A FFMS (Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul) recebeu R$ 1,2 milhão em recursos estaduais pouco mais de dois meses antes de ser alvo da Operação Cartão Vermelho, desencadeada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), na manhã desta terça-feira (21).
A federação e o presidente Francisco Cezário de Oliveira, que está há 26 anos no comando da instituição, são suspeitos dos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.
Equipes do Gaeco cumprem mandados de busca e apreensão na sede da federação, em Campo Grande, e na casa de Cezário.
Anualmente, a federação de futebol recebe repasses estaduais, da Fundesporte (Fundação de Desporto e Lazer de Mato Grosso do Sul) e federais, da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), para realização de campeonatos e repasse de recursos para os times federados, que também participam de competições nacionais, como a Copa do Brasil.
O Portal da Transparência do Governo do Estado revela que a Fundesporte pagou R$ 1,2 milhão à FFMS no último dia 5 de março de 2024. O valor é referente ao convênio para a realização da série A do Campeonato Sul Matogrossense de Futebol 2024.
O pagamento feito pela Fundesporte aconteceu quase dois meses depois da assinatura do termo de fomento Nº 001/2024-PROCESSO n. 85/010.348/2023, que estabeleceu a parceria entre o Estado e a federação de futebol para a realização do Estadual de 2024.
Confira abaixo a ordem de pagamento à Federação de Futebol:
Na edição deste ano, que terminou no mês passado, o Operário se sagrou campeão estadual. A partida final aconteceu no estádio das Moreninhas, em Campo Grande, porque o principal estádio do Estado, o Morenão, está fechado há dois anos.
Operação Cartão Vermelho
Conforme informações apuradas, a Operação Cartão Vermelho tem objetivo de investigar crimes de lavagem de dinheiro e desvio de dinheiro da federação, que recebe recursos do Estado e da CBF.
Na sede da FFMS, equipes do Gaeco estão desde as 6h, mas até às 8h ainda não havia ninguém no local. Também há equipes em frente à casa do mandatário. Quatro viaturas descaracterizadas estão no local.
Cezário está há 26 anos à frente da entidade. Foi reeleito em 2023 para novo mandato que termina somente em 2027.
Os advogados da FFMS, André Borges e Julicezar Barbosa, estão acompanhando a ação e emitiram nota: “Nessa fase qualquer investigação é sempre unilateral; logo ela será submetida ao necessário contraditório; devemos aguardar os esclarecimentos, que serão prestados, oportunamente”.
Ainda conforme André Borges, a defesa irá protocolar procuração nos autos para ter acesso ao conteúdo das investigações.