. Já em Campo Grande, o combate é comandado pela Denar (Delegacia de Repressão ao Narcotráfico), além das outras forças policiais que auxiliam nas apreensões e prisões de traficantes.
Depósitos da rota do tráfico na Capital de MS
A droga, quando chega a Campo Grande, fica em entrepostos, que são locais para armazenamento até que seja encaminhada ao destino. Esses locais normalmente são galpões e residências nas regiões mais afastadas.
Segundo o delegado titular da Denar, delegado de polícia Hoffman D’Ávila, os traficantes optam por bairros mais ermos, algumas vezes carentes de infraestrutura, sem grande movimento, para também não chamarem atenção.
Os bairros mais afastados do Centro e que ficam nas saídas da cidade, por exemplo, são Moreninhas, Nova Lima, Nova Campo Grande e Noroeste, assim formando os quatro cantos da Capital – claro que não é regra.
O trabalho da Denar tem o foco de barrar o tráfico formiguinha, que é o tráfico doméstico, ou seja, a droga que circula nos bairros em bocas de fumo. Porém, grandes quantidades de entorpecentes acabam apreendidas.
Em 2022, por exemplo, quando a Denar fez a maior apreensão de cocaína dentro de Campo Grande. Na época, o tráfico de 500 quilos de cocaína, uma carga milionária, acabou barrado. A maior apreensão de maconha foi de 6 toneladas.