O livro é do escritor Henrique de Medeiros, atual presidente da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras
O azul invisível do mês que vem, mantendo a persiana fechada para não deixar a luz do sol entrar, sentindo os objetos de uma cinza cor, junta o ambiente ao pensamento em nó na parede gelo, lisa, sem mensagem. Cenas se passam em sequência turva, preto e branco, em colorido. Então me sacodem a cabeça palavras soltas da noite de terça, fotografia no almoço de sexta, a porta aberta de uma semana atrás, trancada na tarde de um dia bruto, com as mensagens do cotidiano. A violência dos dias escuros e longos me impedindo de pegar e ver o azul invisível do mês que vem.
O trecho acima é do livro “Nadas em Busca dos Tudos”, do escritor Henrique de Medeiros, atual presidente da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras. A obra apresenta poesias que trazem reflexões sobre a vida.
Os poemas reúnem todas suas obras com uma pitada de antologia poética sobre o contexto moderno urbano.
“A ideia foi pegar realmente os livros todos e, de certa forma, não digo reescrevê-los, mas adaptá-los a uma linguagem uníssona. E também, com isso, eu fui mudando textos, fui mudando palavras, fui mudando sequências, e houve uma, eu acredito que deu uma unidade muito boa. Eu fiz com que eles tivessem uma certa modernidade e uma linguagem mais gostosa, mas tendo a ver com o meu texto hoje”.
O livro Nadas em Busca dos Tudos tem 352 páginas com versos que criam reflexões do cotidiano.
Dores em cores é preciso decifrar por ar, terra, mar, possibilidades do encontrar motivos do continuar. Chutar a bola, correr atrás, buscar pelas luas inventadas, desculpas, culpas, fantasias, enganar por mais uns dias. Procurar entre ruínas dos corpos, mentes, pequenas ruelas, saídas que suplantem encalhados momentos de atos banais que, do nulo, modifiquem o comum em intervalos dos entreatos, inventando crenças próprias, particulares, que venham a fazer com que as dores se transformem em cores.
No prefácio do livro, há um espaço de puro orgulho: um texto escrito em 1996 por Manoel de Barros a Henrique de Medeiros.
“Quando a gente lança um livro, o que a gente gosta, o que a gente sempre quer, é que pelo menos alguns dos poemas impactem, as pessoas se identifiquem com alguma coisa que você escreve, com algum texto, algum tema que você mantenha. É muito gostoso, a gente tem uma produção nova. Essa é uma produção que é de qualquer união de trabalhos, mas que tem uma nova roupagem. Eu estou otimista, tomara que as pessoas gostem, as pessoas curtam, as pessoas se encantem com alguns textos, que é o que a gente curte”.
Diz o autor.