O motoqueiro que matou outro durante um evento de manobras na madrugada de domingo (2), no autódromo em Campo Grande já havia sido preso “dando grau” na moto. Lucas Eduardo de Oliveira Dihl passou por audiência de custódia nesta segunda-feira (3) e vai responder pelo homicídio em liberdade.
O outro caso aconteceu em março de 2022. Lucas estava com outros motociclistas em Corguinho, quando foram denunciados à polícia. Eles foram liberados após assinar um Termo Circunstanciado de Ocorrência.
Lucas tinha 18 anos quando foi parar na delegacia pela primeira vez por fazer “zerinho” e “dar grau” com a moto. Na ocasião, por volta das 10h30, a Polícia Militar foi informada sobre um grupo de motoqueiros que estava empinando motos na saída de Corguinho, em direção a Rio Negro.
Quando os policiais chegaram, alguns motoqueiros conseguiram fugir. Lucas foi detido com outros dois jovens de 20 e 21 anos por “participar de exibição ou demonstração de perícia em manobra de veículo automotor, não autorizada pela autoridade competente, gerando situação de risco a incolumidade pública ou privada”.
Como este tipo de crime tem uma pena menor, ele não chegou a ficar preso e seguiu com a prática, postando inclusive nas redes sociais.
Histórico
Em uma imagem compartilhada em seu perfil, Lucas aparece empinando a moto com apenas uma mão no guidão, enquanto faz um sinal com a outra mão. A legenda diz “Vivendo um sonho”.
Em outra foto, ele é visto “dando um grau” na moto, com a roda dianteira completamente empinada, uma mão no guidão e a outra no asfalto.
Ele também compartilha memes que comemoram e brincam com a situação, mostrando motos danificadas na parte traseira, uma indicação de prática do “dar grau”. No processo de Corguinho, há imagens das motos apreendidas com sinais semelhantes.
Assumiu o risco
Na madrugada deste domingo (2) durante um evento de manobras no Autódromo de Campo Grande, Lucas perdeu o controle da direção e atingiu a moto em que Nicholas Yann dos Santos de Jesus, de 20 anos, estava. O rapaz chegou a ser socorrido, mas não resistiu ao ferimento.
Lucas e a jovem que estava na garupa da moto dele tiveram ferimentos leves. Ela foi para um posto de saúde. Ele foi levado para a Santa Casa e havia acabado de receber alta quando foi abordado por investigadores da DHPP (Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa).
Em seu interrogatório, Lucas admitiu que estava empinando a moto com uma mulher na garupa e contou que havia ingerido um copo de bebida alcoólica antes do evento. Disse ainda que estava usando capacete, mas não viu a outra moto que vinha no sentido contrário justamente porque estava com a moto empinada. Ele aceitou fazer o teste do bafômetro, mas como havia bebido muitas horas antes, o resultado não acusou a presença de álcool.
Lucas vai responder por homicídio simples, lesão corporal culposa na direção de veículo automotor e por inovar artificiosamente em caso de acidente automobilístico, que, em outras palavras, é tentar enganar a polícia.
O delegado que atendeu a ocorrência, Felipe Madeira, indiciou Lucas por homicídio com dolo eventual. Isto porque, para o delegado, Lucas assumiu o risco de matar ao empinar a moto em uma roda com uma passageira na garupa, o que aumentou a dificuldade da manobra e a possibilidade de ele perder o controle da direção.
O organizador do evento também deve responder pelo crime, mas ele ainda não foi encontrado pela polícia.